Características, importância e genética x qualidade da carne
Assim como a sanidade e a nutrição, a genética também interfere na qualidade da carne bovina. Nas últimas décadas, vários programas de avaliação genética de gado de corte surgiram no país. Hoje, além da raça Nelore, carro chefe na pecuária nacional, muitas outras raças bovinas também já evoluíram graças às medições das principais características de interesse econômico.
O Brasil possui o maior rebanho comercial do mundo, com mais de 200 milhões de animais, e também um dos patrimônios genéticos mais cobiçados do planeta. Isso significa que o gado brasileiro é referência não só em quantidade, mas também em qualidade. Essa posição privilegiada não é por acaso: nos últimos anos se investiu seriamente em pesquisa e melhoramento genético, a fim de encontrar técnicas que valorizassem cada vez mais o produto nacional.
Quando se fala em melhoramento genético, está envolvida um série de fatores que incluem o peso à desmama, o peso ao abate, a habilidade materna e a idade à primeira cria. O sucesso genético do gado brasileiro ocorreu devido ao trabalho intenso em duas frentes: a da seleção, buscando os animais melhoradores, e a de descarte, na qual os animais que não se enquadram no perfil do plantel devem ser descartados.
A genética vai determinar o padrão de desenvolvimento dos animais. A raça, por exemplo, tem influência muito grande na qualidade da carne. Após o abate, verificou-se que a carne das raças de corte possui mais qualidade que a das raças leiteiras, isso quando os animais são criados sob as mesmas condições de manejo. No entanto, dentro de uma mesma raça também podem ocorrer diferenças, e isso pode ser tratado por meio de um bom programa de seleção em que faz acasalamentos direcionados para melhorar as características indesejadas.
Programas de melhoramento genético
Nas últimas décadas, a pecuária brasileira se consolidou como um dos mercados mais promissores do mundo devido aos importantes avanços. Apesar do embargo ao produto nacional em 2012, o país fechou negócio com 138 países e retomou a liderança do comércio de carne bovina ao obter faturamento recorde de quase 6 bilhões de dólares.
Tamanho progresso só foi possível graças aos avanços principalmente na genética, segmento indispensável para o sucesso da cadeia produtiva da carne e que começou a apresentar melhorias no final da década de 80 com o surgimento dos programas de avaliação do rebanho de corte.
Os testes incluem avaliação de Diferença Esperada na Progênie (DEP), de Índice de Melhoramento Genético Total (IMGT) e de Top Por Cento. Com eles, o produtor conseguirá uma expectativa de peso à desmama, de peso ao sobreano, de acasalamento certo, de descarte de animais não produtivos, entre outros, e, com isso, a perspectiva de que o seu gado melhore. É possível, por exemplo, com esses programas manipular a genética de forma que um animal muito alto gere animais mais próximos ao chão; isso devido a todo o mapeamento que se faz desde o nascimento até a terminação do animal. Todos esses dados serão reunidos e utilizados para se atingir os resultados almejados pelo produtor, sempre a fim de melhorar a qualidade do seu rebanho.
Diante do cenário competitivo em que a pecuária brasileira se inseriu, hoje não há espaço para amadorismo. Cada vez mais os pecuaristas profissionalizam a mão-de-obra em sua fazenda, lançando mão das mais diversas e modernas técnicas de agronomia e medicina veterinária, buscando aumentar a produção e a qualidade dos animais, das carnes e do leite.
Uma técnica importante é a de cruzamento de raças, que visa produzir bezerros mais pesados à desmama. O cruzamento mais difundido envolve as raças Nelore, Angus e Brangus. Além disso, as carnes dos animais cruzados e meio-sangue são mais macias e com cobertura mais agradável, pois os animais vão ao abate mais jovens; e o resultado é uma carne mais saborosa que a dos animais um pouco mais velhos.
O aperfeiçoamento das técnicas pecuárias é uma resposta à alta demanda do mercado consumidor. Com a necessidade de carnes cada vez mais seguras e de qualidade, se tornou obrigação do pecuarista empreendedor se atualizar com freqüência, e as técnicas de melhoramento genético são fundamentais nesse processo.