Você vai ver nesse artigo:
Mulungu: benefícios e como usá-lo
O mulungu é uma planta importante para tratamentos fitoterápicos.
Várias árvores do gênero eritrina, que existem pelo Brasil, são chamadas de mulungu. Na região litorânea do estado de São Paulo nasce a Erythrina speciosa, que tem flores bastante vistosas.
Em outras regiões, nascem outras espécies de mulungu, como a Erythrina falcata, a Erythrina velutina e a Erythrina verna (ou Erythrina mulungu). Essas são as principais espécies de mulungu encontradas pelo Brasil. São árvores que normalmente têm a floração vermelha ou alaranjada, e que perdem as folhas durante a floração.
Além de ser uma planta ornamental, muito utilizada no paisagismo e na arborização urbana, encontrada em praças e calçadas, ela também tem importantes propriedades medicinais.
Normalmente, encontram-se mais ou menos as mesmas propriedades medicinais em todas essas espécies. Popularmente, elas são utilizadas como relaxante muscular, para facilitar o sono, como ansiolíticas e como calmantes.
Pesquisas demonstram que, em algumas delas, as propriedades medicinais estão na casca do tronco. O mais comum é utilizar a casca do mulungu para preparar os medicamentos.
Em outras pesquisas, constatou-se que há também propriedades medicinais nas folhas e nas flores.
Cuidados no uso do mulungu
O mulungu não é uma planta que pode ser tomada livremente, como o capim-cidreira (que é possível tomar 1 litro por dia).
Há relatos de uma senhora que utilizou o mulungu pois tinha dificuldades para dormir e estava passando por um momento de estresse. Ela tirou a casca da árvore, fez chá com ela, e após tomá-lo foi dormir às duas da tarde, e acordou somente às 10 da manhã do dia seguinte. Quando acordou, ela não conseguia falar, pois a língua estava inchada.
Em alta dosagem, isso pode acontecer, pois a planta é relaxante muscular, causa vasodilatação e depressão do sistema nervoso central. Isso pode ser perigoso, por exemplo, para quem tem problemas cardíacos.
Recomenda-se utilizar uma colher de sobremesa de casca de mulungu para cada xicara de água. Se a pessoa está estressada, pode começar tomando duas xícaras ao dia. Se tem dificuldades para dormir, pode tomar uma xícara antes de dormir.
É possível utilizar cápsulas de mulungu (comercializadas, por exemplo, em farmácias de manipulação) ou a tintura do mulungu, pingando-a na água, caso a pessoa saiba preparar ou tiver acesso a alguém que saiba.
Experiências de usuários demonstram que a combinação de mulungu com a planta colônia (Alpinia speciosa) tem eficiente ação ansiolítica, calmante, facilitadora do sono, e serve para tratar agitação em crianças e idosos.
Dificuldade de fixação da memória
A Universidade Federal do Sergipe fez uma pesquisa com a Erythrina velutina, e demonstrou que o extrato das folhas dela piora a fixação da memória. O uso das folhas da Erythrina velutina não é recomendado para quem tem problemas de memória, danos neurológicos ou Alzheimer.
Uso das sementes e das flores de mulungu
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, sementes das diversas espécies de mulungu têm um tipo de lecitina, substância que exerce a mesma ação do curare – veneno retirado das costas do sapo e que os índios, na Amazônia, utilizam nas pontas das flechas para caçar.
Essa informação foi confirmada pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, que testou as sementes da Erythrina speciosa e verificou que a lecitina faz com que o sangue coagule nas veias, e pode até matar quem sofre de trombose.
Em um estudo conjunto, a Universidade Federal do Espírito Santo e a Universidade Federal do Pará, constataram que as folhas da Erythrina mulungu não são tóxicas para as células do organismo, porém, tanto o uso das delas quanto das flores dessa espécie pode alterar o DNA. Portando, não se deve utilizar as folhas, flores ou sementes da Erythrina mulungu, somente a casca do tronco.
Para algumas espécies de mulungu, pode se usar as folhas e flores. Porém, de modo geral, recomenda-se utilizar a casca do tronco da árvore, que concentra a maior parte dos princípios ativos.
Usos populares do mulungu
Nem todas as utilizações do mulungu pelo Brasil estão comprovadas cientificamente.
Popularmente, o mulungu é utilizado para tratar histeria, nervosismo, insônia, agitação em idosos (por conta do Alzheimer), como relaxante muscular (por isso é indicado para tratar fibromialgia), e devido a toxidade das sementes, é utilizado como veneno para matar peixes.
A ação relaxante muscular do mulungu facilita o sono e, em alguns casos, trata o ronco, e em muitos casos melhora o bruxismo (o ranger dos dentes, principalmente ao dormir).
O mulungu controla a taquicardia. Quem tem pressão arterial muito baixa não deve usar o mulungu, pois ele abaixa mais ainda a pressão.
Propriedades medicinais da Erythrina speciosa

A Erythrina speciosa (cuja inflorescência se dá em forma de candelabro) foi testada pela Universidade de Londrina, e foi verificado que as folhas dela não exercem atividade relaxante, ansiolítica ou calmante. O ideal é utilizar a casca do tronco dela, não as folhas.
Propriedades medicinais da Erythrina mulungu

Ação anticonvulsiva
A Erythrina mulungu é a espécie de mulungu mais popular e mais presente na literatura medicinal. Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal do Ceará demonstrou que o extrato da casca do tronco dela exerce ação depressora do sistema nervoso central, prolongadora do sono e anticonvulsiva.
Por conta da ação no sistema nervoso central e relaxante muscular, o uso da casca dessa espécie em quem tem epilepsia e crises convulsivas, espaça as convulsões e reduz a intensidade delas.
Para tratar epilepsia, recomenda-se o mulungu, principalmente associado à macela e à folhas de abacate.
Duas pesquisas realizadas pela Universidade de Ribeirão Preto comprovaram a ação das flores da Erythrina mulungu como anticonvulsionante: alguns alcaloides que existem nas flores dessa espécie inibem (em até 100%) as convulsões.
Ação ansiolítica
Em outra pesquisa da Universidade de Ribeirão Preto, as flores da Erythrina mulungu também demonstraram excelente potencial ansiolítico.
Tanto as flores quanto a casca do tronco da Erythrina mulungu podem ser utilizadas para tratar convulsões, ansiedade, insônia e outros problemas do sistema nervoso central.
Propriedades medicinais da Erythrina velutina

Tratamento de estresse, ansiedade e insônia
A Erythrina velutina foi testada pela Universidade Federal da Paraíba, e verificou-se que tanto as folhas quanto a casca do tronco dela exercem ação sedativa, ou seja, reduzem a atividade do sistema nervoso central, e são eficientes para tratar estresse, ansiedade e insônia. A casca do tronco tem ação mais potente que a das folhas.
Ação antinociceptiva
A Universidade Federal de Sergipe também testou as folhas da Erythrina velutina, e verificou que exercem ação antinociceptiva, reduzindo a sensibilidade à dor, e podem ser utilizadas para tratar dores crônicas, dores nas articulações, dores musculares ou enxaqueca.
Efeito prolongador do sono
Uma pesquisa realizada no Japão testou os alcaloides da Erythrina velutina, e verificou que ela exerce efeito hipnótico, prolongador do sono e relaxante muscular. Em testes com animais, a planta aumentou o tempo de sono em até 17 vezes.
Ação sedativa
Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal do Ceará com a casca do tronco da Erythrina velutina demonstrou que essa parte da planta exerce ação depressora do sistema nervoso central (controladora de agitações, histeria e nervosismo), facilitadora e prolongadora do sono, e anticonvulsionante. Essa ação sedativa e facilitadora do sono também foi comprovada pela Universidade Federal do Paraná.
Propriedades medicinais da Erythrina falcata

Controle da hipertensão arterial
Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul demonstrou que o chá das folhas da Erythrina falcata ajuda a controlar a hipertensão arterial, inclusive com melhores resultados que medicamentos convencionais, como Losartana e Propranolol.
Ação relaxante e depressora do sistema nervoso central
A Universidade Federal do Rio Grande do Sul demonstrou que as folhas da Erythrina falcata exercem efeito sedativo, relaxante e redutor de agitações. Popularmente se utiliza a casca do tronco da árvore, mas essas pesquisas demonstram essa atividade também nas folhas.
A Universidade de São Paulo (USP) e a PUC de São Paulo constataram que a casca do tronco da Erythrina falcata exerce ação ansiolítica, relaxante e depressora do sistema nervoso central.
Ação anticoncepcional
O mulungu é muito utilizado por algumas comunidades, dentro e fora do Brasil, como anticoncepcional, para evitar a fixação do embrião na parede uterina e o desenvolvimento embrionário.
A Erythrina falcata foi testada por uma universidade do Peru, e verificou-se que ela impede a nidação – a fixação do embrião na parede do útero.
Isso não significa que a pessoa possa abandonar os anticoncepcionais e usar somente a Erythrina falcata, pois não existem pesquisas que demonstrem que isso aconteça 100% das vezes e em todas as pessoas. Porém, essa planta tem potencial para inibir a gestação – ocorre a fecundação do óvulo, mas ele não se fixa no útero e é eliminado.
Segurança no uso
Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul demonstrou que as folhas da Erythrina falcata não causaram mutagenicidade (deformação do DNA), e por isso não causam câncer, nem danos neurológicos.