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Efeitos da dependência do rivotril
Se você nunca usou, com certeza conhece alguém que toma ou já tomou Rivotril, uma das medicações mais prescritas no Brasil, e serve para aliviar sintomas de ansiedade, tristeza, angústia, raiva, entretanto, pode causar dependência, problemas de memória e de falta de concentração, até evoluir para um quadro de demência semelhante ao mal de Alzheimer, pode causar acidentes de carro, e se você toma essa medicação por mais de quatro meses, pode ter uma dificuldade muito grande em suspender o uso dela.
Método para ajudar a parar de tomar Rivotril gradualmente
Se usar Rivotril há mais de quatro meses, não é recomendado retirá-lo de forma abrupta e pode levar à sintomas de abstinência. O método a seguir não deve ser seguido sem a supervisão de um médico, pois o paciente pode ter sintomas de abstinência (que incluem ansiedade, taquicardia, insônia, irritabilidade) ou outra condição que comece a ficar mais evidente quando comece a retirar o medicamento.
Diagnóstico
O primeiro passo é averiguar se existe diagnóstico para fundamentar o uso do Rivotril, pois não se começa a usar Rivotril e permanece usando-o à toa, às vezes é para tratar um quadro de estresse, de ansiedade, de depressão, então é importante investigar qual o quadro o Rivotril foi indicado para mascarar, já que ele, de fato, não é uma solução definitiva. Algumas pessoas se automedicam com Rivotril.
Os principais diagnósticos para uso do Rivotril são: ansiedade, depressão, insônia primária, transtorno afetivo bipolar.
Tratamento da causa base
Se a pessoa tem um quadro de ansiedade e começou a utilizar o Rivotril, e está cronicamente dependente dele, se começar a retirar o medicamento e o quadro de ansiedade não estiver bem tratado, a ansiedade irá voltar – às vezes ela está presente mesmo usando o Rivotril –, e isso fará com que a pessoa sofra muito, seja pelos próprios sintomas de abstinência do Rivotril, como também pelo aumento dos sintomas ansiosos.
Se a pessoa tem um quadro de ansiedade ou depressão, talvez seja uma boa ideia otimizar o tratamento dela com antidepressivos, técnicas de terapia comportamental e de mindfulness, atividade física, ou seja, deixar esse quadro de base bem tratado, para que a pessoa possa ter maior segurança para retirar a medicação.
Desmame
Há dois tipos de desmame que podem ser feitos, um adicionando uma outra medicação para dormir, ou sem outra medicação. Uma dúvida de muitos é se adicionar outra medicação para o sono, se a pessoa não pode ficar dependente também dessa medicação. Tem que ser adicionada uma medicação para o sono que não cause dependência (ou seja, que não seja tarja preta), para que depois haja possibilidade de retirar o remédio sem dificuldades para isso. Podem ser usadas medicações da classe dos antidepressivos, antipsicóticos (como quetiapina, amplictil, neozine, neuleptil), anticonvulsivantes, anti-histamínicos (como, por exemplo, fenergan).
O tempo para retirar o Rivotril tem que ser entre quatro semanas até seis meses, entretanto, cada um tem seu ritmo, algumas pessoas vão demorar mais tempo, outras não tem sintomas de abstinência e de repente conseguirão retirar antes. Mas esse é um parâmetro de segurança para se ter em mente.
Se você toma até 0,5mg por dia de Rivotril (uma dose baixa), é interessante reduzir 50% dessa dose a cada uma ou duas semanas. O Rivotril tem apresentações que facilitam a retirada, como comprimidos de 0,5mg, de 0,25mg, e em gotas. Se for retirar em quatro semanas, uma ideia é passar de 0,5 para 0,25mg depois de duas semanas, e aí mais duas semanas tentar tirar esse 0,25mg, ou trocar para gotas, já que 0,5mg é o equivalente a cinco gotas de rivotril, e depois da primeira ou segunda semana, diminuir para três gotas, e depois ir diminuindo uma gota po semana, até suspender o uso do Rivotril.
O segundo cenário, que é o mais comum, já que 0,5mg é uma dose muito baixa de Rivotril, é para quem toma mais do que 0,5mg por dia, pode ser 1, 2, 3mg etc. Aqui há dois cenários, pode-se reduzir 0,25mg por semana ou 10% da dose por semana, se for, por exemplo, 2mg, a ideia é retirar 0,2mg por semana.
O importante é que o final da redução, quando vai chegando perto do fim, começa a ser mais difícil, então, às vezes nas últimas semanas é importante ir reduzindo mais devagar, na prática uma forma é trocar para a apresentação em gotas do Rivotril.
Existem outros métodos para retirada progressiva do Rivotril, mas o método acima é baseado em vários estudos e evidências científicas, e adotado por muitos médicos, mas cada indivíduo é único, não existe um plano que serve para todos, daí a importância de se fazer isso com a supervisão de um médico.
Visão geral
Não é uma boa ideia retirar de uma vez só o Rivotril se você o está usando por um período de quatro a seis meses. A redução deve ser gradual, e o final dela costuma ser mais desafiador, por isso demanda paciência e persistência.