Odontologia: mitos e verdades
1) Impacto do excesso de antibióticos nos dentes
O antibiótico é um medicamento usado para combater infecções, que surgem quando uma bactéria ou vírus se instala no organismo e provoca diversos transtornos. O antibiótico mata esses microrganismos e o corpo volta ao estado normal.
A cárie decorre de um grupo de bactérias que mora na boca, se alimenta de açúcar e produz ácidos que dissolvem o dente. Como também as elimina, o antibiótico previne-a, apesar de, se consumido constantemente, acarretar efeitos colaterais.
O mito segundo o qual antibióticos enfraquecem os dentes provém de quando se acrescentou sacarose (açúcar), para tornar o gosto mais agradável, às versões destinadas às crianças. Mas, se elas não escovassem os dentes após tomar esse remédio, o efeito seria o mesmo de quando não escovam imediatamente depois de comer um doce.
2) Extração do dente siso
Outro mito diz respeito à necessidade de se esperar o dente do siso nascer para extraí-lo. Isso não é verdade, porque, muitas vezes, ele não nasce, permanece dentro do osso, caso em que a extração é soberana, visto que, do contrário, pode fomentar vários problemas, como reabsorção da raiz do segundo molar, bolsa periodontal e movimento de dentes, que se corrigiu com aparelho, dentre outros.
3) Diagnóstico prévio de cáries e outras lesões
Se o paciente espera sentir dor para buscar um profissional, provavelmente o dente não tem mais salvação e levará a gastos com outros tratamento para repor a estrutura danificada pela cárie. Deve-se ir ao dentista uma ou duas vezes por ano para diagnóstico prévio de cáries e outros tipos de lesões a fim de evitar despesas adicionais e perda da função do dente.
Caso a cárie seja superficial e detectada a tempo, o custo da restauração será reduzido e o procedimento, feito sem anestesia. Se estiver profunda, o paciente terá mais sensibilidade a doce, frio e até à mastigação, mas, nesse estágio, o canal do dente ainda não se comprometeu. Em situações mais graves, é necessário tratar o canal e reconstruir a estrutura dentária, o que implica mais visitas ao dentista e custo mais elevado.
4) Perda natural dos dentes em decorrência da velhice
Na verdade, a perda dos dentes não advém do envelhecimento; só ocorre em razão de doença gengival, periodontite ou trauma. Com terapia de prevenção, é possível chegar à terceira idade com todos os dentes na boca.
5) Sangramento na gengiva durante escovação
O sangramento da gengiva durante a escovação, o uso do fio dental e até de forma espontânea é sinal de gengivite, ou seja, inflamação da gengiva, que, visualmente mais avermelhada e inchada, resulta da presença constante de placa bacteriana, camada áspera que se instala sobre os dentes após as refeições. Para esse distúrbio diminuir, é preciso escovar os dentes sempre depois que se alimentar e procurar um cirurgião-dentista.
6) Escovação com bicarbonato para clarear os dentes
O bicarbonato não é agente clareador; apenas auxilia na remoção da placa bacteriana. Por ser abrasivo, se aplicado em excesso pode, inclusive, desgastar os dentes, por isso só se deve utilizar em consultório odontológico.
Os melhores cremes dentais são os que apresentam relação adequada entre abrasividade e poder de limpeza. A pasta abrasiva, de consistência arenosa, às vezes com pequenas partículas, desempenha o papel de lixar o esmalte dos dentes para tirar manchas superficiais, principalmente de fumo ou de consumo exagerado de café. Os clareadores não clareiam absolutamente nada, somente corroem o esmalte dentário.
O dente é composto de três camadas: esmalte (camada superficial), dentina (camada intermediária) e nervo (ou polpa, também conhecida como canal). Em médio prazo, usar bicarbonato suscita sensibilidade e dor ao se comer ou beber, por exemplo, algo gelado, em virtude da exposição da dentina.
7) Problemas bucais causados por escovas com cerdas duras
Além de não intensificarem a limpeza, as escovas com cerdas duras podem ocasionar certas disfunções bucais e, se associadas a muita força na escovação, machucar a gengiva, causar recessões gengivais, que expõem parte das raízes dos dentes, e elevar a sensibilidade dentinária.
A melhor escova de dentes é a de cerdas (de um só tamanho) macias ou extramacias e cabeça relativamente pequena (para alcançar todos os espaços).
8) Higienização antes de dormir, a mais importante
Durante o dia, mesmo que impossível escovar convenientemente os dentes, ocorre autolimpeza em vista dos movimentos do lábio e da língua e da existência da saliva. No entanto, quando o indivíduo está dormindo (em repouso), como não há nenhum desses movimentos, escasseia a produção de saliva e, consequentemente, se ele não tiver feito escovação apropriada, as bactérias da boca fermentam o resto alimentar e também liberam ácidos que desmineralizam os dentes e promovem cáries e gengivite.
9) Tratamento odontológico durante a gravidez
A gestante pode submeter-se a terapêutica odontológica em qualquer fase da gravidez, porém a melhor época é o segundo trimestre, porque, no primeiro, como o bebê ainda se está formando, evita-se ministrar medicamentos.
Raios-x, mesmo que imprescindíveis para certos procedimentos, estão proibidos durante toda a gestação, portanto, se planejar engravidar, é melhor a mulher antes passar por tratamento odontológico.
10) Higienização bucal de bebês ainda sem dentes
Ainda que o bebê não tenha dentes, devem-se limpar a gengiva, as bochechas e a língua dele, após cada amamentação, com gaze umedecida em água filtrada ou em soro fisiológico, por dois motivos: impede-se a fermentação do leite na boca do bebê e ele começa a habituar-se à higienização bucal desde cedo.
Pesquisas comprovam que os principais transmissores de bactérias da cárie para o bebê são a mãe e o pai (nessa ordem), já que ele nasce sem nenhuma. Isso ocorre quando ela sopra a comida dele, quando a prova na mesma colher que utiliza para alimentá-lo ou quando lhe beija a mão, que ele então leva à boca.
11) Fortalecimento dos dentes com flúor
O flúor fortalece os dentes da criança, todavia em baixas doses e até os sete anos de idade, limite da formação dos dentes permanentes no interior do osso e embaixo dos provisórios.
O emprego excessivo dessa substância prejudica a constituição dental, com risco de fluorose, doença que provoca, nas pontas dos dentes permanentes, manchas leves, moderadas (em todo o dente) ou severas (mais escuras, em todo o dente), o que afeta muito o sorriso.
Para crianças até sete anos indica-se pasta dental com metade do teor de flúor da do adulto, informação que se verifica no rótulo, mas é preciso ficar atento porque a maioria delas contém a mesma quantidade. Poucas, no Brasil, têm a dose adequada (por volta de 500 ppm) para crianças.
12) Consequência da chupeta para a dentição das crianças
O uso prolongado da chupeta, em estímulo constante entre os dentes, pode acarretar mordida anterior aberta, disfunção muito comum pela qual os da frente se projetam e se afastam.
É fundamental o acompanhamento de um odontopediatra para instruir corretamente os pais, porque a chupeta pode, inclusive, ocasionar deformação no osso, que pode subir, quando deveria permanecer reto.
De modo geral, o ideal eliminar-se a chupeta até os cinco anos de idade, visto que, por volta dos seis, se inicia a troca dos dentes de leite pelos permanentes. Atualmente, há chupetas ortodônticas, menos prejudiciais, mas elas também prejudicam o encaixe dos dentes.
13) Relação entre inflamação gengival e doenças cardíacas
Estudos demonstram que bactérias bucais, causadoras da gengivite e da periodontite, podem estar associadas a determinadas enfermidades cardiovasculares. Isso ocorre porque esses microrganismos podem penetrar na corrente sanguínea durante a escovação ou após certos procedimentos odontológicos, como raspagem, e influenciar o sistema cardiovascular. Por isso, pacientes com distúrbios cardíacos, como os que possuem válvulas artificiais ou têm histórico de endocardite, sempre devem advertir o dentista, que provavelmente prescreverá antibiótico antes de efetuar intervenção com possível sangramento.
14) Idade ideal para a colocação do aparelho ortodôntico
Há vários razões para o mau encaixe dos dentes. Antes de se afirmar que, quanto antes se colocar o aparelho, melhor será o resultado, é preciso diagnosticar se o que a criança apresenta provém dos dentes ou dos ossos.
Se o problema for ósseo, o ideal é fazer a correção a partir dos cinco anos de idade, quando o prognóstico é mais favorável e o tratamento, mais rápido. É possível movimentar todos os dentes e obter resultados mais estéticos. Caso seja apenas dentário, a reparação deve-se iniciar por volta dos onze ou doze anos, idade em que a terapia é mais veloz e menos dolorida do que em adulto, cujo processo também é mais lento do que em adolescente.