Diante de uma pecuária moderna, eficiente e competitiva, o pecuarista deve buscar sempre o equilíbrio entre os três pilares do setor: genética, nutrição e sanidade. Para isso, é fundamental o manejo sanitário, a começar pelos bezerros, que estão mais predispostos à contração de doenças – e mesmo os que se recuperam invariavelmente, apresentam um desempenho produtivo inferior aos que não ficaram doentes.
O manejo sanitário compõe um conjunto de medidas cuja finalidade é manter condições de saúde maximizadas para o rebanho. Os componentes desse manejo visam evitar, eliminar ou reduzir ao máximo a ocorrência de doenças, e dessa forma serão obtidos melhor aproveitamento do material genético disponível e ganhos substanciais em produção e produtividade.
Existem dois tipos de manejo sanitário: o preventivo, em que se encaixam as vacinações, vermifugações estratégicas e o controle estratégico dos ectoparasitas, além dos exames de rotina; e o curativo, no qual estão envolvidas as principais doenças e desordens metabólicas, para os quais deve haver protocolos eficientes e específicos.
Uma vaca no pré-parto deve se manter imune a verminoses, sendo recomendado o uso de antibióticos e anti-inflamatórios. Caso ela também possua baixo escore corporal, vale a pena lançar mão de produtos que proporcionem uma melhoria da conversão alimentar. É importante também atenção na prevenção da mastite, pois ela atrapalha o colostro, o qual é fundamental para o crescimento saudável do bezerro. Para tanto, vacinas que previnam clostridioses e problemas respiratórios e reprodutivos sempre serão de grande valia.
Um começo de vida sem doenças pode ser determinante no estabelecimento da condição sanitária do bovino durante toda sua existência. Logo após o nascimento, o umbigo é uma porta aberta para a entrada de bactérias, a partir daí podendo atingir todos os outros órgãos, principalmente o fígado e a bexiga, por meio ou da circulação sanguínea ou da instalação de bicheiras, o que pode resultar numa elevada taxa de mortalidade. Por isso, a cura imediata do umbigo, com solução de álcool iodado a 5%, é indispensável na medida em que possui duas funções vitais: a destruição das bactérias e o fechamento da porta de entrada das doenças que atingem tanto o gado de corte quanto o gado leiteiro.
No caso das bezerras, os principais cuidados são com: diarréia, pneumonia, tristeza parasitaria, verminoses e clostridioses. No gado adulto, as principais afecções envolvem mastite, problema de casco, problemas reprodutivos, pneumonia, retenção de placenta, deslocamento de abomaso e problemas metabólicos.
Ao nascer, o bezerro não tem resistência imunológica. Daí a importância da ingestão de colostro. É fundamental que os recém-nascidos recebam aproximadamente quatro litros nas primeiras seis horas após o nascimento, pois nesse intervalo a absorção de anticorpos é máxima.
Uma série de medidas preventivas pode ser executada em períodos predeterminados, evitando, assim, grandes perdas econômicas dentro do sistema de produção, ocasionadas por erros de manejo que podem facilitar a chegada de doenças. É muito importante a higienização adequada do ambiente e dos utensílios utilizados no tratamento dos animais. Outro ponto importante é a não negligência do calendário sanitário, ou seja, a correta vacinação desses animais.
É importante agrupar os animais em lotes como forma de facilitar e uniformizar o manejo dos bezerros. As vacinas recomendadas de rotina são ferramentas essenciais nesse processo. E sabe-se que o custo/benefício da vacinação é muito positivo e evita gastos futuros, remediando uma prevenção malfeita.
Um calendário sanitário básico deve conter medidas preventivas planejadas e adaptadas à realidade de cada rebanho. Características como o manejo do rebanho e o clima irão influenciar no tipo de medidas adotadas e na época em que elas devem ocorrer. Dentre as mais comuns e importantes, podem ser citadasvacinações, vermifugação, pedilúvio preventivo, casqueamento e demais preparações necessárias a eventos específicos como, por exemplo, estação de monta e de nascimento.
O calendário deve ser construído para otimizar a prevenção das principais doenças que ocorrem nos diversos estágios de crescimento, como aftosa, brucelose e clostridiose, e no caso das vacas, podem ser citados problemas reprodutivos, rinotraqueite, diarréia bovina, vírus e os casos de mastite ambiental. Dessa forma o calendário deve ser montado de acordo com o estágio dos animais e da região. A recomendação é vacinar todas as fêmeas entre três e oito meses de idade contra brucelose. A vacinação contra as clostridioses e a raiva deve ser realizada a partir dos quatro meses de idade. No caso da febre aftosa, a recomendação é seguir a orientação do órgão de defesa sanitária local, para assim poder proporcionar a comercialização de uma carne saudável.
Mão-de-obra qualificada
Os colaboradores da fazenda é que irão fazer com que essas medidas profiláticas e curativas adotadas sejam bem sucedidas. Para isso, eles devem entender o porquê de cada manejo sanitário e o que pode acontecer caso ele não seja realizado da maneira correta. Dessa forma, o treinamento de capacitação deve ser uma constante. O manejo sanitário deficiente irá invariavelmente trazer problemas. Isso porque os animais estarão mais sujeitos a contraírem doenças, e consequentemente a taxa de mortalidade aumentará, e os índices de produção e produtividade cairão, além de um maior gasto com medicamentos, e isso tudo é traduzido em uma menor lucratividade para o produtor.