Cicatrizes na cirurgia plástica
Toda cirurgia deixa cicatriz, seja cirurgia plástica, geral, oncológica ou cardíaca. O que o cirurgião plástico procura é deixar uma cicatriz, com níveis de refinamento e delicadeza, em uma região que não fique tão aparente.
Por exemplo, em uma cirurgia das pálpebras a cicatriz é escondida na linha da pálpebra. Na cirurgia das mamas, a cicatriz é escondida na auréola ou no sulco da mama. Na cirurgia do abdome, a cicatriz é escondida onde fica o biquíni ou tanga. Na cirurgia do glúteo, a cicatriz é escondida no sulco entre os glúteos.
Cirurgia cardíaca sem cicatriz?
A cirurgia plástica lida com todos os tecidos do organismo: pele, músculo, gordura, nervos.
Hoje tem-se desenvolvido um trabalho com a cirurgia cardíaca, em que ao invés de se fazer a cirurgia convencional, abrindo o peito e o osso, se consegue, por videocirurgia, fazer uma cirurgia minimamente invasiva e minimamente agressiva. Através dos acessos usados na cirurgia plástica, ao redor da aureola, se consegue fazer reconstruções de válvula.
Fases de cicatrização até a cicatriz definitiva
Todo mundo que é candidato a uma cirurgia plástica, ou que teve um ferimento na pele, se preocupa em relação a como será a cicatriz.
A primeira fase da cicatrização é chamada de fase de hemostasia. Ela se dá entre os minutos seguintes da cirurgia até o terceiro dia. A principal coisa que acontece nessa fase é a diminuição e interrupção do sangramento. Se acontece alguma coisa nessa fase, pode acontecer um hematoma, um acúmulo de sangue no local operado. O hematoma pode acontecer com mais dias, mas geralmente é dentro desse período que acontece mais frequentemente.
A segunda fase é a fase inflamatória, que se estende, em princípio, entre o 3° e o 20° dia. Nessa fase há um grande aporte de líquido para a região e uma série de coisas acontecendo para formação de novos vasos, que irão nutrir e levar todos os mediadores químicos para promover a formação do novo tecido.
A fase seguinte, chamada fase de proliferação, acontece do 10° ao 200° dia. Essa é uma fase de proliferação de vários tecidos, e ela que vai manter a cicatriz.
A última fase é a fase de maturação, que acontece em torno do 42° até 500 dias da cicatriz. Aqui acontece o aspecto final da cicatriz.
Na fase de hemostasia, a cicatriz é um tecido muito fraco. Na fase inflamatória, tem-se ainda uma cicatriz bem temporária. Na fase de proliferação, acontece a resistência da cicatriz, e ela vai ser mais difícil de abrir a partir desse momento. É nesse período que a cicatriz ganha força de resistência e não vai abrir. Entretanto, apenas em torno do 500° dia é que o aspecto final vai acontecer.
A proliferação de colágeno, que também entra na modulação (aspecto, força e jeito da cicatriz), acontece com maior intensidade na fase de proliferação, em torno dos 100 dias.
São reações que estão acontecendo dentro da pele, a nível molecular. Várias coisas podem interferir no processo de cicatrização: a força de tensão, comportamento, uso de medicamentos, problemas de saúde (como pressão alta e diabetes, principalmente se a diabetes não estiver compensada) etc. A cicatrização é sempre um fator individual. Do ponto de vista do cirurgião, praticamente todas as cicatrizes acabam iguais. O cirurgião faz várias camadas de ponto, desde a profundidade até a superfície, de modo que a cicatriz esteja sempre bem coaptada, pele com pele, bem fechada.
São quatro fases e evolução até se ter o aspecto final da cicatriz.
A grande maioria dos pacientes cicatriza bem. Deve-se obedecer as orientações do médico ou cirurgião. A cicatrização parece algo simples, mas existem muitos mediadores químicos, muita resposta inflamatória e muita coisa do organismo acontecendo de modo invisível para produzir a cicatriz final.
Variação de tamanho das cicatrizes nas cirurgias plásticas
As cicatrizes variam de tamanho nas cirurgias plásticas, mesmo sendo o mesmo procedimento. O tamanho da cicatriz é uma dúvida frequente das pacientes, que às vezes se assustam ao saber que há variação, pois relatam ter amigas que fizeram a mesma cirurgia e relatam que a cicatriz ficou menor do que a expectativa do cirurgião.
Existem algumas variantes que proporcionam essa diferença do tamanho da cicatriz em cada paciente. A cicatriz é proporcional à quantidade de pele que precisa ser retirada para dar um resultado mais satisfatório para a paciente. Isso é empregado tanto numa cirurgia da mama quanto numa cirurgia de abdome, as duas principais cirurgias de retirada de pele, e também cirurgias de braço e de coxa, mas em termos de volume a cirurgia de mama e a de abdome são maiores.
Se o cirurgião tiver que retirar um excesso grande de pele, tanto da mama (para montar a mama) ou do abdome (para esticar o abdome), esse excesso de pele irá gerar uma cicatriz proporcional à quantidade de pele retirada. Não adianta o cirurgião tentar encurtar a cicatriz, pois no pós-operatório o encurtamento dessa cicatriz irá se expressar em um excesso de pele residual, que certamente irá incomodar a paciente.
Alguns cirurgiões tentam mostrar até onde vai o excesso de pele da paciente, colocando a mama mais ou menos na posição esperada ou esticando a pele da barriga, para que ela veja o que é necessário retirar. Dessa forma, ela já vai tendo uma noção de como ficará a cicatriz dela no pós-operatório.
Todo cirurgião plástico prima pelas menores cicatrizes possíveis. Todas as técnicas são desenvolvidas para tentar minimizar o tamanho, o grau e o número de cicatrizes que uma cirurgia plástica pode proporcionar para a paciente. Porém, em alguns casos, isso fica entre o limite de um resultado satisfatório e deixar um excesso de pele.