Um alimento volumoso de qualidade pode minimizar os altos custos de concentrado, mas essa é uma questão que requer muitos cuidados para não comprometer a qualidade e a produtividade do rebanho.
Suplementar as vacas com concentrado ou um volumoso de qualidade já é suficiente.
A vaca, como animal ruminante, tem algumas vantagens em termos de alimentação, e a principal vantagem é o fato dela aproveitar os alimentos mais fibrosos, como as forragens, e transformar isso em nutrientes utilizáveis por ela. A alimentação em qualquer sistema de produção tem um custo bastante representativo no bolso do produtor, e como a vaca aproveita a forragem e transforma em nutrientes e as bactérias do rúmen tem um papel muito expressivo nisso, as forragens passam a ter um grande valor econômico, mas devemos lembrar que a medida que queremos evoluir o rebanho em termos de produtividade, os volumosos como feno, silagem, capim, por si só podem não ser suficiente para essa maior produtividade, e então devemos pensar em termos de dieta total, além da forragem, deve-se fornecer um concentrado, um mineral, e em alguns casos até mesmo vitamina.
Não existe receita de bolo para uma dieta ideal, com por exemplo uma dada porcentagem de concentrado e outra porcentagem de volumoso, a dieta ideal é específica para cada categoria animal, pois cada uma tem suas próprias necessidades, de forma que um bom plano nutricional deve ser baseado nos requerimentos nutricionais, como proteínas, energia, minerais e vitaminas, e também no valor químico de cada um desses nutrientes. Os requerimentos para uma vaca de leite são diferentes do que para novilhas e bezerras, e o mesmo também vale para vacas secas e vacas em lactação, que também exigem dietas diferentes. Dentre as vacas que estão em produção, aquelas de maior produtividade irão exigir maiores requerimentos do que as vacas de menor produção.
Um outro ponto importante na relação entre concentrado e volumoso é a questão do custo, e devemos nos perguntar quanto de produção de leite queremos a mais dos animais, e por conseguinte qual será o investimento de concentrado necessário para alcançar essa meta, e o leite a mais deve pagar esse investimento extra realizado.
Uma constante no dia a dia do produtor é como reduzir custos sem comprometer a produtividade, e um exemplo claro é uma dúvida muito familiar, afinal de contas, deve-se realizar a suplementação das vacas com concentrado ou um volumoso de qualidade já é suficiente. A resposta não é simples, e a decisão depende também da análise de alguns fatores, e de maneira geral, para compensar, a suplementação deve melhorar o retorno sobre o custo da alimentação, ou seja, com um investimento feito a mais em concentrado, o aumento de produção deve aumentar o lucro. Não adianta produzir mais leite, se o dinheiro investido no concentrado for maior que o lucro obtido com a venda do leite produzido a mais.
A principal diferença entre um alimento concentrado e um volumoso, está no teor de FDN, que é a fibra alimentar, constituída pela celulose, hemiceluose e a lignina, os alimentos volumosos tem um teor de FDN mais altos que os alimentos concentrados, e esse valor para os volumosos é geralmente em torno de 45% a 50%, nas forrageiras tropicais, como a silagem de milho ou até mesmo o capim, esse valor ultrapassa 70%, e nos concentrados o teor de FDN é bem mais baixo, em torno de 20%.
De acordo com pesquisadores da Embrapa, na maior parte das vezes, sempre que o custo do concentrado for até no máximo 85% do preço do leite, a suplementação compensa desde que o manejo das vacas e do pasto seja muito bom, além do ganho direto, se a suplementação for bem feita, também é permitido um aumento na taxa de lotação dos pastos, o que favorece à produção de maior volume de leite utilizando a mesma área.
O uso de volumosos tem que ser bem avaliado para não se perder em qualidade e produtividade, reduzir os custos de alimentação tem de ser uma estratégia bem planejada e calculada para que o produto saía ganhando de várias formas.
A utilização de um volumoso de má qualidade requer que se gaste mais com concentrado, porém, o impacto do concentrado também depende de qual tipo é utilizado, logicamente concentrados a base de milho e de soja são excelentes, uma alternativa é utilizar também concentrados baseados em soja-grão, ou seja, com pedaços de soja.
Aproveitar o máximo as características nutricionais de cada volumoso, e também saber comprar bem de acordo com a oferta regional, podem ser receitas de sucesso na formulação de dietas. O produtor que utiliza um volumoso com alto valor nutricional e formula concentrados para formar uma dieta com melhor custo benefício, consegue perfeitamente ser competitivo na produção de leite.
Os principais volumosos que normalmente se tem disponíveis são a cana, capim elefante, silagem de sorgo, de milho e de capim.