Como identificar mudas de plantas enxertadas
É bem simples identificar o ponto de enxerto em uma planta enxertada: deve-se buscar uma cicatriz próxima à base da planta. Depois de alguns anos que a planta foi enxertada, esse ponto cicatriza e fica um pouco mais difícil de ser identificado, mas ainda é possível identifica-lo.
Existem alguns tipos de enxertia. Os mais usados são a garfagem e a borbulhia.
A garfagem é bem simples de ser identificada. Toda vez que uma planta é enxertada, é necessário amarrar o enxerto e seguir alguns critérios, do contrário o enxerto não vai pegar.
Em plantas com o enxerto ainda amarrado, deve-se tomar cuidado de, ao cortar o plástico, não cortar a planta, para evitar uma nova cicatriz no local.
Na garfagem, é feito um corte em “V” no porta-enxerto (a muda de baixo, também chamada de “cavalo”). O enxerto, que é o pedaço da planta doadora, recebe um corte em bisel é plugado nesse local.
A enxertia por borbulhia (ou borbulha) é muito usada em mangas (como a manga-ouro) e nas plantas cítricas (como a laranja-kinkan, muito boa para cultivo em vasos). Normalmente, a enxertia por borbulhia é feita lateralmente na planta, gerando um broto meio lateral.
Nas plantas enxertadas por garfagem, é possível perceber que, da cicatriz em “V” para cima, a planta é levemente diferente – por exemplo, na coloração do tronco –, o que também ajuda a identificar o enxerto.
Normalmente, os enxertos são feitos em porta-enxertos de até 40cm – mas recomenda-se porta-enxertos de 20 a no máximo 30cm.
Plantas com o tronco liso, sem nenhuma cicatriz ou ponto em que foram grudadas duas plantas, possivelmente não são enxertadas.
Existem pessoas de má-fé que, fazendo um corte radical na planta, fazem com que ela gere um broto lateral que fica parecido com o enxerto. Porém, é possível perceber quando é broto e quando é enxerto.
Enxerto de plantas frutíferas no solo
É possível fazer enxerto de uma planta no solo. Hoje pouco comum, até pouco tempo atrás esse método foi vastamente utilizado.
É feito um canteiro forrado de mudas, por exemplo de manga, abacate ou seringueira, plantadas no chão, onde são enxertadas as plantas. Na época certa e com as técnicas adequadas, as plantas são arrancas e plantadas em um “balaio” para acelerar um pouco o desenvolvimento da planta.
A probabilidade do enxerto se desenvolver é maior no solo do que no saquinho, pois a raiz do porta-enxerto já está mais desenvolvida.
Enxertia em porta-enxerto adulto
É possível realizar um enxerto em um abacateiro, plantado do caroço, com mais de 1,5m de altura.
O tamanho do porta-enxerto não interfere na enxertia, mas são necessários dois cuidados básicos.
Há relatos de uma pessoa que colocou 40 frutas em um único pé. Para esse processo, a princípio, as 40 plantas – ou quantas plantas forem enxertadas – têm que ter as mesmas características genéticas de base. Elas precisam ser, no mínimo, primas, ou não haverá compatibilidade genética e o enxerto não vai funcionar.
Caso a pessoa deseje e tenha paciência para isso, é possível enxertar 50 variedades de jabuticaba em um pé de jabuticaba. Em um pé de abacate, é possível produzir vários abacates diferentes. Em um porta-enxerto cítrico, é possível enxertar mais de mil plantas diferentes.
Não adianta tentar enxertar um material muito grosso em um galho fino. Porém, um material fino pode ser enxertado em um galho um pouco mais grosso, mas não é recomendável que ele seja muito mais grosso. Recomenda-se escolher pontos em que haja compatibilidade de grossura.
Deve-se tomar o cuidado de retirar todos os brotos que saírem do ponto de enxerto para baixo.
Às vezes um pé está com 1,5m e a base dele, à 50cm do solo, está muito grossa. Pode-se podar ele nesse ponto e esperar ele lançar uma nova brotação. Quando a brotação estiver da grossura de um lápis, ela estará adequada para fazer o enxerto.
Plantas enxertadas só produzem uma vez?
Existe um mito de que as plantas enxertadas produzam frutos somente uma vez, e depois nunca mais produzem.
Muitas vezes, para estimular a venda, o vendedor deixa que a planta enxertada produza um ou dois frutos, que ficam pendurados nela. Quando ela é transplantada, pode ser que a planta fique uns 2 anos sem produzir até se acomodar no novo local – mas isso porque ela está em uma fase de adaptação, e logo irá voltar a produzir normalmente.
Nas plantas enxertadas, se a pessoa deixa o porta-enxerto brotar e não retira esses brotos, pode ser que ele se desenvolva mais que o enxerto, que acaba perdendo a força e morrendo. Como o porta-enxerto é uma planta de semente, talvez ele demora vários anos para começar a produzir, gerando uma falsa impressão de que a planta enxertada não produz, mas devido a uma falha de condução da pessoa que estava cuidando da planta.
Plantas enxertadas crescem menos?
A planta enxertada, por começar a produzir mais cedo que a planta de semente, destina mais energia à produção de frutos do que ao seu desenvolvimento vegetativo, e acaba crescendo mais devagar, gerando a falsa impressão de que ela cresce menos. Porém, se ela tiver as características de se tornar uma planta grande, ela irá se tornar uma planta grande, mas em velocidade mais lenta.
Crescimento e produção da mangueira
Há relatos de uma pessoa que tem um pé de manga de cerca de 20 metros, que produzia muitas frutas todo ano. Porém, nos três últimos anos, ele parou de produzir bem, gerando apenas 10 a 20 frutas.
O fato da planta ter parado de produzir provavelmente não está relacionado ao fato dela ser enxertada ou não. Nesse caso, a planta talvez esteja passando por um estresse, como uma doença ou falta de algum nutriente.
Chegando a uma certa idade, as mangueiras normalmente têm uma doença na qual brocas-de-madeira começam a secar os galhos delas, matando a planta. Porém, algumas variedades são mais resistentes a esse problema. Com o tempo, as mangueiras podem passar de 20 metros de altura. Já os pés de laranja, não.
Produção de maçãs e peras em climas quentes
É possível produzir maçãs e peras em climas quentes, pois já existem variedades que são bem aclimatadas a regiões mais quentes. As variedades devem sempre ser enxertadas.
No caso da maçã, recomenda-se a maçã-Ana e a maçã-Eva, que produzem muito bem em climas mais quentes. No caso da pera, as duas variedades mais indicadas são a pera-d’água, que produz muito bem, e a pera Housui, que produz um pouco.
Hoje já existem variedades aclimatadas a climas mais quentes de muitas outras plantas frutíferas que, até um tempo atrás, só se conseguia produzir em clima frio.
Período ideal para poda de frutíferas
Algumas pessoas acreditam que podar a planta em determinada lua ou época do ano interfere na vegetação e frutificação.
Cada frutífera pede um momento de poda específico, mas, em boa parte das frutíferas, o mês de agosto (ou talvez um pouco antes, em julho) é indicado para fazer podas.
No conhecimento popular, dizem que a lua nova é indicada para poda em frutíferas. Porém, não foram encontrados artigos científicos que comprovem isso.
Técnica de clonagem por enxertia
Dentro de uma mesma família, é possível enxertas plantas de espécies diferentes. As atemoias, por exemplo, normalmente são enxertadas em araticuns, que são plantas primas. Plantas do gênero Citrus, como as laranjas e os limões, são todas enxertadas em um porta-enxerto que é uma planta diferente, como limão-cravo, limão-suingo ou citronela.
Para enxertia, as espécies não podem ser muito diferentes. Não é possível, por exemplo, enxertar um abacate em um pé de limão. As plantas precisam ter um grau de parentesco e uma compatibilidade genética pra que o enxerto “grude” no porta-enxerto.
A grande maioria das famílias aceitam podas – umas são mais difíceis, outras mais fáceis. Talvez toda planta seja possível de se enxertar ou fazer uma propagação que não seja somente por sementes.
Em algumas plantas, não há necessidade de fazer uma propagação por clonagem, pois elas produzem rapidamente e mantêm as características da planta mãe mesmo plantadas por sementes. A enxertia, e a clonagem de maneira geral, tem como intuito manter as características da planta mãe.
Nos Citrus, às vezes os enxertos são feitos em determinados porta-enxertos para que sejam mais tolerantes a terrenos mais úmidos. Existe uma série de fatores que levam à necessidade ou não da enxertia.
Enxerto de jaca
É possível fazer enxertos a partir de um pé de jaca plantado em vaso. A jaca é uma planta que tem muito látex, e essas plantas são um pouco mais difíceis de “grudar” o enxerto. É necessário que a pessoa tenha um pouco de conhecimento sobre enxertia e faça o enxerto na hora certa, no momento de dormência da planta (no inverno), que é quando ela vai estar com menos látex e possivelmente vai ser mais fácil obter sucesso.
Período ideal para enxertia
Recomenda-se fazer o enxerto usando um material que esteja no período de dormência da planta, nunca no período vegetativo nem no período de floração (no qual a planta está destinando energia à produção de flores), porque, nesses casos, ele normalmente não funciona.
Muitas plantas, devido ao estresse gerado, dão flores assim que o enxerto “gruda”. Em situações como essa, recomenda-se retirar essas flores, pois a planta ainda é muito nova e, se alguma dessas flores virar fruto, irá sugar muita energia daquele enxerto, podendo leva-lo a óbito.
Para a enxertia funcionar, recomenda-se usar um galho maduro, porém dormente, sem vegetação e sem flores. Retire as folhas e as flores e use o galho como estaca.
Enxertia de jabuticaba
A jabuticaba é uma planta difícil de ser enxertada, e poucas pessoas conseguem enxertar ela. Apesar da jabuticaba e a pitanga (que cresce mais rápido) serem ambas mirtáceas, não foram encontrados relatos de enxertia da jabuticaba em um porta-enxerto de pitanga, ou em qualquer outra mirtácea, ter obtido sucesso – somente da jabuticaba enxertada em outra jabuticaba.
Normalmente, utiliza-se a jabuticaba-paulista, a jabuticaba-ponhema ou a olho-de-boi (que é bem grande) como porta-enxerto. Como elas enraízam bem e mais rápido, e são plantas vigorosas, acabam sendo mais indicadas do que enxertar em uma jabuticaba híbrida ou jabuticaba Sabará.
Toda planta pode ser enxertada?
Com exceção das plantas da família das palmáceas, como as palmeiras e o coqueiro, a grande maioria das plantas é passível de enxerto. Porém, nem sempre é necessário fazer enxertia na planta.
A gabiroba, por exemplo, é uma planta que normalmente, quando plantada de semente, mantém as características da planta mãe (que deu o fruto e, consequentemente, a semente).
Além disso, embora seja uma planta de crescimento lento, se a gabiroba estiver em um lugar com o clima ideal, ela não demora muito a produzir.
Normalmente, a enxertia é usada para manter as características da planta mãe e acelerar o processo de produção.
Talvez fosse interessante enxertar a gabiroba em uma planta que tivesse um sistema radicular mais resistente a solos úmidos. A gabiroba, principalmente a gabiroba-do-campo, não gosta de solos extremamente úmidos. Ela é uma planta do cerrado, e prefere lugares secos, com solos ácidos e podres.
Enxertando a gabiroba-do-campo em uma outra variedade que tenha um sistema já adaptado a solos úmidos, pode ser possível produzir gabiroba-do-campo em lugares onde antes não seria possível.
Variedades de guabiroba
Existem muitas variedades de gabiroba, como a gabiroba-do-campo, guavira, gabiroba-rugosa e a gabiroba da Bolívia, além variedades de gabiroba arbórea, como a gabiroba paulista. O araçá muitas vezes é confundido com a gabiroba, mas são plantas diferentes.
Como algumas delas são híbridos naturais, é difícil saber qual delas é a mais antiga.
Sementes de plantas enxertadas germinam?
Normalmente, as sementes de frutos oriundos de plantas enxertadas germinam. Porém, nem sempre elas vão manter as características da planta mãe.
Por exemplo, é praticamente impossível que uma atemoia plantada de semente produza frutos iguais ao fruto de origem da semente, pois a atemoia é um híbrido (oriundo de um cruzamento). É possível que se produzam frutas melhores e mais saborosas, mas isso é raro.
Já as sementes de uma manga Bourbon enxertada, se plantadas, vão germinar e produzir a manga Bourbon.
Enxertia e desenvolvimento do ipê-amarelo
Existe enxertia de ipê. Nenhum ipê demora 20 anos para florir, todos eles são mais rápidos, e o ipê-amarelo é um dos mais rápidos. Existem várias variedades de ipê-amarelo: umas florem rapidamente, com dois anos, outras demoram 7, 8 ou talvez até 10 anos.
Vida e produção de plantas enxertadas
Plantas enxertadas tendem a viver menos que plantas plenas, talvez pelo fato de começarem a produzir frutos mais cedo ou pela grande agressão à planta que o enxerto causa. Porém, as plantas enxertadas não param de produzir mais cedo. Normalmente, elas produzem até o fim da vida delas.
Algumas plantas, para terem uma boa produção, pedem podas. Se não forem podadas corretamente, elas param de produzir ou não têm uma boa produção, como é o caso da videira.
Enxertia da videira
Em alguns viveiros, a enxertia da videira sempre é feita por fenda-cheia (garfagem). Talvez pelo fato da videira ser uma planta frondosa, que ramifica muito, as pessoas não se preocupem em fazer enxertia por borbulhia. A borbulhia é feita quando há pouco material para a enxertia.
Compatibilidade na enxertia
O caju não pode ser enxertado em um porta-enxerto de manga, pois não existe compatibilidade entre as duas plantas. É possível enxertar uma manga-espada em uma manga-Bourbon, e vice-versa. O caju provavelmente só vai se desenvolver se enxertado em outro caju ou em alguma outra planta próxima (prima ou irmã) que venha a ter compatibilidade.
As plantas precisam ter pelo menos um certo grau de parentesco para existir a possibilidade de compatibilidade.
Desenvolvimento de plantas plenas
A grande maioria das plantas não-enxertadas – ou seja, as plantas “plenas”, plantadas a partir de uma semente – vão produzir frutos, mesmo se plantadas em vaso. Porém, na grande maioria dos casos, vão demorar muito mais que as plantas enxertadas para produzir, pois precisarão passar por todas as fases (infantil, juvenil e adolescência) até se tornarem plantas adultas, começarem a florir e então a frutificar. Cada espécie tem um determinado tempo para isso.
No caso da enxertia, algumas etapas são puladas: da fase infantil (da planta bem jovem), pula para a fase adulta, pois o pedaço da planta já adulta (o enxerto) é unido à uma planta jovem, o que faz a planta enxertada produzir mais rápido.
Se o clima é adequado à planta não-enxertada, ela irá produzir frutos.
Enxertia de cambucá e jabuticaba
Embora o cambucá e a jabuticaba sejam plantas parentes, os testes relatados com enxertia de cambucá em um porta-enxerto de jabuticaba, e vice-versa, não obtiveram sucesso.
Poucas pessoas conseguem enxertar a jabuticaba. Algumas já tentaram enxertar cambucá em jabuticaba, e não funcionou. O cambucá não produz tantas frutas quanto a jabuticaba e, consequentemente, não produz tantas sementes, e seria interessante se fosse possível enxerta-lo na jabuticaba.
Mesmo no próprio cambucá, é difícil do enxerto funcionar. Por isso, é difícil encontrar mudas enxertadas de cambucá – e quando são encontradas, pela raridade delas, normalmente são bem caras.
Pode ser que exista uma técnica pouca conhecida ou ainda não criada, ou mesmo algum especialista que consiga realizar esse tipo de enxertia.
Enxertia de ipê
É possível enxertar o ipê-branco em ipê-roxo. O ipê-branco de buquês de noiva, que segura as flores por um mês, bem diferente do ipê-branco tradicional, que segura as flores por dois ou três dias, normalmente é enxertado no ipê-roxo.
Existe um parentesco grande entre os ipês e, muitas vezes, é possível enxertar uma variedade na outra.
Talvez seja possível enxertar o ipê-amarelo no ipê-roxo, mesmo com a diferença de caule entre eles. Se não der certo, pode ser possível enxertar o ipê-amarelo e o roxo no ipê-branco. É uma questão de tentativa e erro. De maneira geral, existe uma compatibilidade entre as variedades do ipê.
Porém, pode acontecer como no caso do cambucá e a jabuticaba, que embora sejam parentes, não existe compatibilidade.
Enxertia de achachairu e mangostim
O pé de achachairu pode ser enxertado. Porém, há relatos de plantas de achachairu e de mangostim que foram enxertadas e, depois de um certo tempo, se soltaram.
Após vários anos, a planta fica grande, acaba não tendo uma resistência no ponto de enxerto e quebram. Isso pode ser devido a alguma falta de compatibilidade ou ao método de enxerto que foi utilizado.
Por enquanto, não existe uma força de fazer com que esse enxerto mantenha uma boa vida produtiva para a planta durante muitos anos.
Plantio de jaca por enxertia ou alporquia
A enxertia é o método mais tradicional de clonagem de plantas.
Não foram encontrados relatos da jaca ter sido plantada com sucesso por estaquia, mas, apesar de não ser fácil, ela pode ser plantada por enxertia ou alporquia.
Plantas pequenas de jaca enxertada, em vasos, conseguem produzir frutas.
A jaca é uma planta que tem muito látex, por isso é um pouco mais difícil fazer a clonagem dela. É um dos casos em que a habilidade da pessoa influencia o resultado da enxertia. Poucas pessoas conseguem enxertar ou fazer enraizar o alporque de jaca.
Talvez seja necessário usar técnicas diferentes ou plantá-la em determinada época do ano, como o inverno, no qual ela retém um pouco do látex.