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Como se desenvolve a calvície
O cabelo tem simbologia histórica de poder e juventude desde a história de Dalila e Sansão, que perde a força justamente quando perde os cabelos. Pinturas do imperador Napoleão Bonaparte mostram que a calvície dele aumentou gradativamente e que, na fase final da vida, penteava os cabelos para a frente para disfarçar as entradas, ou seja, um homem daquela importância preocupava-se com esse problema.
A alopecia androgenética é herdada geneticamente e associada ao hormônio masculino (testosterona). Ela pode atingir homens e mulheres, já que, apesar do hormônio masculino ser preponderante no homem, mulheres também têm-no.
Principalmente na adolescência, em que há aumento do hormônio masculino, pode começar a se desenvolver a calvície. Por meio de uma enzima, a testosterona se liga à raíz do cabelo, e funciona como uma antivitamina, enfraquecendo o cabelo, que vai ficando cada vez mais fino, além de ter o ciclo de vida encurtado e não ser reposto adequadamente. Isso acomete muito mais homens do que mulheres.
Aspectos clínicos da calvície
Por causa do constrangimento pela perda e o afinamento dos fios, a calvície afeta a autoestima do indivíduo.
A queda de cabelos é multifatorial no caso da alopecia androgenética. Certos aspectos clínicos clássicos, na maioria das vezes manifestos em homens, são as entradas e a coroa, além de, quando a perda é muito grande, as áreas calvas se encontrarem e assim a rarefação afeta todo o topo da cabeça. Nas mulheres, preserva-se a região anterior do couro cabeludo, contudo diminui a densidade de fios no alto.
Outras causas de queda de cabelo
Além da alopecia androgenética, há outras formas de perder cabelo parcial ou inteiramente, como, por exemplo, por medicamentos e estresse físico e mental, porém, nesses casos, os fios voltam a nascer. Somente um profissional, pelo estudo do histórico familiar e pela condição do paciente, pode diagnosticar-lhe a causa.
Comumente quando a pessoa procura auxílio médico, cerca de 50% dos fios já caíram, ou seja, o problema já está em estágio avançado. Antes disso, essa condição é pouco perceptível. Na calvície androgenética, o cabelo não volta a crescer, porque se atrofia totalmente o bulbo capilar, situação em que só o transplante pode restaurar os fios.
Tratamento e transplante capilar em homens e mulheres
O transplante capilar é a cirurgia que ocupa o segundo lugar da preferência masculina, perdendo apenas para a lipoaspiração.
Cerca de 90% dos pacientes são homens cujas causas de perda de cabelo são 95% hereditárias, por isso, o diagnóstico e o tratamento são mais simples.
Tanto em homens como em mulheres a alopecia androgenética decorre de fatores hereditários que, estatisticamente, acometem 40% delas e 100% deles (quando ambos apresentarem o cromossomo da calvície).
O transplante capilar ocorre do mesmo modo para homens e mulheres. Nestas, a calvície diminui a quantidade de fios e deixa-os ralos, casos que se podem tratar com medicamentos administrados por via oral ou tópica, aplicada ao couro cabeludo, e também por mesoterapia, por meio de microagulhas. Tal procedimento estimula e fortalece os cabelos e, por vezes, torna possível descartar o transplante. Há também mulheres que, com a fronte evidenciada, almejam abaixar a linha de frente dos fios, como se fosse reduzir a altura da testa. Para isso, a cirurgia é necessária.
Idade ideal para realização do transplante de cabelo
Ocasionalmente, o médico consegue perceber, pela rarefação apresentada pelo jovem, que a calvície dele evoluirá e se assemelhará à do pai, já completamente calvo.
O que determina a indicação do transplante é o grau da calvície. Se tem entre vinte e trinta anos, ou menos (essa disfunção pode manifestar-se após a adolescência), o paciente não crê – ou não entende bem – que o problema progrida.
Se passar pela cirurgia muito jovem, quando a calvície se iniciar, o processo de queda dos outros fios continuará e talvez seja preciso submeter-se a nova intervenção.
Podem-se operar pessoas de todas as idades, desde que de acordo com o grau de calvície e com entendimento quanto aos limites dos resultados.
Alerta para quem pretende realizar implante capilar
Muitos jovens, que têm pais e/ou avós calvos, sem nem ter ainda uma calvície instalada, procuram implante capilar. Esse não é o caminho correto, uma vez que o indivíduo note que o processo de calvície está iniciando, ele deve procurar primeiramente tratamento clínico, e para isso deve consultar um dermatologista ou um cirurgião plástico.
O tratamento clínico não impreterivelmente exige que o paciente tome remédio todos os dias, muitas vezes pode-se utilizar produtos tópicos, como minoxidil ou alguns shampoos, além de suplementos. O minoxidil é utilizado até mesmo em fórmulas de alguns shampoos, alguns têm uma fórmula que se chama minoxidil like, não é exatamente o minoxidil, mas é semelhante.
Como funciona o transplante capilar
Na região posterior da cabeça nascem fios que, com embriologia diferente, não caem. Desse modo, o transplante capilar baseia-se na remoção desses fios para colocação na área calva, um a um.
Para as mulheres, o problema é mais complexo porque muitas vezes os fios da região posterior da cabeça também estão comprometidos em virtude de doenças sistêmicas, não somente da hereditariedade. É preciso avaliá-las mais detidamente, inclusive do ponto de vista psicológico.
Técnicas de transplante capilar
Houve grande evolução nessa cirurgia nas últimas décadas. Antigamente, os enxertos eram grandes e o resultado, não natural. A partir da década de 1990, com o advento dos microscópios cirúrgicos e a definição de folículo – formado pelo fio (de um a quatro), pela glândula sebácea e pelo tecido que a envolve –, passou-se a falar em transplante de unidade folicular uma a uma.
Atualmente, há duas técnicas para extrair fios, cada qual com indicação e limite.
Em uma delas, remove-se uma faixa de couro cabeludo (dividida, com microscópio, em grupos de um, dois ou três fios) e, depois de se fechar a ferida com pontos, permanece uma cicatriz linear coberta por fios de 1 a 1,5 cm de comprimento.
Na outra, FUE (Follicular Unit Extraction), retiram-se com auxílio de um aparelho especial, as unidades foliculares uma a uma fazendo um pequeno furo em torno delas. A vantagem desse processo com relação ao primeiro é a ausência de cicatriz inestética. É recomendado para quem queira rapar a cabeça como estilo de corte ou para pacientes que já tenham passado por implante capilar e, por isso, não apresentem, no couro cabeludo, elasticidade que permita retirar-se uma faixa e se fazer sutura adequada.
Não há distinção de qualidade entre essas técnicas, apenas modos diferentes de realizar o transplante.
Implante com fios longos
Imediatamente após o procedimento com fio longo, pode-se ter noção de como ficará, todavia ele posteriormente cai e só permanece a raiz. Em seguida, o folículo capilar origina novo fio, que leva de três a quatro meses para começar a crescer. Em aproximadamente um ano, fica comprido e permite penteado, com resultado satisfatório. Em quem é muito calvo pouco se percebe a alteração por causa do crescimento lento dos fios, e o efeito é muito natural.
Pré-operatório
Para a FUE, rapa-se o cabelo no lugar da extração dos fios, já, para a técnica tradicional, isso não ocorre, porque o cabelo cobre a sutura.
Solicitam-se exames básicos, como o de esteira para avaliação cardiológica, a fim de se analisar se o paciente pode ser operado.
Planejamento da cirurgia
Para maior naturalidade do transplante capilar, faz-se um desenho irregular entre o início do cabelo e a testa, um dégradé de fios mais finos para mais grossos da parte anterior da cabeça à superior. Também se inclui correção de pico temporal, porque não adianta ostentar a parte anterior perfeita e esquecer-se das laterais, isto é, deve-se corrigir tanto a altura como a largura da testa.
Anestesia, dor e internação
Entre as dúvidas mais frequentes dos pacientes, estão as questões relativas à dor e ao risco da intervenção. Se o médico ministrar corretamente a anestesia local, respeitando a anatomia do paciente, não haverá dor. Ele dormirá durante a cirurgia e despertará ao término dela, sem problema algum. Além disso, não é preciso internação.
Contraindicação da cirurgia
Se o paciente for excessivamente calvo, com pequena área doadora, o transplante capilar pode ser contraindicado, mas fios de outras partes do corpo, como barba e tórax, servem para complementar essa insuficiência. Os da barba, particularmente, são excelentes para transplante, porque crescem de forma adequada.
Para calvície avançada e região doadora diminuta, utilizam-se alguns subterfúgios como, por exemplo, elevar a linha dos fios na parte frontal, não tratar uma ou outra região e reduzir a densidade de fios em determinados locais.
Pós-operatório e tratamentos complementares
No dia seguinte à intervenção, a pessoa já pode praticar atividades leves.
Depois da cirurgia, há leve inchaço. Existem alguns tratamentos pós-operatórios que dependem da conduta de cada médico e da especificidade do caso. Alguns deles se realizam em consultório, como, por exemplo, drenagem linfática e uso de laser. Exceto nesses casos, não é necessário retornar à clínica.
Quantidade de fios transplantados
A quantidade de fios transplantados depende da dos que se extraem de cada paciente, de acordo com a área doadora (geralmente a região posterior da cabeça), além da mobilidade, densidade e qualidade dos disponíveis. É com esse material que o cirurgião prepara os enxertos para implante nas calvas.
Quantos são os fios só se sabe após a cirurgia. Pode-se estimar o número, mas não precisamente, porque a mobilidade do couro cabeludo e o material só se evidenciam durante o procedimento, quando o cirurgião verifica as faixas (enxertos ou unidades foliculares) que consegue tirar naquele momento. Terminada a extração e o preparo, ele contabiliza o total.
Os enxertos não equivalem ao número de fios. Os primeiros, em média, tem três dos últimos, logo, a cada cem daqueles, têm-se cerca de trezentos destes, que o médico tenta colocar na maior quantidade possível em cada sessão.
Perda dos fios implantados
Se se extraírem mil fios da região posterior da cabeça, eles serão todos implantados na região receptora, com pouca perda, variável de acordo com alguns fatores, no entanto os que nascem permanecem naquele número, ou seja, não se multiplicam.
Ambiente estéril e higienização das mãos
A cirurgia de transplante capilar, independente da técnica, seja a da tira ou a FUE, deve ser realizada em ambiente estéril, e o ato mais importante para toda a equipe médica é lavar as mãos com uma técnica específica e sabão ideal, pois uma das principais causas de infecção hospitalar é a sujeira das mãos, que entram em contato com vários objetos, o celular é um deles.
Se feita uma coleta da capa do celular ou do aparelho em si para colocar em um meio de cultura, ali crescerá muitas bactérias.
Principais causas de insatisfação no implante capilar
Não cobertura de toda a área calva
A principal causa disso é de erro na expectativa: não foi alinhado o resultado que o transplante pode entregar com o que o paciente esperava. Isso deve ser feito na consulta médica. É obrigação do médico deixar claro os limites da cirurgia para cada caso.
Há um limitante universal no transplante capilar: só se deve extrair cabelos de zonas seguras – que não serão afetadas pela calvície – e não se deve gerar sequelas nelas. Isso determina um teto máximo de unidades foliculares que se transplanta por sessão cirúrgica.
Assim, para alguns não é possível cobrir toda a área calva, e deve-se fazer um planejamento cirúrgico de forma que continuará uma calvície residual mas haverá amenização significativa principalmente nas regiões em que ela mais incomoda.
Dessa forma o indivíduo ficará livre para usar os penteados que desejar, além de ter refeita a moldura do rosto, ficar com um semblante mais jovial, e receber uma menor incidência de raios solares diretamente sobre o couro cabeludo.
O transplante capilar é uma cirurgia de extrema eficácia: mais de 95% dos pacientes se referem muitos satisfeitos com os resultados.
Não crescimento dos cabelos transplantados
Nem sempre a ausência de cabelo é por conta de alopecia androgenética, muitos outros tipos de alopecias não tem o transplante capilar como tratamento, por exemplo, algumas decorrentes de doenças autoimunes, e se feito o transplante nenhum cabelo irá crescer, porque as raízes transplantadas também serão combatidas pelo próprio organismo. Isso avalia-se durante o exame físico do paciente. Portanto, nem todos têm indicação para o transplante de cabelo.
O transplante capilar tem uma curva de aprendizado grande para o médico, que precisa dispor de uma equipe especializada muito bem treinada e de uma série de equipamentos essenciais para a cirurgia, como microscópios potentes. Não é uma cirurgia para ser realizada por quem tem pouca experiência, caso contrário o risco de resultados pífios é grande.
Resultados artificiais
Isso ocorre por muitos fatores, o principal deles é o uso da técnica antiga de transplante capilar, que ainda é feito em alguns lugares e resulta no famoso cabelo de boneca, com tufos transplantados. Muitos buscam um segundo transplante para tentar naturalizar os resultados do primeiro.
O planejamento da cirurgia deve ser feito com bom senso para deixar o aspecto da linha frontal compatível com o cabelo previamente existente do paciente, e com o rosto e a idade dele.
Queda dos cabelos transplantados
O cabelo transplantado se mantém até o final da vida do paciente, exceto se retirado de área doadora inadequada. Muitos enxergam quantidade como qualidade, e pensam que a melhor cirurgia é a que transplanta mais unidades foliculares. Isso nem sempre é verdade, e se transplantados fios que não de zonas seguras, eles poderão miniaturizar no futuro.
Dicas para evitar insatisfação com o implante capilar
- Antes de fazer a cirurgia, pesquise sobre o médico que irá realizá-la, se ele tem bastante experiência, e tente contato com pacientes que já fizeram tratamento com ele.
- Nunca dispense a consulta médica, nela é feito exame físico, essencial para o diagnóstico correto, o planejamento cirúrgico, e principalmente para alinhamento das expectativas.
- Desconfie de promessas milagrosas, de quem promete transplantar milhares de raízes e consertar qualquer tipo de calvície, independente do grau dela. Se uma clínica promete o que a grande maioria dos lugares do mundo não consegue, suspeite, porque na medicina não há mais essa discrepância de técnicas. Não existe mágica, e sim bom senso.
Procedimento para calvícies avançadas
A calvície não tem idade para se manifestar. Muitos com menos de trinta anos já sofrem com queda acentuada dos fios. Em casos avançados, todo o topo da cabeça apresenta perda e pode-se realizar o transplante em etapas, já que, em um único procedimento, normalmente se consegue cobrir apenas a região equivalente à palma da mão. Se colocados os folículos de forma esparsa, a cobertura será rala e inadequada, por isso, para grandes áreas de restauração, podem-se fazer duas e até três cirurgias em um intervalo de aproximadamente oito meses.
É possível, em calvície avançada (grau 6 ou 7), combinar a FUT (Follicular Unit Transplantation) com a FUE, caso em que o objetivo é extrair a maior quantidade possível de fios de cabelo para potencializar os resultados.
Pela FUT, remove-se uma faixa de couro cabeludo por meio da qual se consegue grande quantidade de fios, já os localizados acima ou abaixo dessa tira podem-se ainda retirar pela FUE.
Especialização da técnica de transplante capilar
Apenas cirurgiões plásticos e dermatologistas devem operar a calvície, o que envolve extração de tecido mesmo pela técnica mais moderna (FUE). Para tanto, é necessário habilidade no direcionamento dos fios à área receptora.
No Brasil, há poucos especialistas em transplante capilar. O médico torna-se experto nessa técnica pela repetição. Dessa forma, excluem-se as demais cirurgias da prática, porque a equipe precisa estar em treinamento constante. Ademais, quando o conhecimento é verticalizado, descobre-se que uma pequena área de estudo a princípio é, na verdade, grande.
No mundo existem pessoas que não médicos fazendo transplantes de cabelo. Deve-se buscar referências do profissional com que pretende iniciar um tratamento, por exemplo, consultando sociedades e associações, como a International Society of Hair Restoration Surgery (ISHRS), a ABCRC (Associação Brasileira de Cirurgia da Restauração Capilar), e no caso dos dermatologistas, a SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia).
Acesso ao implante capilar
Até alguns anos atrás, cirurgias plásticas, como o implante capilar, eram praticamente proibitivas, e só faziam-nas pessoas muito abastadas financeiramente. Essa popularização da cirurgia plástica deve-se muito ao professor Ivo Pitanguy, que divulgou a cirurgia plástica mundo afora, e no Rio de Janeiro fazia cirurgias plásticas reparadoras e estéticas desde em pessoas carentes até às da elite econômica.
Houve facilitação dos procedimentos não só do ponto de vista de preço, mas também da segurança, hoje muitas vezes se tem uma estrutura hospitalar que o paciente não precisa ficar muito tempo internado, o que muitas vezes torna a cirurgia plástica menos dispendiosa, principalmente porque não demanda muito tempo de internação ou dispensa-a. A cirurgia da calvície também tornou-se mais acessível.
Fazem-se transplantes, um a um, artesanalmente, de dez mil fios ou mais, que se comportarão como os da região posterior da cabeça, que não caem durante a maior parte da vida, se levada em condições normais. Portanto, do ponto de vista de investimento, trata-se de intervenção que durará praticamente toda a existência.
Cirurgias comumente associadas ao transplante capilar
Muitos buscam o transplante capilar associado à cirurgia plástica, caso em que o pré-operatório deve ser mais rigoroso, porque o risco de cirurgia conjunta é maior, embora não condição impeditiva se o paciente estiver completamente sadio e os requisitos do médico, satisfeitos.
As principais cirurgias simultâneas ao transplante capilar são a blefaroplastia, a rinoplastia (em geral, rinoceptoplastia, que compreende aspectos funcionais e estéticos), lipoaspiração, correção de ginecomastia e abdominoplastia.
Outros procedimentos na mesma região anatômica, como lifting facial e frontoplastia, algumas vezes, se unem ao transplante capilar. Isso depende prioritariamente da técnica que se utilizará neles. Quando não se puderem realizar essas cirurgias concomitantemente ao transplante capilar, é possível fazê-los sequencialmente, como, por exemplo, o transplante em um dia e, no seguinte ou após uma semana, o lifting. Com a frontoplastia, a ordem pode-se inverter.
Outras cirurgias para calvície
Quando se trata de áreas calvas extensas, geralmente ocasionadas por acidentes ou retirada de tumor, o transplante de cabelo não resolve, e para isso há os retalhos, as resecções parceladas, a expansão de couro cabeludo (em que se coloca uma bolha de silicone onde tem cabelo e infiltra-se soro fisiológico, isso faz crescer uma grande quantidade de cabelo e expandir o couro cabeludo, em seguida retira-se a área calva e roda-se o retalho).
Principais dúvidas sobre o implante capilar
Implante ou transplante capilar?
O termo implante capilar não é adequado, mas acabou pegando, e o correto é transplante capilar, em que se extrai cabelos do próprio paciente, e um a um são transplantados para as áreas calvas.
Quanto tempo demora a cirurgia?
Pela FUE, retiram-se da área doadora unidades foliculares, que se separam em grupos (com um a cinco fios), e, em seguida, se transplantam, um a um, nas regiões calvas.
O procedimento dura de quatro a oito horas, um pouco mais demorado que a técnica da faixa capilar (FUT).
É possível transplantar cabelos de uma pessoa para outra?
Não é possível fazer transplante entre pessoas. Testes com gêmeos idênticos, univitelinos, provaram que fios transplantados de um não nascem no outro. Atualmente, com o progresso das pesquisas com células-tronco, há a possibilidade de, no futuro, se produzirem folículos capilares sem necessidade de área doadora.
É possível transplantar pelos de outras partes do corpo para o cabelo?
Sim, e vice versa, pode-se retirar pelos da barba, do bigode, da perna, e transplantá-los para o couro cabeludo, ou retirar deste e transplantá-los para essas regiões, porém, as características dos fios são diferentes, por exemplo, o tempo de crescimento deles e o comprimento que atingem.
Pode haver rejeição do transplante capilar?
Não, já que o tecido transplantado é do próprio paciente.
O resultado do implante capilar é definitivo?
Sim, desde que os cabelos transplantados sejam extraídos de uma zona segura, não irão cair espontaneamente. Após um mês da cirurgia os cabelos transplantados caem, e voltam a crescer normalmente nos meses seguintes.
Qual a porcentagem de perda dos folículos no transplante?
Há perda de até 5% dos folículos capilares transplantados. Hoje estão sendo feitas pesquisas para saber o porquê disso, e tentar diminuir esse número.
Durante o procedimento cirúrgico, devido à agressão na área receptora, há possibilidade de queda dos fios existentes (os que estavam lá antes do transplante)?
Sim, em torno de 5 a 10% deles caem – isso ocorre mais comumente em mulheres –, porém, voltam a crescer de quatro a sete meses juntamente com os cabelos transplantados.
Existe alguma contraindicação para o implante capilar?
Sim, quem tem alopecia areata. E como contraindicações relativas pode-se citar alopecias cicatriciais, como a frontal fibrosante e o líquen plano, que primeiro devem estar estabilizadas para somente então discutir a possibilidade de transplante.
Também têm contraindicação pacientes que tiveram eflúvio telogênico recentemente, grávidas, quem fez quimioterapia, os que emagreceram abruptamente, e os muitos jovens que devem ser tratados clinicamente antes de realizar o transplante capilar.
Quais os cuidados que o paciente deve ter antes e após a cirurgia?
Informar todas as doenças que tenha, se tem alergia, se passou por procedimento anestésico e/ou cirúrgico, medicações que faz uso rotineiramente ou esporadicamente (algumas deverão ser suspensas uma semana antes da cirurgia).
Deve-se realizar os exames solicitados antes da cirurgia, e parar de fumar uma semana antes e uma depois da cirurgia. Se a cirurgia for com sedação, antes dela deve se fazer jejum de oito horas, e o paciente não poderá ir embora sozinho, nem dirigir veículos.
Deve-se limpar as mãos antes de manipular o couro cabeludo, porém, não é preciso ter medo de lavá-lo após a cirurgia. O paciente vai para casa sem curativos, e deve utilizar os antibióticos ou anti-inflamatórios prescritos pelo cirurgião capilar.
Após a cirurgia pode ocorrer edema na região da fronte, que geralmente desaparece em três dias. Por isso, recomenda-se drenagem linfática, e retornar ao médico quando solicitado por ele.
Deve-se usar bonés confortáveis ao sair de dia e tomar sol somente um mês após a cirurgia.
Em quanto tempo após a cirurgia o paciente pode voltar a trabalhar e a praticar atividades físicas?
Trabalhar geralmente após três dias, e uma semana após a cirurgia pode-se praticar exercícios físicos.
Quanto tempo leva para desaparecer os sinais da cirurgia?
Geralmente uma semana, e o edema até o terceiro ou quarto dia. Na técnica com fio longo, já no dia seguinte, pois toda região transplantada estará coberta. E na FUE, em torno de duas semanas, que é o tempo para o cabelo crescer cerca de 0,5cm.
Após o transplante capilar, quando os cabelos podem ser lavados, e de que forma?
No dia seguinte ao procedimento cirúrgico, aliás, é muito importante a limpeza da região, que deve-se ser feita despejando água com o auxílio de uma caneca.
Qual shampoo é indicado é após o transplante capilar?
Um neutro, ou um com antisséptico.
Por que podem aparecer cistos e espinhas nas áreas em que os cabelos foram transplantados?
O surgimento delas é normal e decorre dos cabelos tentando furar a pele. Não há perda de cabelo quando ocorrem esses cistos, porém, o médico deve ser informado disso, já que uma grande quantidade deles pode ser tratada com medicamento.
Em quanto tempo depois da cirurgia os cabelos começam a crescer?
Geralmente três a quatro meses após a cirurgia, e em torno de oito meses a um ano atingem um comprimento considerável.
É indicado laser na área transplantada e na calva após o implante?
Sim, pois ele estimula o crescimento do cabelo e não causa efeitos colaterais. Porém, deve-se seguir o protocolo de utilização de cada aparelho, o qual deve ser liberado pela ANVISA.
É recomendado tratamento clínico após o transplante de cabelo?
Sim, pois o transplante apenas redistribui os cabelos e não freia a calvície. Se não feito tratamento coadjuvante após a cirurgia, os cabelos não transplantados poderão sofrer ação da alopecia androgenética.
Com o passar do tempo, pode-se realizar mais transplantes de cabelo?
Sim, desde que haja área doadora para tal.
Qual a diferença do implante capilar feito por médicos e por robôs?
O robô realiza a técnica FUE, que é a extração fio a fio, porém, ele tem algumas desvantagens em relação a um bom cirurgião, que, por exemplo, utiliza punchs menores e faz enxertos de melhor qualidade.
Para calvície avançada são necessários vários enxertos, e o robô não consegue trabalhar com tantos, principalmente se a área doadora for as têmporas.
A utilização do robô é uma opção promissora para o transplante capilar, porém, hoje ainda peca se comparada à qualidade do trabalho de um cirurgião experiente.
Implante de cabelo tem limite de idade?
Não há uma idade limite para se fazer o transplante capilar, e tem aumentado o número de homens com cabelos brancos que fazem-no. Ocasionalmente o médico pede para tonalizar esses fios um ou dois dias antes do procedimento, para que eles possam ser mais bem visualizados, porém, por serem brancos e terem um contraste ótico menor com o couro cabeludo, quando transplantados os resultados são visíveis mais precocemente.
Implante capilar deixa cicatriz?
Se se respeitar o limite de retirada de pele, a cicatriz ficará praticamente imperceptível, do contrário – em necessidade de transplante volumoso – ela será larga e aparente.
A técnica FUE consiste em retirar as unidades foliculares uma a uma, assim, não há cicatriz linear, mas múltiplas diminutas.
Transplante capilar pode ser feito em cicatrizes?
Ele pode ser feito para ocultar pequenas cicatrizes, por exemplo, as de lifting na parte anterior do couro cabeludo ou logo acima da orelha, para locais em que foram ressecados nevos, para as decorrentes de neurocirurgias, ou mesmo de queimaduras.
A pega ocasionalmente não é tão boa, porém, como é uma área tensa, em que muitas vezes a cicatriz pode alargar, uma boa maneira de disfarçar isso é por meio da cirurgia de restauração capilar, e como não são necessárias tantas unidades foliculares, com a técnica FUE, em que o paciente tem rápida recuperação, se consegue uma correção satisfatória.
Qual a técnica de transplante capilar mais moderna?
É a FUE, realizada com micro punchs de 0,8 a 1,2mm de diâmetro.
De onde são retirados os cabelos a serem transplantados?
Geralmente do próprio couro cabeludo, da nuca, que não sofrerá ação da alopecia androgenética, porém, eles também podem ser retirados de qualquer região do corpo que tenha pelos, como da barba.
O cabelo transplantado fica parecendo de boneca?
Não, os punchs utilizados antigamente eram de 4mm de diâmetro, e hoje, são no máximo de 1,2mm. Antes se utilizavam enxertos grandes na área receptora, hoje somente unidades e famílias foliculares. Além disso, as lâminas ou agulhas utilizadas são muito pequenas, as primeiras têm 0,5mm de diâmetro. É uma técnica totalmente diferente.
O que é o transplante fio a fio?
É um feito somente com unidades – com um único fio – ou famílias foliculares – com dois, três ou quatro fios. Na parte anterior do couro cabeludo transplantam-se as unidades foliculares, mais atrás famílias com dois fios e três fios, criando um dégradé.
Se transplantados 5 a 6 mil fios numa área em que se tinha 60 mil (em que a maior parte caiu com a calvície), como se consegue volume nessa região?
A quantidade de cabelos da região doadora é finita. Não se cria pelos, apenas os redistribui. Porém, há trabalhos científicos que mostram que pacientes com grande cabeleira, só começavam a apresentar sinais da calvície após 50% da perda dos cabelos numa dada área, esse é o chamado efeito de massa capilar.
Os cabelos se sobrepõem, e quando compridos, não consegue se ver a parte inferior deles, isso também depende da cor do cabelo e a da pele. Assim não é necessário ter todo o volume de cabelo que se tinha na juventude para cobrir as áreas calvas. Quanto mais comprido se manter o cabelo, maior será o volume capilar. Além disso, o cabelo enrolado dá ainda mais volume que o liso.
Há um padrão de ângulo para transplantar os fios?
Sim, na região frontal 180 graus, e na posterior, o ângulo forma um redemoinho.
O desenho da linha pilosa frontal deve ser levemente assimétrico, nenhum ser humano tem os dois lados da face idênticos, além disso, não deve-se cobrir totalmente as entradas do couro cabeludo, isso deve respeitar a idade do paciente, utilizando-se bom senso. E se possível reconstrói-se as costeletas, o que traz jovialidade.
O desenho da linha pilosa na mulher é diferente do do homem.
Os cabelos transplantados são mais grossos do que os remanescentes da área calva?
Sim, porque não sofreram agressão da alopecia androgenética.
Quantos fios são transplantados em uma sessão?
Isso depende da técnica utilizada (a mista dá mais cabelos que a FUT, que dá mais que a FUE), da área a ser coberta, da densidade capilar.
Há massagens que podem ser feitas no couro cabeludo um a dois meses antes da cirurgia para aumentar a elasticidade do couro cabeludo, o que favorece uma maior retirada de fios da região doadora.
O cabelo retirado vai crescer denovo?
Sim, mas apenas onde ele foi transplantado, e não da onde foi retirado, é justamente esse o princípio do transplante capilar: retirar da área doadora para colocar na receptora.
O cabelo não é como uma muda que se planta e ela se multiplica, e sim como uma árvore inteira movida para um novo local, ela continuará a crescer ali, mas não onde foi removida, por isso existe um limite de quantos fios se pode tirar e mais de uma técnica para se colhê-los, cada uma com vantagens e desvantagens.
Pelos das axilas podem ser transplantados para a cabeça?
O problema das axilas é que junto com o pelo há uma glândula apócrina, que produz certo odor, e é por isso que se usa desodorante ali, e exalar esse odor pela cabeça não será agradável. Além disso, trata-se de um pelo, não de um cabelo, pode-se transplantar pelos da axila para outras áreas, por exemplo, para as pubianas – inclusive pelos pubianos são similares aos da axila –, por exemplo, se a região foi afetada por queimadura e tem cicatriz.
O cabelo transplantado fica branco? E o branco pode ser usado no transplante?
O cabelo branco tanto pode ser usado no transplante, quando o transplantado também ficará branco. Na verdade o cabelo branco é transparente, é que pelo reflexo da luz ele brilha e parece branco. O cabelo tem um estoque de tinta para ser utilizado ao longo da vida, e quanto mais grosso ele for, mais pigmento de melanina e feomelanina precisará, e em dado momento esse pigmento acaba, por isso cabelos grossos ficam brancos mais rápido, mas podem ser utilizados para o transplante capilar.
Tem como o cabelo crespo ficar liso depois do transplante?
O cabelo crespo, apesar de muitas vezes dar mais trabalho para pentear, confere muito mais volume à cabeleira e geralmente é mais grosso. Não é possível mudar o tipo do cabelo, isso porque o que define se ele é liso, crespo, ou muito liso, é o formato da raiz, os fios muito lisos se aproximam de um cilindro perfeito e a raiz deles é reta.
Na medida em que o cabelo começa a ficar crespo, a raiz entorta, curva para dentro da pele, e como o cabelo irrompe da pele fazendo uma curvatura, esta tende a continuar, assim o fio vai se ondulando, e quanto mais crespo for, mais curvo será dentro da pele, e mais ovalado será, terá forma de uma foice.
O alisamento causa um relaxamento transitório no fio, solta as pontas de sulfeto dele, mas depois elas se restabelecem.
É possível parar a calvície fazendo transplante?
O transplante serve para repor o cabelo que se perdeu, e não para prevenir a calvície, por isso não se deve fazer um transplante preventivo, e sim quando se já perdeu cabelo numa região, já que o tratamento clínico não reverte a calvície.