Existem muitas questões que carecem de atenção dos pecuaristas quando o assunto é relacionado à safra e a entressafra de gado de corte, por exemplo, qual é a melhor época para se vender o boi gordo, quais as estratégias a se utilizar no período seco e como se deve ser feito um planejamento visando uma melhor rentabilidade. As variações do preço do boi gordo no decorrer do ano são ditadas principalmente pelos períodos de safra e entressafra, isso significa que a oferta de bois para o abate varia de acordo com os períodos de chuva e de seca. O clima tem grande influência no ciclo anual e para se compreender o mercado é preciso levar em consideração esses dois períodos: safra e entressafra.
Safra e Entressafra
É importante ressaltar que a base de criação de bovinos no Brasil é permeada sobre o regime de pastagens, sendo geralmente complementada com algum tipo de suplementação mineral, fazendo assim com que o preço do boi acompanhe a sazonalidade do capim. A safra, por exemplo, irá ocorrer nos meses de abundância de capim, quando o boi ganha mais peso e sua oferta para o abate aumenta no mercado, tal período ocorre no Brasil de dezembro a maio.
A entressafra, por sua vez, é o contrário, e ocorre quando se verifica uma diminuição na quantidade e qualidade das pastagens, resultando numa redução da taxa de ganho de peso dos animais, e com isso, a oferta de animais de abate também se reduz. Esse período corre no Brasil de junho a novembro.
Nos últimos anos, foi verificado diferenças de preço nos períodos de safra e entressafra, devido ao maior planejamento do fluxo de animais e suprimentos dos pecuaristas, que adequaram os números do seu rebanho e os suprimentos à essa sazonalidade (variações periódicas) econômica no setor. O planejamento se torna vital no processo de adequação à essa sazonalidade, pois é preciso analisar o preço do boi gordo, o mercado futuro, além de observar os preços dos insumos que mais impactam no custo total e também a tendência de mercado, e por fim, analisar se seria viável a realização de uma prática de confinamento, entre outras necessidades.
Mais de 90% dos bovinos abatidos anualmente no Brasil são criados no pasto, o capim é a base da alimentação do rebanho nacional, representando uma opção saudável, prática e econômica. No entanto, devido ao principal componente da dieta dos bovinos começar a perder qualidade entre os meses de março e abril, os pecuaristas devem tomar providências para que não o desempenho do plantel não seja prejudicado.
Somente com um planejamento estratégico é possível definir quais as melhores ferramentas para cada tipo de negócio, e também deve ser analisada a capacidade que a fazenda suporta por unidade animal associadas ao clima, os períodos de chuva e seca. Em anos que tenham chuvas irregulares e escassos, o pecuarista precisa alinhar a lotação da fazenda de duas maneiras: a primeira é vender uma parte do gado e a segunda é preparar o alimento para a seca, estocando alimento para poder passar pelo período de seca sem maiores complicações.
A alternativa para se evitar o impacto causado por essa variação climática é o manejo rotacionado da pastagem, o realinhamento da capacidade (número de animais por hectare), a venda de animais para se diminuir a lotação e a produção de silagem, por meio da cana irrigada ou capineira, para a suplementação dos animais nos período de seca. O preço do boi acompanha a sazonalidade do capim, quando não são tomadas medidas para corrigir os efeitos do ciclo anual do capim, este, que é influenciado pelas condições climáticas, o pecuarista pode ser prejudicado na entressafra. No período de safra, que é o período quando ocorre uma alta na oferta, a tendência do preço é alcançar a estabilidade, porém, no período de entressafra, a oferta sofrerá uma redução devido à seca e à menor produção de capim.
Outro fator importante para o planejamento estratégico do pecuarista é a exportação. O Brasil, atualmente, exporta em torno de 34% à mais do que o mesmo período no ano de 2013, caracterizando um mercado forte e sadio no qual a tendência da arroba do boi gordo é ter seu preço estabilizado ou ainda aumentado.
A oscilação do preço da arroba do boi gordo tem diminuído nos últimos anos. No decorrer da década de 70 até meados do anos 80, a valorização verificada em relação a safra e entressafra alcançou 40%, enquanto que no ano de 2013, a diferença entre o maior e o menor valor foi de 13%.
Segundo expectativas de especialistas, a tendência é que se verifique uma estabilização ou aumento do valor da arroba do boi nos próximos anos, dado que as regiões do Brasil onde a pecuária costumava ser mais forte, tem sofrido perda de espaço físico para a prática da agricultura, contribuindo assim para que a pecuária bovina alcance a área do norte de Minas Gerais e sul da Bahia, fato que acaba desfavorecendo a oferta de gado para corte, enquanto que a demanda se mantém ou aumenta com o crescimento demográfico, apontando um bom cenário futuro para a pecuária.
Negócios rurais demandam a existência de planejamento, dessa forma, a fazenda deverá ser estruturada, e o plantel deverá ser alinhado conforme a capacidade da propriedade, além do que nas épocas de entressafra, deve-se cuidar para que haja mantimentos o suficiente para o confinamento ou para o tratamento estratégico. A quantidade de alimentos estocada deve ser cuidadosamente calculada em função do número de animais e do período em que estes devam ser tratados. Se o planejamento desses suprimentos conforme a sazonalidade for feito com sucesso, gerará uma melhor remuneração do negócio.
A lucratividade do gado anual varia de 2,0% até 2,8%, dependendo de fatores como planejamento, propriedade, manejo, genética e tipo do gado, além de água, ração e vacinações. Com a implementação do manejo correto, a lucratividade poderá alcançar um aumento de até 20%.