Características da flor-de-seda
No Nordeste brasileiro, principalmente na região semiárida, os criadores da região têm uma enorme dificuldade de alimentar os seus rebanhos, pois se baseiam na palma-forrageira, que é uma planta resistente, talvez a única alternativa que encontraram até o momento. Porém, atualmente, existem outras alternativas.
Por exemplo, a Calotropis procera, uma planta que pertence à família das apocináceas, também conhecida popularmente como “flor-de-seda”, ‘algodão-de-seda”, “bombardeira”, “ciumeira”, etc. Geralmente tem um porte entre 3 a 4 metros.
É uma planta exótica, originária da Ásia, da África e da Índia, que depois chegou à América do Sul. Chegou ao Brasil em 1900 como planta ornamental, e de lá, dada a sua grande capacidade de dispersão, ela foi se espalhando por toda a região, principalmente a região seca.
A flor-de-seda é um arbusto laticífero, invasor, que tem uma serosidade nas suas folhas. As suas flores são em cacho, em forma de umbela, e os frutos são folículos redondos, secos, deiscentes, inflados e bastante leves.
Suas sementes são consideradas “sementes aladas”, porque têm plumas para dispersão – são filamentos sedosos prateados que facilitam a disseminação da planta em toda a região.
Complemento alimentar para rebanhos
Essa planta possui em torno de 94% de matéria seca, e 13 a 19% de proteína bruta. Tem alta digestibilidade e boa palatabilidade, e o seu teor proteico é até superior ao teor proteico do milho e do sorgo forrageiro.
Estudos recentes demonstraram que, apesar dela possuir alguns glicosídeos flavônicos, cardiotônicos, esteroides, triperpenos e polifenóis, nenhum desses componentes prejudica a digestão dos animais, principalmente em se tratando de caprinos e ovinos.
Os técnicos da região Nordeste recomendam, hoje, a utilização da flor-de-seda como um complemento na alimentação. Ela não deve, e não pode, ser usada isoladamente. Mas associada a outros elementos, sob forma de feno, ela pode ser usada com milho, com sorgo ou com a soja.
É importante que ela seja picada em desintegradores, deixada por 48h e ministrada sob forma de feno. A ingestão das suas folhas secas, picadas não altera clinicamente nem de forma enzimática a digestibilidade em ovinos e caprinos.
Trata-se de uma planta super resistente, que sobrevive em condições iguais às condições da palma forrageira, e que tem abundância em todo o Nordeste, na beira de estradas, como invasora. Ela pode, e deve, vir a ser uma grande alternativa como complemento alimentar para caprinos e ovinos no semiárido brasileiro.
A flor-de-seda é uma planta que existe em abundância no sertão, e que pode ajudar a melhorar a alimentação do gado em períodos de seca. É possível encontrar essa planta nos canteiros de Aracaju.
A EMDAGRO (Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe) estima que entre 8 e 10% do rebanho bovino no alto sertão tenha morrido por falta de água e de alimento, o que equivale a 250.000 cabeças de gado.
Para mudar dados como esse, a Defesa Civil de Sergipe, juntamente com a EMDAGRO, tem fornecido material forrageiro em 32 municípios do estado, uma saída para tentar driblar os prejuízos.
A flor-se-seda é uma planta que se espalha com facilidade, pois suas sementes são levadas pelo vento. A flor-de-seda foi descoberta há menos de 10 anos, e é uma planta tida como ornamental. Ela chegou em 1900 no Brasil, através de Pernambuco e Recife, trazida por um engenheiro agrônomo para ser utilizada no paisagismo da cidade, pois tem uma folhagem bonita.
Ela foi levada para outros estados e tomou conta de toda a região, pois é muito resistente e de dispersão muito fácil. Hoje, ela é um problema nacional como planta invasora. Porém, utilizada para ração de rebanhos, ela passa a ser um benefício.
Já existem pessoas plantando a flor-de-seda para dar aos animais no nordeste.
A flor-de-seda passou a ser estudada na última década em universidades pelo país, e atualmente é vista como uma planta que tem até mais proteína do que a palma, tão popularmente usada como alimento de gado. Segundo estudos, ela também é mais resistente do que a palma.
Em uma seca muito prolongada, com menos que 500mm de chuva anual, a palma seca e morre. A flor-de-seda suporta viver com 100 a 150mm de chuva. Em regiões desérticas, de 100mm de chuva anuais, ela continua viva.
A flor-de-seda se desenvolve em regiões com 150 a 2000mm de chuva – tanto no litoral, que chove muito e com precipitações altas, como na região seca do sertão.
A flor-de-seda é um alimento importante pela sua palatabilidade, pela sua digestibilidade e por conter uma taxa de proteína elevada.
Cuidados no uso da planta
São necessários alguns cuidados especiais. A planta tem uma série de produtos tóxicos (glicosídeos flavônicos, cardiotônicos, polifenóis, esteroides, triterpenos, etc.) que são eliminadas quando ela é colocada ao sol durante 48 horas antes de ser ministrada aos animais.
Ela não deve ser ministrada isoladamente, mas como complemento, usando 50 a no máximo 60%, misturada à ração convencional – o feno de milho, feno de sorgo forrageiro, de soja, etc., dependendo da região e da alimentação existente no local.
O uso da flor-de-seda como alimento forrageiro ainda é uma novidade.
Uso da flor-de-seda em rebanhos
Por enquanto, as pesquisas realizadas no Brasil só recomendam o uso da flor-de-seda em caprinos e ovinos. Porém, já existem pesquisas em andamento sobre o uso da planta para bovinos.