Leiteira: benefícios e como usá-la
Leiteira e janaúba
Muitos confundem plantas medicinais que têm o mesmo nome popular, algumas delas têm potencial tóxico e, se usadas de maneira equivocada, podem causar sérios problemas à saúde.
A leiteira, também chamada de “leitosinha”, “leiteirinha” ou “leiteiro”, é uma planta africana trazida ao Brasil para fazer cerca viva, e que hoje é utilizada medicinalmente.
A leiteira também é chamada popularmente de janaúba, porém a janaúba verdadeira nasce somente no Nordeste brasileiro, e pertence à família botânica das apocináceas, enquanto a leiteira à das euforbiáceas.
Apesar das duas terem aspecto semelhante e produzirem um látex (o leite que sai das folhas delas) utilizado medicinalmente, elas não são a mesma planta.
O nome cientifico da leiteira é Synadenium grantii, mas existem outros: Euphorbia grantii, Synadenium umbellatum e Euphorbia umbellata. Esses quatro nomes científicos representam variedades da mesma planta. Já o nome científico da janaúba verdadeira é Himatanthus drasticus.



Cuidados no uso da leiteira
A leiteira é muito utilizada popularmente para tratar o câncer. Ela realmente exerce ação anticancerígena, porém, diferente da janaúba do nordeste brasileiro, ela é altamente tóxica.
No leite de janaúba feito no nordeste, metade do conteúdo é o látex do tronco da planta, e a outra metade é água. Para fazer 1 litro, utiliza-se 0,5l de leite de janaúba para 0,5l de água.
Também se utiliza o látex da leiteira diluído em água, porém, na proporção de 18 gotas para 1 litro de água.
Se a pessoa confundir as duas plantas e fizer a receita da janaúba verdadeira com a leiteira, terá intoxicação.
A leiteira é proteolítica – ela dissolve proteínas, por isso, é muito utilizada, por exemplo, para tratar verrugas e olho-de-peixe, pingando o leite da leiteira nessas formações calosas para que se dissolvam.
Se a pessoa ingerir grande quantidade desse leite, ele é capaz de causar feridas no esôfago e no estômago, porque dissolve tecidos.
Quando o gado consome folhas da leiteira junto com o pasto, em muitos casos tem intoxicação severa e morre, dependendo da quantidade que consumiu – principalmente os bezerros.
Como ela é uma planta proteolítica, dependendo da quantidade de látex que tocar os olhos, pode causar cegueira.
O aveloz é outra planta da qual se utiliza o leite. Um acidente com aveloz ou com a leiteira nos olhos causa muita dor. A ação proteolítica deles lesiona a córnea, e causa cegueira parcial ou permanente.
Quem planta leiteira em casa deve informar às crianças para não mexer na planta, e impedir que animais tenham acesso a ela – se possível, isolando-a para evitar acidentes.
Benefícios da leiteira
Tratamento do câncer
A Universidade Estadual de Ponta Grossa, no Paraná, examinou em animais de laboratório a ação do leite da leiteira contra células de melanoma (câncer de pele). Os animais foram tratados, proporcionalmente de acordo com o tamanho deles, com a preparação de 18 gotas de leite da leiteira para 1 litro de água, e tiveram uma redução de 40% do tumor.
Para fazer o extrato, as folhas da leiteira são trituradas e deixadas macerando. São utilizados vários tipos de solvente, como álcool de cereais, vinagre de maçã ou mesmo água (neste último caso, se a pessoa for tomar em um curto espaço de tempo).
Na Universidade Federal de Goiás, o extrato feito com as folhas da leiteira em dosagem muito baixa foi testado em vários tipos de tumores, como de mama, da próstata, de pele, leucemia, etc. Em todos esses casos, a média de redução do desenvolvimento dos tumores foi de 50%.
Não se deve fazer o chá com uma folha inteira da leiteira. Pegue uma folha, triture-a e faça o extrato. Deixe dois ou três dias curtindo, coe, coloque cerca de 20 gotas em um litro d’água e tome. Ao invés de usar a folha, é possível usar o leite ou a casca do tronco da leiteira.
Em outro estudo conduzido pela Universidade Federal de Goiás, o látex da leiteira matou 50% das células de câncer do intestino. Essas células foram colocadas em placas de laboratório, e tratadas com a preparação de 18 gotas de leite para cada litro de água.
Um trabalho conjunto realizado pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, pela Universidade de São Paulo, e pela Universidade de Oxford, nos Estados Unidos, avaliou a ação da casca do caule da leiteira contra células de leucemia. A redução do número de células leucêmicas vivas foi grande, o que demonstra eficiência parecida com a de medicamentos utilizados para o controle do câncer, como a vincristina e o clorambucil.
O experimento foi realizado com a casca do tronco, mas quem tem leucemia pode utilizar o leite da planta, obtendo também resultados excelentes.
Em um experimento realizado pela Universidade Federal de Santa Catarina, as folhas da leiteira demonstraram ação eficiente no controle da proliferação de células de câncer do cérebro, dos rins, dos pulmões, do intestino, dos ossos, do sangue, das mamas e dos ovários (inclusive alguns tipos de câncer do ovário que não respondiam à quimioterapia), impedindo que elas se multiplicassem e o tumor crescesse.
Quem tem câncer e quer utilizar a leiteira deve usar 18 gotas para 1 litro de água, e tomar duas xícaras diariamente – uma de manhã e uma de noite.
Ação anti-hemorrágica
O látex da leiteira foi testado na Índia, e constatou-se que ele exerce ação anti-hemorrágica. Quem tem vazamento de sangue intenso (por exemplo, em um corte profundo ou ferida) pode diluir algumas gotas do leite da leiteira em um copo com água e lavar essa área para conter o sangramento, ela atua junto com as fibrinas (que formam os coágulos), e coagula o sangue evitando hemorragias.
Ação protetora do estômago
Como protetora estomacal foi testada duas preparações da leiteira, uma é o extrato feito com a casca do tronco, que protegeu o estômago, inclusive combatendo a H. Pylori – bactéria que degrada a mucosa da parede estomacal, causando gastrites e, em alguns casos, úlcera –, e úlceras e gastrites.
O outro estudo demonstrou os mesmos resultados utilizando 18 gotas do leite da leiteira em 1 litro d’água, ou seja, a mesma preparação utilizada para tratar o câncer.