Lesão cerebral adquirida
O cérebro fica bem protegido dentro do capacete natural que chamamos de cabeça. Além de ficar no interior do crânio, o cérebro também é protegido por membranas, conhecidas como meninges, e pelo líquido cefalorraquidiano, situado entre algumas dessas membranas. Toda essa proteção serve para amortecer o impacto de colisões e impedir infecções. Geralmente, essas proteções são bem eficientes, porém, a depender da gravidade do acidente, as pessoas poderão sofrer lesões cerebrais adquiridas.
A lesão cerebral adquirida é um ferimento no cérebro que pode provocar mudanças no jeito como alguém pensa e age. Ela pode funcionar como um tsunami, devastando a vida da pessoa, e a recuperação das sequelas pode exigir muita paciência.
Traumatismo crânio-encefálico
Uma pessoa pode adquirir lesões cerebrais de várias formas. Uma delas consiste no traumatismo crânio-encefálico, que ocorre quando uma força externa provoca um forte impacto no cérebro, fazendo com que o indivíduo perca a consciência e entre em coma. O traumatismo é mais comum em acidentes de carro, moto, tiro ou batida na cabeça durante a prática esportiva, muito comum, por exemplo, no futebol americano.
Acidente vascular cerebral
A lesão também pode surgir a partir de um acidente vascular cerebral (AVC), também conhecido como “derrame”. O AVC acontece quando um vaso ou artéria do cérebro estoura ou entope. Porém, quando vasos ou artérias somente se dilatam em demasia, o quadro recebe a denominação de aneurisma cerebral.
Tumor cerebral
O tumor cerebral pode causar lesões devido ao crescimento e multiplicação anormal de células do cérebro. Enquanto isso, alguns tipos de vírus podem ser a origem do dano a partir do momento que iniciam uma infecção viral no cérebro.
Insuficiência de oxigênio
Por último, a falta de oxigênio no cérebro em decorrência de uma parada cardiorrespiratória também pode levar a lesões.
Consequências provocadas pelas lesões cerebrais adquiridas
Atualmente, a lesão cerebral adquirida é uma das principais causas de morte e de incapacitação em adultos. No Brasil, o traumatismo crânio-encefálico motivado por acidente de carro e o AVC são as principais causas de deficiências adquiridas em adultos. Para quem sobrevive, uma lesão pode ocasionar vários efeitos, incluindo mudanças físicas, cognitivas e emocionais.
As mudanças emocionais, como agressividade, tristeza e ansiedade, são muito comuns. O mesmo vale para mudanças cognitivas, como dificuldades na fala, memória, atenção e autocontrole. Quando essas dificuldades são menos visíveis, elas podem demorar anos para serem notadas.
Infelizmente, as pessoas costumam ter pouco conhecimento sobre os efeitos das lesões cerebrais adquiridas, o que pode culminar em problemas de convivência. Uma pessoa pode, por exemplo, ter dificuldade em controlar seus impulsos, falando ou fazendo o que vier à sua cabeça. Trata-se de uma sequela conhecida como desinibição, e algumas pessoas podem julgar isso como algo intencional, culpando o indivíduo por ser egoísta, desequilibrado ou oportunista.
Dificuldades intermitentes
Além de invisível aos olhos, uma lesão no cérebro pode ser descrita como algo no mínimo esquisito, já que as dificuldades podem aparecer em um dado momento e desaparecer em outras circunstâncias. Assim, uma pessoa pode se lembrar de fatos totalmente aleatórios, mas se esquecer de coisas realmente importantes. Em alguns casos, as dificuldades são sutis e pouco perceptíveis por outras pessoas.
Superação das lesões cerebrais adquiridas
Juntamente com a lesão, a falta de apoio e compreensão podem levar o indivíduo a tristeza, desesperança e medo de ser abandonado. O tempo necessário para recuperar a lesão pode variar muito. Algumas dificuldades surgem logo após o dano e são superadas rapidamente. Já outras passam a ser percebidas somente depois de algum tempo e podem demorar mais para serem amenizadas.
Como tratar lesões cerebrais adquiridas
O tratamento de lesões cerebrais adquiridas pode incluir a participação de vários profissionais, incluindo neuropsicólogos, que, a partir de ferramentas, como testes, entrevistas e observação clínica, devem avaliar e tratar as funções cognitivas e comportamentais comprometidas.
Esse profissional avalia como a pessoa faz suas tarefas, e quando surgirem dificuldades, ele investiga e detalha suas causas. Em seguida, ele desenvolve um plano de reabilitação com o objetivo de ajudar o paciente e seus familiares a viverem melhor. Assim, basicamente o neuropsicólogo também ajuda as pessoas a lidarem com as transformações ocorridas e a construírem uma nova vida.