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Maracujá: benefícios e como usá-lo
Existem mais de 500 espécies de maracujá no mundo, a Passiflora incarnata (de cor roxa), é uma das mais utilizadas medicinalmente, e a Passiflora edulis (amarela), que pode ser comprado em supermercados, também tem as propriedades medicinais comprovadas.


O maracujá é uma planta frutífera, nativa de várias regiões tropicais, muito produzida e consumida. O Brasil é um dos maiores produtores de maracujá do mundo, e produz muitas espécies dele.
A terceira espécie de maracujá mais utilizada medicinalmente é a Passiflora alata, doce, encontrada com facilidade em supermercados.
A palavra maracujá deriva da língua indígena: “mara”, significa fruto; e “cuyá”, quer dizer cuia – ou seja, o “fruto que dá na cuia”, em alusão ao formato do fruto quando cortado.
Nutricionalmente, é uma planta rica em vitaminas, como A, C e do complexo B, e tem excelente quantidade de minerais, como ferro, sódio, cálcio e fósforo. Comer maracujá é muito benéfico para a saúde.
Na medicina popular, o maracujá é utilizado como sedativo, ansiolítico, calmante, hipnótico, sonífero, tonificante, para tratar disfunções sexuais e dores de cabeça, entre outras atividades.
Cuidados no uso do maracujá
A folha do maracujá é a parte dele mais utilizada popularmente. No entanto, o chá das folhas dele deve ser tomado com cautela. Não se deve tomar uma quantidade muito grande ou concentrada desse chá, nem tomá-lo prolongadamente.
O maracujá tem uma substância chamada glicosídeo cianogênico, que quando passa pelo trato digestivo, transforma-se em ácido cianídrico, um composto altamente tóxico, muito comum, por exemplo, na mandioca-brava, que é venenosa, apesar de ser utilizada para fazer polvilho. Outras plantas também têm ácido cianídrico, como as sementes de maçã quando torradas.
Existem relatos de um inglês que comeu uma cuia de sementes de maçã torradas e morreu de cianose, a doença causada pelo acúmulo de ácido cianídrico no organismo.
A pessoa não irá morrer se tomar uma grande quantidade de maracujá ou das folhas dele, mas pode ter intoxicação do fígado, da vesícula, dos rins, dores de cabeça, diarreias, entre outros males.
Para evitar problemas, ferva as folhas do maracujá, cozinhando-as o chá ficará seguro. A mandioca-brava, por exemplo, não pode ser comida crua, já que por conta dos glicosídeos cianogênicos pode causar intoxicação.
Benefícios do maracujá
Ação relaxante e ansiolítica
O principal princípio ativo do maracujá é a passiflorina, também chamada de armano. O maracujá também possui uma substância chamada crisina, que é vasorrelaxante, tranquilizante e tem efeito semelhante ao de alguns benzodiazepínicos (ansiolíticos comerciais, como o diazepam, valium, lexotan, entre outros), que trazem vários efeitos colaterais.
A crisina do maracujá amarelo demonstrou capacidade ansiolítica muito parecida à do diazepam, porém, sem causar prejuízos característicos dos benzodiazepínicos, como, por exemplo, perda de memória ou dependência química.
Experimentalmente, foi verificado que tanto o maracujá roxo, quanto o amarelo e o doce exercem eficiente atividade ansiolítica e sedativa. O chá das folhas do maracujá pode ser uma excelente opção para tratar estresse, nervosismo, ansiedade e dificuldades para dormir.
Esse efeito ansiolítico também foi verificado no extrato produzido com as flores do maracujá roxo.
Em outro estudo, o maracujá amarelo demonstrou ação depressora do sistema nervoso central, eficiente para tratar nervosismo e insônia.
Em um estudo, o uso do extrato de maracujá amarelo em associação com o diazepam evitou a dependência causada por este. Assim, a pessoa conseguia parar o tratamento com o diazepam com mais facilidade.
Existem pessoas que, ao tentarem abandonar o diazepam, sentem desespero e aflição, que fazem parte da crise de abstinência.
Tratamento da epilepsia
O maracujá roxo foi testado e atenuou crises epiléticas.
Quando a pessoa usa diazepam para tratar a epilepsia, depois da crise epilética pode surgir um processo depressivo. O maracujá evita isso.
Tratamento de distúrbios do sono
Pessoas com distúrbios do sono (que não conseguem dormir ou aprofundar o sono) foram tratadas com o chá de maracujá e tiveram grande melhora na condição do sono (conseguiram dormir mais profundamente).
Tratamento do TDA
O extrato do maracujá administrado em crianças com Transtorno do Déficit de Atenção (TDA) aumentou a atenção, a concentração e deixou-as mais calmas e relaxadas. Tanto o maracujá amarelo, quanto o roxo e o doce tiveram os mesmos efeitos, e podem compor um tratamento auxiliar eficiente para esse problema.
Auxílio para parar de fumar
Popularmente, se fala muito que o chá de maracujá ajuda a abandonar o vício de fumar. Em um teste, cobaias foram injetadas com nicotina durante um período para que se tornassem dependentes. Separadas em dois grupos, o primeiro tomou extratos de maracujá roxo, e o segundo não.
Os efeitos da crise de abstinência (ansiedade, estrese e nervosismo, que ocorrem quando a pessoa está tentando parar de fumar) foram muito leves no grupo tratado com maracujá roxo, já o não tratado com ele teve crises de abstinência muito mais fortes.
O uso do chá ou dos extratos de maracujá pode ser benéfico para quem está tentando parar de fumar.
Ação antitussígena
Em pessoas com crises de tosse, o efeito do extrato de maracujá foi comparável ao do fosfato de codeína, um medicamento analgésico, relaxante e antitussígeno muito utilizado. Ou seja, o extrato de maracujá é eficiente em combater tosses persistentes.
Tratamento da asma
Em outro estudo, o extrato do maracujá foi eficiente em auxiliar no tratamento da asma, melhorando as dispneias (falta de ar).
Controle do colesterol e da glicemia
Para quem é obeso e/ou tem excesso de colesterol, a parte branca da casca do maracujá é excelente (mas não é necessário retirar a parte amarela). Com ela é feita uma farinha, que pode ser comprada em casas cerealistas e de produtos naturais, ou preparada em casa. Ela pode ser adicionada em vitaminas, sopas, cozidos, e outras receitas, ou utilizada para fazer pães, biscoitos, bolos, etc.
A farinha da casca do maracujá é rica em uma fibra solúvel chamada pectina, que, quando consumida, se agrega à gordura. Como a pectina é eliminada nas fezes, a gordura que ela agregou também o é, reduzindo a absorção de gorduras pelo organismo.
Existem relatos de pessoas que emagreceram 5, 10 ou 20kg somente consumindo farinha de maracujá. Pesquisas demonstram que a eliminação de gordura pelas fezes é aumentada grandemente quando a pessoa consome farinha de maracujá.
A farinha de maracujá também é eficiente em controlar a glicemia (os níveis de açúcar no sangue), e também regulariza as taxas de colesterol e triglicérides no organismo. Efeito muito parecido foi encontrado com as sementes do maracujá, normalmente descartadas. As sementes secas, feitas em pó, também controlam a glicemia.
As folhas do maracujá roxo foram testadas no controle da glicemia e também foram efetivas. O chá de maracujá roxo pode ajudar no controle da glicemia de quem tem diabetes (principalmente tipo 2).
Ação cicatrizante do sistema gastrointestinal
Muito se fala do uso do maracujá como cicatrizante para feridas, porém, os estudos não demonstram atividade muito expressiva dele como cicatrizante, principalmente em uso tópico (sobre a pele).
Em contrapartida, pessoas que realizam cirurgia e tiveram o estômago suturado, têm um processo de cicatrização acelerado por tomar o chá de maracujá. Em outros casos, como em cirurgias do intestino, a cicatrização do aparelho gastrointestinal foi facilitada com o uso dos extratos de maracujá.
Ação antioxidante
Todas as espécies de maracujá exercem excelente atividade antioxidante, combatendo radicais livres no organismo, o envelhecimento precoce e doenças inflamatórias.
Ação anti-inflamatória
Os extratos de maracujá também exercem moderada ação anti-inflamatória, e o chá de maracujá pode ser utilizado como alternativa natural para tratar inflamações leves.
Cultivo do maracujá
O maracujá precisa de solos profundos e bem drenáveis. Para plantá-lo recomenda-se solos com textura e estrutura mais arenosa ou arenoargilosa.
É possível consultar instituições governamentais que fazem extensão rural e podem oferecer subsídios interessantes para orientação desse plantio.
O maracujá é uma planta originária da América do Sul, e algumas espécies são de origem brasileira. Há mais de 150 espécies de maracujá, das quais cerca de seis são agricultáveis e utilizadas no Brasil para plantio.
Coleta de amostra do solo
Antes de fazer o plantio de qualquer cultura, não só do maracujá, é necessário praticar a coleta de amostra de solo para estudar a necessidade de correção desse solo caso o pH esteja abaixo de 5 (ácido), o que normalmente é causado por excesso de alumínio no solo.
Espaçamento das plantas
Em termos de espaçamento, o ideal é 2,5m por fileira e 5m entre plantas. O maracujá é plantado com fixadores: é preciso colocar estacas ou arames, assim como no plantio da uva (parreira), por se tratar de uma planta trepadeira.
Se mecanizar o plantio, é necessário ter uma rua mais larga, com 3,5m ao invés de 2,5m.
Poda do maracujazeiro
15 a 20 dias após o plantio é necessário retirar os “brotos ladrões” (laterais). Quando a planta ultrapassa o arame superficial em 10cm, é necessário fazer a “poda de capação de olho”, para estimular a produção de ramos.
Agentes de polinização
Ocasionalmente o maracujá não produz por falta de agentes de polinização, normalmente abelhas. No caso específico do maracujá, pela morfologia da folha, a abelha mamangava, maior, faz essa polinização. Quando não há esse agente polinizador, é necessário fazer uma polinização artificial.
Pragas do maracujá
As principais pragas nas culturas de maracujá são: pulgões, percevejos, lagartas, moscas, arapuás e algumas doenças típicas, como antracnose, verrugose, septoriose, podridão do solo, fusariose, entre outras.
Para produzir maracujá, deve-se procurar um solo menos compacto e mais profundo.