Você vai ver nesse artigo:
O que são doenças desmielinizantes?
As doenças desmielinizantes, descritas pela primeira vez no fim do século XIX, são inflamações que afetam a bainha de mielina, e curiosamente têm uma elevada incidência nas populações caucasianas, principalmente em países do hemisfério norte.
Embora as doenças desmielinizantes sejam de baixa prevalência entre os brasileiros, um trabalho atribui uma incidência de 15 a cada 100 mil pessoas. Ao multiplicar esses números pelo total da população brasileira, é possível constatar que se trata de uma quantidade significativa de pacientes.
Aperfeiçoamento do diagnóstico
O Brasil é um país quente, tropical e com uma população altamente miscigenada. Até aproximadamente 1950, dizia-se que essas doenças acometiam somente os imigrantes que morassem no país. A dificuldade em reconhece-las deve-se ao fato de que seu diagnóstico é baseado em dados clínicos. Somente há cerca de 20 anos, o exame de ressonância magnética permitiu a identificação em pessoas vivas das lesões que afetam a substância branca do cérebro e medula.
No passado, julgava-se que uma doença desmielinizante não poderia afetar negros. Contudo, informações sobre a doença foram chegando ao Brasil por estudos epidemiológicos feitos no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e outros estados. Provou-se, então, que a doença poderia atingir populações miscigenadas, como a brasileira.
Esclerose múltipla
Até cerca de duas décadas atrás não existia nenhum medicamento capaz de modificar o curso da esclerose múltipla, porém, a elevada quantidade de pacientes jovens com a doença impulsionou a pesquisa, e hoje há medicamentos – alguns deles bancados pelo próprio Ministério da Saúde – para tratar a doença.
A esclerose múltipla é a doença desmielinizante mais frequente, e ao contrário da encefalomielite aguda disseminada, trata-se de uma patologia crônica e que se evidencia por meio de manifestações agudas, denominadas surtos, e que têm remissão favorável. Por isso, muitos pacientes sequer sabem que a possuem, em geral, quando buscam por auxílio médico, os sintomas já foram amenizados ou mudaram suas características, o que dificulta o diagnóstico.
Encefalomielites agudas disseminadas
As encefalomielites agudas disseminadas são doenças desmielinizantes inflamatórias agudas e graves, que ocorrem após infecções ou vacinações. Os doentes podem entrar em coma e apresentar alterações cognitivas e comportamentais. Entretanto, por ser uma doença imunológica, cada indivíduo responde de uma maneira, e dessa forma, há possibilidade deles ficarem inteiramente curados e nunca mais sofrerem novas manifestações dessas mazelas.
Forma progressiva da esclerose múltipla
Como o nome diz, a esclerose é múltipla, o que equivale dizer que as inflamações podem afetar diferentes áreas, tanto do encéfalo quanto da medula. O curso composto por surtos e remissões é o mais característico. Porém, na forma progressiva, a doença não é inibida.
Neuromielite óptica
Trata-se de uma doença prevalente na Ásia e, ao contrário da esclerose múltipla, não acomete majoritariamente os caucasianos. No Brasil, ela é mais prevalente em afrobrasileiros.
Neuromielite óptica recorrente
Recentemente reconhecida, a neuromielite óptica recorrente é uma associação entre neurite óptica e mielite, exibindo um curso próximo ao da esclerose múltipla em surtos e remissões.
Trata-se de uma síndrome que acomete principalmente asiáticos e afrodescendentes, e não caucasianos. Além disso, ela possui um prognóstico muito mais grave do que o da esclerose múltipla.
Dificuldade de diagnosticar enfermidades desmielinizantes
Não existe um marcador biológico que identifique uma doença desmielinizante e aponte seu tipo. Os critérios são clínicos e apoiados em exames complementares, como a ressonância magnética e o exame do líquor. Porém, é necessário que se faça um diagnóstico diferencial com relação a todas as outras doenças que possam ocasionar sintomas semelhantes.
Essas doenças são extremamente importantes porque podem afetar pessoas em idade produtiva. Todavia, vale destacar que atualmente existe um vasto arsenal terapêutico que se utilizado adequadamente pode deter o curso natural da doença.