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Erva-de-são-joão: características
A erva-de-são-joão (Ageratum conyzoides) nasce espontaneamente em muitos lugares, como calçadas, quintais, carreiros e terrenos baldios. Ela é conhecida no Brasil por outros nomes populares, como picão-roxo, mentrasto e catinga-de-bode.

Essa planta tem grande tradição de uso na cultura brasileira, por exemplo, para tratar dores de cabeça, cólicas menstruais, cólicas intestinais, diarreias, para evitar sangramentos, como anti-inflamatória, etc.
Muitos confundem-na com outras plantas que têm o mesmo nome popular ou que se parecem com ela, por exemplo, erva-de-são-joão também é o nome do hipérico, uma planta de flores amarelas que nasce na Europa, é trazida para o Brasil já seca, e muito utilizada como antidepressivo.
A Praxelis clematidea é uma planta que se parece muito com a erva-de-são-joão, ela também nasce espontaneamente em vários lugares, tem o mesmo porte, tem flores azuis, roxas ou lilases, da mesma forma que a erva-de-são-joão, mas tem folhas mais compridas, enquanto as da erva-de-são-joão são mais rombudas e arredondadas, o recorte em volta delas é diferente. Porém, elas não têm as mesmas propriedades medicinais e a quantidade de flores é diferente entre as duas.
A Praxelis não tem pelos nas folhas, e a erva-de-são-joão tem folhas felpudas e aveludadas. A primeira tem cheiro de mato, e a segunda um aroma forte, por isso é chamado de catinga-de-bode em algumas regiões do Brasil.
Toxicidade da erva-de-são-joão
A erva-de-são-joão tem compostos chamados alcaloides pirrolizidínicos, compostos altamente tóxicos e que podem causar lesões nos rins, no fígado, no baço, e até mudanças na composição sanguínea.
Pesquisas demonstram que essas substâncias concentram-se nas flores da erva-de-são-joão, e servem para atrair polinizadores, nesse caso, alguns tipos de percevejos, que absorvem essas substâncias da planta e dela desenvolvem um fedor peculiar do qual se valem para defender-se de predadores.
Para utilizar a erva-de-são-joão, retira-se as flores ou utiliza-se a planta antes da floração, no chamado estado vegetativo, quando a planta só tem folhas e começam a sair os botões, essa é a hora de colhê-la, secá-la e preparar uma tintura com ela ou utilizá-la como chá.
Se ela já floriu, retire as flores dela, assim elimina-se uma porcentagem expressiva de compostos tóxicos.
Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal do Recife demonstrou que o extrato preparado com as folhas da erva-de-são-joão, em doses moderadas, não causa toxidade hepática.
Não se deve consumir essa planta em grande quantidade. A dose segura a ser utilizada é uma colher de sobremesa de folhas picadas para cada xícara de água, duas a três vezes ao dia.
Uma pesquisa realizada pela Universidade do Togo, na África, e pela Universidade de Bordeaux, na França, demonstrou que, em doses muito elevadas e em uso prolongado, o extrato das folhas da erva-de-são-joão pode causar problemas no fígado, nos rins, no baço e no sangue.
Plantas medicinais, como qualquer medicamento, devem ser utilizadas somente quando necessário. Depois que o problema é resolvido, deve-se suspender o uso delas.
Benefícios da erva-de-são-joão
Ação antioxidante
Uma pesquisa realizada na Nigéria, demonstrou que o extrato das folhas da erva-de-são-joão tem ação antioxidante comparável à da vitamina C, ou seja, combate os radicais livres presentes no organismo, que podem causar doenças inflamatórias, doenças crônicas, doenças autoimunes, e até piorar o câncer.
Ação cicatrizante
A erva-de-são-joão é utilizada no mundo todo como cicatrizante e para controlar hemorragias. Uma pesquisa realizada na Índia verificou que, aplicadas sobre a pele, as preparações feitas com essa planta não causam problemas, o que valida a segurança do seu uso tópico.
Um estudo verificou a aplicação de um creme preparado com as folhas da erva-de-são-joão sobre feridas, comparando-a com o mel, que também tem ação cicatrizante. Os animais que utilizaram a erva-de-são-joão na cicatrização das feridas tiveram uma evolução melhor, com maior produção de colágeno e elastina, com menos processos inflamatórios e um estreitamento das feridas mais acelerado.
Outra pesquisa realizada na Índia experimentou as raízes da erva-de-são-joão como cicatrizante, e também obteve excelentes resultados. As raízes podem ser utilizadas para preparar um gel, unguento, óleo medicinal ou pomada para aplicar sobre as feridas e acelerar o processo de cicatrização.
Controle de hemorragias
Na Nigéria, verificou-se que o extrato da erva-de-são-joão tem ação vasoconstritora, ou seja, quando aplicado sobre uma ferida, ele fecha os vasos sanguíneos, o que reduz significativamente o sangramento.
Ação inseticida
Os piolhos – uma das pragas mais frequentes no mundo inteiro – são pequenos insetos hematófagos que vivem no couro cabeludo. Testado na índia, o extrato da erva-de-são-joão aplicado sobre o couro cabeludo causou mortalidade dos piolhos e das lêndeas na ordem de 96%.
Em crianças com piolhos ou cachorros com pulgas, utilizar a erva-de-são-joão pode ser eficiente. Prepare um chá com bastante folhas de erva-de-são-joão, amassando-as e colocando-as para ferver durante 2 minutos. Deixe repousar e, quando estiver morno, lave a cabeça da pessoa com esse chá. Isso reduz bastante a população de piolhos e pode ser feito várias vezes, já que a planta não tem toxidade tópica.
Ação anti-inflamatória
A Universidade Federal do Recife verificou que, nos casos de inflamações crônicas (como a artrite) e inflamações agudas (como as decorridas de uma martelada no dedo, por exemplo, ou quando a pessoa tem uma ferida), o uso da erva-de-são-joão tem excelentes resultados.
Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Santa Catarina verificou que as polimetoxiflavonas, substâncias presentes nas folhas da erva-de-são-joão, têm potente ação anti-inflamatória e antinociceptiva (capacidade de reduzir a sensação de dor). Quando uma pessoa tem uma dor inflamatória, como nos casos de artrite, artrose, artrite reumatoide, reumatismo, enxaqueca, etc., as polimetoxiflavonas reduzem a sensação de dor e o processo inflamatório.
A erva-de-são-joão pode ser utilizada em associação com a erva-baleeira e com a canela-de-velho, obtendo resultados excelentes.
Osteoartrite
Uma pesquisa realizada na Malásia verificou que os extratos da erva-de-são-joão são ricos em quercetina, um flavonoide anti-inflamatório. Verificou-se que, na osteoartrite, o consumo dos extratos da planta causou redução do processo inflamatório e da dor, impediu a ação de algumas substâncias no organismo que degeneram as cartilagens e favoreceu a regeneração delas.
Com o uso da erva-de-são-joão, os animais do teste que tinham osteoartrite melhoraram o estado das suas cartilagens.
Proteção do estômago
A erva-de-são-joão foi testada em úlceras gástricas ocasionadas por ibuprofeno e outros medicamentos. O consumo dela foi eficiente em proteger a parede estomacal e evitar a formação de úlceras nos animais do teste.
Existem casos de gastrite, úlceras, dores estomacais e refluxo provocados por estresse.
Os animais do teste foram submetidos a estresse até que tivessem úlcera gástrica, e os que tomaram erva-de-são-joão tiveram processos inflamatórios menores.
Proteção do fígado
Duas pesquisas indianas testaram o extrato da erva-de-são-joão, aplicando-o em animais que tiveram agressões ao fígado causadas por paracetamol (que pode causar lesões graves e sangramento do fígado) e outras substâncias, como tetracloreto de carbono. Os animais que usaram extratos da erva-de-são-joão tiveram menor incidência de problemas hepáticos, ou seja, houve uma proteção significativa do fígado nesses casos.
Para quem toma algum tipo de medicamento que agride o fígado, o chá da erva-de-são-joão, na dosagem recomendada, pode ser eficiente para protegê-lo.
Controle do Alzheimer
Essa planta auxilia a combater doenças neurológicas degenerativas como o Alzheimer, que causa degeneração da estrutura cerebral, perda de memória, perda da capacidade motora e outros problemas. Nas fases iniciais do Alzheimer, o uso da erva-de-são-joão protege a memória. Isso foi comprovado em animais.
Ação analgésica
Em Bangladesh, verificou-se que, comparada ao diclofenaco, a erva-de-são-joão tem maior capacidade de combater a sensação de dor.
Controle da diabetes
Testadas em um país africano chamado Camarões, as folhas da erva-de-são-joão demonstraram moderada capacidade hipoglicemiante. Ela não é uma potente redutora da glicemia, mas ajuda a controlá-la. Nos casos de pré-diabetes, quando a glicemia sobe para 100, 110, 120 mg/dl, a erva-de-são-joão ajuda a mantê-la nos níveis normais.
Tratamento da anemia
Para auxiliar no tratamento da anemia, recomenda-se o uso das folhas de mamão, que estimulam a hematopoese (a produção de células sanguíneas), e de crajiru, uma planta que tem alta concentração de ferro.
Uma pesquisa realizada na Nigéria demonstrou que o extrato das folhas da erva-de-são-joão também estimula a hematopoese. Para produzir glóbulos vermelhos, o uso do extrato da erva-de-são-joão pode ser um auxiliar.
Controle de cólicas menstruais e tratamento da asma
A erva-de-são-joão é utilizada com excelentes resultados para o controle de cólicas menstruais, para regular a menstruação e reduzir o fluxo menstrual exagerado.
Uma pesquisa realizada no Quênia, na África, confirmou a capacidade da erva-de-são-joão de relaxar a musculatura lisa em volta do útero e evitar cólicas menstruais.
A mesma ação foi encontrada no tratamento da asma. A erva-de-são-joão relaxa a musculatura lisa em volta dos anéis da traqueia e dos brônquios, aumentando a passagem de ar.
Pedras nos rins
Em quem tem propensão a formar pedras nos rins, tomar a erva-de-são-joão ajuda a evitar a formação de novas pedras. Foi feita uma pesquisa com animais de laboratório, nos quais foi administrada uma substância que obriga o rim a produzir cristais, que se juntam e formam as pedras. Nos exames, verificou-se que os animais que não tomaram a erva-de-são-joão tinham muitos cristais formados, e nos que tomaram a erva-de-são-joão, a produção de cristais pelos rins foi reduzida significativamente.
Tratamento do câncer
Em uma pesquisa realizada na Nigéria, foram cultivadas em laboratório várias células de câncer humano – de pulmão, de traqueia, de intestino, de mama, da próstata, do fígado, etc. Os extratos de erva-de-são-joão foram administrados e, em muitos casos, reduziram o desenvolvimento das células e até causaram a morte delas, o que demonstra potencial antitumoral.
Em uma pesquisa realizada na Índia, verificou-se que animais submetidos à radiação gama – utilizada também na radioterapia – que tomaram os extratos da erva-de-são-joão tiveram um índice de sobrevivência 70% maior.
Para quem faz radioterapia, o uso da erva-de-são-joão pode ser um preventivo contra os efeitos nocivos da radiação, que pode atacar órgãos e causar vários problemas de saúde.