Quitoco: características
Hoje em dia, o nome científico do quitoco é Pluchea sagitallis. Em alguns lugares, é possível encontrar informação com o nome mais antigo dela, Pluchea quitoc.
É uma planta que cresce espontaneamente como erva-daninha, mais encontrada nas regiões Sudeste e Sul do Brasil, mas que pode ser encontrada em outras regiões. Ela tem cheiro de mel nas suas folhas, nasce em solos mais úmidos e ricos em matéria orgânica, e pode atingir até 50 ou 60 centímetros de altura. Ela tem pequenas lamelas nas laterais dos seus galhos.
Na medicina popular brasileira, o quitoco é amplamente utilizado para tratar problemas respiratórios (como bronquite, gripe e asma), para tratar o intestino (em casos de diarreias, cólicas, gases intestinais e prisão de ventre), como anti-inflamatório (para gastrites e problemas de garganta), como calmante para crianças dormirem, para regular o ciclo menstrual, para desinflamar o útero, etc.
Ela tem muitos usos na literatura etnofarmacológica (seu uso pelas populações tradicionais), e a ciência comprova muitas dessas utilidades medicinais.
Toxidade do quitoco
Uma pesquisa realizada no Brasil demonstrou que o uso do quitoco, mesmo em altas doses, não causou efeito tóxico nos animais do teste – ou seja, não houveram alterações significativas no funcionamento dos órgãos, nos parâmetros sanguíneos ou problemas neurológicos. Considera-se que a planta seja segura para uso, tanto em idosos, como em crianças e pessoas de modo geral.
Somente em casos de lesões da medula a pessoa não deve fazer uso do quitoco, pois ele pode piorar o estado da lesão.
As gestantes devem tomar cuidado com o uso do quitoco, pois, como tem uma ação sobre o útero, ele pode causar o aborto.
Benefícios do quitoco
Ação anti-inflamatória
Existem pesquisas que demonstram a ação do quitoco como anti-inflamatório.
Uma pesquisa realizada na Espanha, uma pesquisa realizada na Argentina e outra realizada no Maranhão, no Brasil, demonstraram que o extrato de quitoco feito com água teve uma excelente ação anti-inflamatória tópica, comparável à dos medicamentos comerciais padrões que são utilizados. Para problemas inflamatórios locais, como dores articulares e luxação muscular, o quitoco é excelente e pode ser utilizado na forma de óleo medicinal, compressa, pomada ou cataplasma.
Outras duas pesquisas realizadas no Brasil demonstraram que, em uso interno, o quitoco também tem excelente resultado anti-inflamatório. Vários tipos de inflamação podem ser contornados com o uso de quitoco, como inflamações no útero, no estômago, na garganta, ou inflamações tópicas como a artrite e as lesões.
Ação ansiolítica
Dois trabalhos realizados pela Universidade Federal de Sergipe demonstram que o uso do quitoco causa depressão do sistema nervoso central, o que leva a um estado de relaxamento e ajuda a controlar a ansiedade. O quitoco ainda teve a ação de prolongar o tempo de sono e evitar convulsões, e teve uma ação analgésica em casos de dores.
Essas informações demonstram que o quitoco é um excelente medicamento, por exemplo, em casos de TPM, estresse e nervosismo.
Ação analgésica
Duas pesquisas realizadas no Brasil demonstraram que os extratos de quitoco têm uma excelente ação em combater a dor em vários modelos de dor, como dores nevrálgicas e dores nociceptivas, sem causar prejuízos à função motora.
Uma terceira pesquisa, realizada pela Universidade do Pará, demonstrou que alguns dos compostos presentes na estrutura do quitoco tiveram uma excelente ação nociceptiva, ou seja, conseguem inibir as dores sentidas, por exemplo, em pancadas.
Ação gastroprotetora
O quitoco é muito utilizado na cultura medicinal popular brasileira para proteger o estômago. Uma pesquisa realizada no Brasil demonstrou que os extratos de quitoco tiveram uma excelente ação em inibir feridas causadas na parede do estômago por conta do consumo excessivo de álcool.
O quitoco pode ser um excelente medicamento para quem sofre de gastrite, úlcera gástrica ou qualquer outro problema estomacal.
Fibrose hepática
A fibrose hepática é um problema que acontece com pessoa que tiveram lesões do fígado. As células do fígado morrem e, no local, ao invés de nascer uma nova célula do fígado, surge uma estrutura chamada “matriz extracelular”, que é rígida, fibrosa e não tem as mesmas funções que as células do fígado.
Com o uso do quitoco, há uma redução significativa no crescimento dessas fibras no fígado, melhorando o estado de pessoas que têm fibrose hepática.
Ação antidiarreica
Uma pesquisa realizada no Brasil demonstrou que os extratos de quitoco têm uma ação de alterar a absorção de água e minerais pelo intestino, melhorando muito a condição dos animais do teste que foram conduzidos a um estado de diarreia.
Sistema imunológico
Quando a pessoa não tem lesões na medula óssea, o quitoco causa uma estimulação da produção de células de defesa do organismo que são formadas na medula óssea. Isso aumenta o número de glóbulos brancos no organismo, o que melhora a atividade imunológico.
Em um teste utilizando animais com câncer, os animais que receberam os extratos de quitoco tiveram redução do tamanho dos tumores e melhora significativa da sua expectativa de vida.
Em uma pesquisa realizada pela Universidade Federal do Pará, esse aumento da produção de glóbulos brancos pela medula óssea melhorou muito o estado de animais que estavam sob infecção.
Nos casos de infecções virais ou bacterianas, há um aumento das células de defesa do organismo com o uso do quitoco, o que melhora muito a condição dos pacientes.
Tratamento do câncer
Em uma universidade do Mato Grosso do Sul, os extratos do quitoco foram aplicados, em laboratório, sobre vários tipos de células tumorais humanas (de várias partes do corpo). Os resultados foram muito promissores no caso do câncer da próstata.
Talvez, no futuro, exista um medicamento para combater o câncer da próstata produzido a partir dos extratos de quitoco.
Uma pesquisa realizada no Rio Grande do Sul demonstrou que os extratos de quitoco tiveram excelente ação no tratamento do câncer de intestino.
Tratamento de problemas do útero
Não foram encontradas pesquisas científicas que demonstrassem a ação do quitoco tratando problemas do útero, um uso popular muito consagrado. Porém, já foi verificado que ele tem uma ação sobre o útero, sendo capaz, inclusive, de causar o aborto.
Na experiência de alguns usuários, o quitoco é excelente para tratar inflamações uterinas, excesso de sangramento menstrual, miomas, adenomiose e endometriose. É utilizada uma tintura que, além do quitoco, contém outras plantas, como erva-de-São-João, artemísia e folhas de amora. Muitas pessoas, utilizando essa tintura, têm encontrado excelentes resultados para tratar esses problemas do útero.