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Picão-preto: características
O picão-preto, também chamado de “carrapicho agulha” ou “amor-seco”, é uma planta muito comum em todo o Brasil, e que tem duas espécies. Uma delas, que tem pequenas margaridas com pétalas brancas, é chamada de Bidens alba. Já a Bidens pilosa é exatamente igual, mas não tem pétalas brancas. As duas espécies têm os mesmos usos e podem ser utilizadas com tranquilidade.
O picão-preto é uma planta comum na medicina popular brasileira. Crianças que nascem com icterícia tomam banho de picão, que ajuda a eliminar a bilirrubina da corrente sanguínea. A criança precisa fazer o banho de sol para efetivamente tirar a bilirrubina do sangue, mas o chá de picão consegue resolver o “amarelão” da pele causado pela icterícia.
Além disso, ele é muito utilizado como medicamento para o fígado, para a vesícula, para a digestão e outros problemas.
O picão-preto nasce espontaneamente em muitos lugares, e domina os lugares onde nasce, sendo considerado uma erva-daninha.
Uso alimentício do picão-preto
É possível fazer uso alimentício do picão-preto, por exemplo, na forma de refogados, da mesma forma que se utiliza a couve.
Deve-se utilizar as folhas novas do picão-preto, antes de nascerem as inflorescências dele. Para consumi-lo, corte os pés de picão, tire as folhas, lave bem e refogue.
Toxidade do picão-preto
As pesquisas demonstram que o picão-preto é uma planta que não causa toxidade relevante para o organismo. Um estudo cubano demonstrou que o consumo de picão-preto, mesmo em doses elevadas e por tempo prolongado, não causou nenhum tipo de toxidade sobre o organismo.
Em outro estudo, realizado na Índia, o consumo de picão não causou alterações nos padrões sanguíneos ou nos órgãos internos das cobaias.
O consumo do picão-preto não causa prejuízos ao fígado, aos rins, ao pâncreas, ao sangue ou aos tecidos, por isso é uma planta considerada segura.
Porém, em doses muito altas, há uma ação do picão-preto sobre o sistema central: ele pode causar depressão do sistema nervoso central (causando sonolência, relaxamento, etc.) e causar uma pequena depressão respiratória.
A não ser que a pessoa tenha asma ou bronquite asmática e esteja no meio de uma crise, a pessoa não precisa se preocupar com o uso do picão-preto.
Benefícios do picão-preto
Ação antioxidante
Como antioxidante, o uso dos extratos do picão-preto demonstrou uma capacidade melhor que a da vitamina E, o melhor medicamento antioxidante conhecido hoje.
As plantas antioxidantes são aquelas que protegem o organismo, evitando o envelhecimento, doenças crônicas e inflamações, pois combatem os radicais livres (que podem até mesmo gerar o câncer).
Proteção do sangue
Um estudo cubano demonstrou que os extratos de picão-preto têm a capacidade de proteger as células sanguíneas, evitando sua morte quando atacadas por alguns tipos de substâncias químicas. Isso justifica o uso do picão-preto nos casos de icterícia.
Quando a bilirrubina é lançada na corrente sanguínea, ela causa a hemólise – a quebra das células sanguíneas. Quando a pessoa toma o chá ou o banho de picão, está protegendo suas células contra a hemólise.
Em casos de anemia hemolítica, o picão-preto também protege as células sanguíneas, evitando a morte delas.
Um estudo realizado em Taiwan confirma a proteção que o picão-preto oferece às células sanguíneas. Em casos de danos oxidativos, por exemplo, por conta do envelhecimento do próprio corpo e das células, ele ajuda a proteger as células sanguíneas, evitando a morte delas.
Sistema imunológico
Um estudo Cubano e um estudo realizado entre Cuba e Espanha demonstraram que o picão-preto estimula a função imunológica. Com o consumo de picão-preto, pessoas com uma baixa imunológica têm sua atividade imunológica aumentada, combatendo doenças infecciosas (como a gripe) e inflamações de vários tipos com mais facilidade.
Testado no Japão, o picão-preto demonstrou a capacidade de modular o sistema imunológico, evitando os processos alérgicos em casos de alergias tipo 1 – que ocorrem quando a pessoa entra em contato com o alergênico (como cloro, cachorros, etc.), formando manchas e inchaço no corpo.
Ação antiviral
Duas pesquisas, realizadas em Taiwan e no Japão, demonstraram que o picão-preto tem uma ação relevante em conter o desenvolvimento do vírus do herpes.
Proteção estomacal
Em dois estudos – um realizado entre Cuba e Espanha, e outro realizado pelo Japão – os extratos de picão-preto demonstraram resultados muito semelhantes. Verificou-se que eles reduzem a acidez estomacal, e podem auxiliar nos casos de azias, gastrites e refluxo.
Nos casos de úlceras gástricas, a redução da acidez estomacal ajudar a evitar a progressão das úlceras.
Fortalecimento da musculatura uterina
Em uma pesquisa realizada entre a França e a República dos Camarões, o picão-preto demonstrou a capacidade de fortalecer a musculatura do útero, facilitando, por exemplo, a expulsão da menstruação, o que pode ajudar mulheres que têm dificuldade para menstruar.
No trabalho de parto, o fortalecimento dessa musculatura aumenta a potência das contrações para expulsar o bebê do útero, facilitando o trabalho de parto.
Controle da diabetes
Testado em Taiwan, em três estudos diferentes, verificou-se que o uso prolongado do extrato do picão-preto reduzia progressivamente o índice de glicemia (a quantidade de açúcar livre no sangue).
Além disso, a disponibilidade de insulina na corrente sanguínea foi aumentada, e as células beta do pâncreas – que são produtoras da insulina – foram protegidas.
Dessa forma, entende-se que o picão-preto tem uma ação muito benéfica em casos de diabetes, principalmente diabetes tipo 2.
Tratamento da diabetes autoimune
Esses estudos demonstraram também que, em casos de diabetes autoimune – quando as células T do próprio sistema imunológico atacam o pâncreas e matam as ilhotas de Langerhans, responsáveis por produzir a insulina –, o picão preto é capaz de modular o sistema imunológico, evitando esse ataque ao pâncreas e a progressão da doença.
Nos casos em que a diabetes autoimune é identificada muito cedo e o pâncreas ainda funciona, é possível reverter esse quadro. Nos casos em que o pâncreas já deixou de funcionar, consegue-se inibir a progressão da doença, porém é difícil recuperar as ilhotas de Langerhans.
Controle da glicemia
Um estudo realizado no Vietnã demonstrou que o extrato de picão-preto tem a capacidade de reduzir em até 50% a glucosidase, uma enzima que digere alguns tipos de açúcar durante a digestão.
Os açúcares que as pessoas consomem, como os amidos e a sacarose, são muito grandes e precisam ser quebrados em açúcares pequenos para que possam ser absorvidos pela corrente sanguínea. Esse trabalho é feito pela amilase, glucosidase e outras enzimas que atuam no sistema digestivo.
Inibindo em 50% a ação da glucosidase, o picão-preto também inibe em 50% a absorção dos açúcares durante a alimentação, o que evita a hiperglicemia pós-prandial e ajuda a controlar os níveis de glicemia no organismo.
Controle da pressão
Dois estudos realizados na República dos Camarões demonstraram que o picão-preto é capaz de baixar a pressão arterial, sem alterar a frequência cardíaca – uma grande preocupação das pessoas. Ele causa relaxamento da musculatura que envolve as artérias, e não do coração. Com isso, a artéria se amplia e o sangue passa com mais facilidade e menor pressão.
Em um estudo realizado na França, verificou-se que cobaias que se tornaram hipertensas pelo consumo da frutose tiveram a sua pressão controlada com o uso do picão-preto. O picão-preto ainda foi capaz de controlar os níveis de triglicerídeos, evitando sua elevação.
Ação anti-inflamatória
O picão-preto foi testado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, e demonstrou uma capacidade anti-inflamatória e imunomoduladora. Por essas duas ações, ele consegue controlar, com facilidade, vários modelos de processos inflamatórios.
Proteção intestinal
Na Universidade Federal de Goiás, o extrato de picão-preto foi testado no controle de uma inflamação da mucosa intestinal chamada mucosite, muito comum em pacientes que passam por quimioterapia e radioterapia.
Em pessoas que sofrem de mucosite, o chá de picão-preto pode evitar essa inflamação e melhorar a saúde intestinal.
Ação antitumoral
Testado pela Universidade Federal de Santa Catarina em cobaias que tiveram tumores implantados, o picão-preto demonstrou a capacidade de controlar e inibir o desenvolvimento desses tumores, e de aumentar o tempo de vida das cobaias.
Em um estudo realizado no Japão com células de câncer colorretal, coletadas e cultivadas em laboratório, verificou-se que o extrato de picão-preto induz essas células a apoptose – a morte espontânea das células.
Em um estudo realizado em Taiwan com células de leucemia, os extratos de picão-preto foram muito eficientes em inibir o desenvolvimento das células leucêmicas.