Sucupira: características
A Pterodon emarginatus e a Pterodon pubescens são as principais espécies conhecidas como sucupira no Brasil, e são facilmente reconhecidas pelo tipo de flor.
Comuns no Brasil, são conhecidas popularmente como “sucupira-branca”, “sucupira-do-serrado”, “sucupira-lisa”, “faveira” e “fava-de-sucupira”.
Existe também a sucupira-preta, que não é tratada aqui, cujo nome científico é Bowdichia virgilioides.
A sucupira é uma planta originária do cerrado brasileiro, que pode atingir até quinze metros de altura. Ela é muito utilizada na medicina popular brasileira por conta da sua atividade imunossupressora, anti-inflamatória, antirreumática, cicatrizante, tônica e depurativa.
Popularmente, os frutos da sucupira, que são secos e duros, são triturados e utilizados para fazer uma solução alcoólica. O óleo bruto, obtido através da maceração das suas sementes, é muito utilizado no Brasil para infecções de garganta (fazendo gargarejos ou tomando o chá).
Em muitas regiões do Brasil, as sementes da sucupira são trituradas e deixadas em maceração com vinho branco durantes semanas, e depois administradas nas crianças como tonificante, para abrir o apetite, etc.
O óleo da sucupira também é muito utilizado para o tratamento de infecções ginecológicas.
A sucupira produz tubérculos nas suas raízes, que são empregados no tratamento de diabetes. A casca do tronco da árvore é muito utilizada para o reumatismo.
Toxicidade da sucupira
No Brasil, em lugares de criação de gado, quando uma árvore de sucupira cai ou é cortada, é relatado muitas vacas, ovelhas e cabras acabam morrendo por conta do consumo das folhas da sucupira.
A sucupira foi testada, e realmente causa uma inflamação série do fígado, e em poucos dias pode levar à morte do animal. Esse resultado também se refere ao corpo humano.
Portanto, preparações feitas com a folha da árvore da sucupira só podem ser utilizadas externamente, para lavar a pele e aliviar dores. Não se deve tomar o chá das folhas da sucupira, pois pode ser extremamente tóxico.
A casca do caule e as sementes da sucupira não mostraram efeito tóxico. A casca do tronco pode ser utilizada para fazer chá sem problemas, e uso o óleo das sementes da sucupira também é seguro.
Em alguns casos, o óleo das sementes da sucupira, em doses muito altas, pode causar uma depressão do sistema nervoso central, deixando a pessoa um pouco apática e sonolenta. Nas doses recomendadas, seu uso não tem problemas.
Recomenda-se o uso de uma colher da casca do tronco da sucupira, bem picada, para cada xícara de água. Ferva durante um ou dois minutos, deixe descansar por 5 minutos e tome o chá.
Para utilizar as sementes da sucupira, o processo é o mesmo: triture as sementes e utilize uma colher de sobremesa das sementes trituradas para cada xícara de água.
Já o óleo de sucupira deve ser diluído em água, utilizando mais ou menos 5 gotas, duas vezes ao dia.
Em quantidades maiores, deve-se tomar cuidado.
O óleo de sucupira também pode ser encontrado na forma de cápsulas, que podem ser tomadas duas vezes ao dia.
Benefícios da sucupira
Ação antioxidante
A sucupira tem ação antioxidante, ou seja, ela combate radicais livres – substâncias que estão no organismo e são responsáveis por processos inflamatórios, envelhecimento, degeneração dos tecidos e até mesmo pelo desenvolvimento do câncer. Portanto, o ideal é ir reduzindo os radicais livres do organismo.
O óleo das sementes da sucupira tem uma ação antioxidante, retirando grande quantidade de radicais livres do organismo.
Ação antibiótica
O óleo feito a partir das sementes da sucupira demonstrou grande eficiência em controlar diversos fungos e bactérias que são fitopatógenas, ou seja, que atacam plantas, causando grandes prejuízos em plantações, por exemplo, sendo necessário utilizar fungicidas, pesticidas, etc.
A sucupira pode ser utilizada como um defensivo agrícola 100% natural.
Em um estudo feito com as folhas, a sucupira também foi capaz de combater vários tipos de bactérias. Porém, nos testes, as folhas da sucupira não foram capazes de eliminar o fungo da candidíase (Candida albicans).
Em casos de ataques bacterianos, seja na garganta ou em qualquer outra parte do organismo, as folhas da sucupira podem ser utilizadas.
Os extratos da casca da sucupira tiveram um efeito eficiente combatendo a Candida albicans, combatendo também outros fungos e bactérias.
Para dores de garganta, podem ser feitos gargarejos com o chá das folhas da sucupira, sem tomar o chá.
As sementes da sucupira também têm uma ação bactericida e fungicida eficiente. O óleo de sucupira pode ser pingado sobre ferimentos para eliminar infecções por bactérias ou fungos.
Ação anti-inflamatória
O extrato feito com as sementes de sucupira (seja o extrato alcoólico ou o óleo das sementes) tem a capacidade de reduzir expressivamente inflamações nos nervos, músculos, articulações, na garganta ou outras inflamações no organismo, além de retirar as dores relativas às inflamações.
Em um experimento com a sucupira, um conjunto de ratos foi operado e, neles, foi causada uma inflamação no nervo ciático. Foi administrada, para eles, a tintura (o extrato alcoólico) feita com as sementes de sucupira, com resultados excelentes no combate das dores ciáticas.
A casca do tronco da sucupira também foi testada, com resultados excelentes inibindo inflamaçoes e combatendo dores. Por conta desses resultados, a casca do tronco, as sementes e o óleo de sucupira têm sido muito indicados nos casos de artrite, artrose, reumatismo, artrite reumatoide e outros tipos de inflamação crônica.
A ação anti-inflamatória da sucupira também se faz presente nos casos de úlceras gástricas. Os extratos das sementes da sucupira (na forma de óleo, chá, etc.) demonstraram uma excelente ação antiulcerogênica, evitando o surgimento das úlceras, tanto por conta da sua ação anti-inflamatória quanto por sua ação antioxidante.
Mesmo aqueles que já sofrem de úlcera no estômago podem tomar o chá ou o óleo das sementes da sucupira para reduzir as inflamações das úlceras e ajudar a resolver esse problema.
Em um teste utilizando um quadro de laringite como modelo, o óleo retirado das sementes da sucupira, diluído em água e fazendo gargarejos, teve um excelente resultado.
Pode-se utilizar 5 ou 10 gotas do óleo de sucupira pingadas em meio copo d’água – uma quantidade maior, já que a pessoa não irá toma-lo –, fazendo gargarejos várias vezes (até acabar a água no copo) e descartando essa água depois, com uma ação eficiente sobre as inflamações de garganta.
Se a pessoa não tem acesso ao óleo, o chá feito com as sementes ou com a casca do tronco da sucupira também têm o mesmo efeito anti-inflamatório e podem ser utilizados da mesma maneira.
Em exames, o extrato alcoólico das sementes da sucupira teve uma ação eficiente em casos de artrites, o que justifica o uso popular dessa planta nesses casos.
Ação imunomoduladora
Quando o sistema imunológico está muito baixo, a pessoa fica suscetível a doenças, inflamações, infecções, etc. Já se o sistema imunológico está exageradamente alto, a pessoa começa a ter processos alérgicos e reações contra o próprio organismo. O sistema imunológico precisa trabalhar em níveis equilibrados.
O óleo essencial retirado das sementes de sucupira teve uma ação excelente modulando o sistema imunológico. O óleo essencial não é o óleo bruto, retirado da prensagem das sementes. É um óleo totalmente purificado, mais intenso e concentrado, feito em um processo chamado “arraste a vapor”, no qual se retira uma quantidade muito pequena. Somente 4% do óleo de sucupira é óleo essencial – ou seja, em 100mL, somente 4ml é óleo essencial.
Com o óleo essencial a pessoa está utilizando uma concentração muito maior de princípios ativos.
O óleo comum e o chá das sementes de sucupira podem ter o mesmo efeito imunomodulador, porém, como é uma diluição maior, é necessário mais tempo e dosagens maiores para alcançar esse resultado.
Ação cicatrizante
Para fazer pomadas, o óleo de sucupira pode ser adicionado à uma base neutra, cremosa (que pode ser encontrada em vários lugares). Também é possível, por exemplo, pingar o óleo de sucupira em óleo de coco, extrato de babosa ou outras opções, e utilizar sobre a pele, em casos de feridas, como cicatrizante.
Testado sobre feridas, a pomada com óleo de sucupira demonstrou uma capacidade de acelerar o processo de cicatrização.
Controle da pressão arterial
O óleo de sucupira demonstrou uma apreciável capacidade vasorrelaxante. Quando os vasos sanguíneos estão enrijecidos, a pressão arterial aumenta. Tomando o óleo de sucupira, os vasos relaxam, abrindo o seu diâmetro e permitindo a passagem de maior quantidade de sangue, reduzindo a pressão.
Por isso, há uma ação reguladora da pressão arterial com o óleo de sucupira.
Combate à leishmaniose
A Leishmania é um protozoário invasor do organismo, que é transmitida para a corrente sanguínea através da picada de um pernilongo chamado mosquito-palha.
Existe a leishmaniose cutânea, na qual o protozoário começa a devorar os tecidos, formando feridas na pele; e a leishmaniose visceral, quando ele faz a mesma coisa, porém nos órgãos como (os rins e o fígado). A leishmaniose é uma doença grave e difícil de curar.
Em testes, o óleo da semente de sucupira teve um excelente resultado em combater a Leishmania amazonensis, um tipo de Leishamnia que ocorre na região Norte do país, reduzindo a sua procriação e o número de larvas na corrente sanguínea.
Tratamento do câncer
O óleo essencial das sementes de sucupira foi testado com vários tipos de células de câncer humano em laboratório (como câncer de mama, pulmão, pele, intestino, e câncer da glia – células cerebrais que também formam tumores). Em todos esses casos, ele teve um excelente resultado antiproliferativo, impedindo que as células cancerosas e que o tumor crescesse.
Isso facilita, por exemplo, o trabalho das técnicas convencionais de combate ao câncer, como a quimioterapia e a radioterapia.
É possível utilizar o chá, a tintura ou o extrato das sementes da sucupira como uma alternativa paralela ao tratamento do câncer, com resultados mais demorados que os do óleo essencial (por conta da concentração).