Apesar das dificuldades na economia nacional e internacional, em 2012, segundos dados da Associação Brasileira de Inseminação Artificial, foram comercializados 12 milhões e 300 mil doses de sêmen, um crescimento de 3,64% em relação a 2011. Inseminar não garante a fertilização, é preciso um planejamento para um projeto de sucesso.
Como planejar a inseminação artificial
De uma forma bem sucinta, um bom planejamento dentro de um processo de inseminação deve começar com a escolha do sêmen, e irá terminar com a inseminação em si, a qual deve ser realizada por um inseminador, que deve ser um profissional altamente capacitado e épeça chave dentro de um processo de inseminação, e para isso ele deve ter algumas características muito importantes, primeiramente, ele deve colocar em prática o que se sabe e buscar se reciclar constantemente, tem que ter bons hábitos de higiene, seja pessoal, com os animais, com as instalações e para com o material que será utilizado, além de observar muito bem o cio, saber o momento correto de inseminar a vaca independente do horário do processo, e também que saber também utilizar muito bem os equipamentos necessários.
A eficiência do inseminador, a escolha do sêmen, e o manejo correto são os pilares da inseminação artificial. Um manejo errado irá estressar o animal e ter um grande impacto negativo na fertilidade das vacas, um animal estressado tem uma série de alterações hormonais que irão tirá-lo de seu equilíbrio normal, e sofre com circulação sanguínea mais rápida, movimentos respiratórios aumentados, assim como o batimento cardíaco, e isso faz com que as vacas parem de produzir hormônios essenciais para que ocorra a fertilização.
O manejo de vacas em reprodução é importantíssimo principalmente no período que antecede o processo ovulatório, e deve ser o mais calmo possível.
Dicas importantes de manejo
Ao contrário do que muitos pensam, o ato de inseminar uma vaca não garante que haja fertilização. Fertilizar é diferente, e exige todo um processo que se inicia na escolha do sêmen e termina na inseminação. O inseminador que usa auxiliares no trabalho, precisa treiná-los para o reconhecimento da vaca em cio, e no manejo para conduzir ao curral, sem agressão e evitar que o animal se estresse. O estresse ocorre toda vez que o animal entre em um ambiente onde sua integridade física é ameaçada, seja por dor, por fatores psicológicos com intimidação do homem ou então ambientes que trazem estresse térmico, ou com muita água ou muitas pedras.
A condução nos animais para a seringa, brete e tronco deve ser feita por um peão que conhece o comportamento e o temperamento dos bovinos e evita qualquer tipo de estresse. A contenção em tronco próprio deve ser feita com calma, o local deve ficar na memória da fêmea como agradável e não como um ambiente de medo e necessidade, se houver necessidade do uso de peças de contenção, elas devem ser usadas com o animal parado para não causar dor. Algumas vacas são mais reativas, e se faz necessária uma contenção. Mesmo que vaca esteja agitada, é importante que a equipe de mão de obra da propriedade sempre esteja calma.
A função reprodutiva depende totalmente da condição dos hormônios, o que é influenciada pela condição clínica de estresse, são surpreendentes os benefícios que o manejo tranquilo oferece ao processo de inseminação, principalmente com o retorno financeiro que virá como resultado em termos de percentual na fertilização.
Além de calmos, os animais também precisam ser saudáveis, a sanidade é fundamental, o animal que não está sadio não irá emprenhar, e para se ter sucesso nos programas reprodutivos, o produtor deve lançar mão de alguns cronogramas de vacina, que são a forma mais fácil de se garantir a sanidade, então deve-se realizar vacinação obrigatória, para fêmeas de 3 a 8 meses com a brucelina B19, fazer programas de acordo com a realidade da fazenda utilizando vacinas que irão proteger contra IBR, BDV, leptospirose, campilobactoriose e doenças respiratórias.
Um desempenho reprodutivo eficiente é considerado 5 vezes mais importante economicamente que o desempenho de crescimento, e 10 vezes mais que a qualidade final do produto. A melhoria do sistema de produção de carne bovina no Brasil passa necessariamente pela melhoria no manejo reprodutivo.
Além da reprodução, existem outros pontos que interferem não apenas na inseminação artificial, mas também na cadeira produtiva da carne como um todo. Em média, os índices no Brasil ainda tem muito a evoluir, seja taxa de gestação, taxa de prenhez, taxa de desmama, e algumas fazendas não fazem nem o básico, e não tem nem um sistema de anotação para se chegar a esses índices. Um outro ponto muito é a capacitação da mão de obra, não adianta comprar um sêmen da melhor qualidade e colocar nas mãos de pessoas que não estejam capacitadas para realizar a inseminação. Algumas fazendas estão buscando tecnologia de última geração, como inseminação artificial em tempo fixo, estação de monta, só que não estão fazendo o básico, e estão se esquecendo da nutrição dos animais, da sanidade e do manejo.