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Preparo ortodôntico para cirurgia ortognática
A grande diferença entre o preparo ortodôntico convencional e o preparo ortodôntico cirúrgico é que não há relação nenhuma entre as bases, tanto o arco superior quanto o inferior estão totalmente desencaixados.
O ortodontista precisa caminhar os dois arcos isoladamente, às vezes até com certa distância, para quando o cirurgião entrar no procedimento cirúrgico, quando ele alinhar a parte esquelética, os dois arcos se encaixem perfeitamente, como se fosse uma engrenagem. A grande dificuldade é que, na boca, eles estarão um longe do outro, e no momento da cirurgia a engrenagem tem que ser perfeita.
Durante o preparo ortodôntico, as peças, que são os dentes, são desencaixadas, deixadas o mais desencaixadas possível dentro da base do osso, e depois, durante a cirurgia, é que os dentes são encaixados na posição correta. É preciso ter uma visão antecipada de como a pessoa ficará depois da cirurgia.
Os dentes são colocados no que seria uma posição ideal para, quando for feita a condição cirúrgica, os dentes saírem praticamente na posição final, que dará a estética do sorriso.
O preparo ortodôntico para cirurgia ortognática muitas vezes é mais difícil que o convencional, pois não se tem apoio entre arco superior e inferior, e é preciso imaginar a posição em que eles irão encaixar para poder fazer as movimentações. Por conta disso, diversas vezes é preciso fazer modelos de gesso intermediários, para verificar como será esse encaixe e tentar prever como ficará depois.
É um trabalho em conjunto. Sem o ortodontista o cirurgião não opera, e sem o cirurgião, esses casos onde a deficiência é óssea, não dentária, o ortodontista não consegue resolver. Há casos onde a discrepância esquelética é muito grande e impossível resolver só com a ortodontia, e deve ser feita a cirurgia.
Casos limítrofes
Há casos que estão “em cima do muro”, onde o paciente teria uma indicação de cirurgia mas tem medo de operar. Em alguns casos, consegue-se compensar com o aparelho ortodôntico, mas, por diversas vezes, a queixa do paciente é estética e não irá melhorar. O ortodontista consegue movimentar dente, mas não consegue movimentar base óssea, não consegue mexer a maxila para frente, a mandíbula para frente, para chegar no perfil esquelético que o paciente deseja, no perfil ósseo que o paciente deseja.
Às vezes, mesmo sendo um caso limítrofe, acaba-se optando pela cirurgia para melhorar a estética do rosto, como se fosse “uma plástica” do rosto, melhorando a estética junto com a função da mastigação.
Duração do tratamento ortodôntico
O tempo de tratamento é bem variado. Em alguns casos, é preciso fazer extração. Previamente à cirurgia, diversos procedimentos podem ser necessários dependendo da dificuldade do caso. Normalmente, o tratamento leva entre 12 e 24 meses, em média 1 a 2 anos. O tratamento é individualizado para cada caso e nem todos seguirão essa regra.
Cirurgia ortognática
Cirurgia ortognática é uma técnica cirúrgica utilizada para correção de deformidades dento-faciais, ou seja, alterações de mordida, de mastigação e respiração dos ossos do rosto com a mordida.
A cirurgia ortognática é feita por um especialista, cirurgião buco-maxilo-facial, um dentista especializado em cirurgia buco-maxilo-facial, e, além disso, há um trabalho com o ortodontista. Existe uma sequência de etapas em que é feito o tratamento, e ela precisa ser realizada antes de realizar o procedimento cirúrgico em si.
É preciso examinar, diagnosticar. Começa-se fazendo o tratamento ortodôntico de forma tradicional, ou seja, trabalhando o paciente, movimentando os dentes para que fiquem alinhados com as bases ósseas. Antes de realizar a cirurgia, deve-se fazer um teste de encaixe da mordida.
Independentemente do que vai se movimentar, ou o maxilar de cima ou o de baixo, o encaixe que se terá dos dentes após a cirurgia é fundamental. Esse encaixe é testado antes em modelos de gesso.
Teste de encaixe
Existem modelos de trabalho e modelos de estudo, um termo que os dentistas usam para dizer que em um modelo irão mexer e no outro não. O modelo de trabalho é mexido, desgastado, e o modelo de estudo não é mexido, continua igual.
É feito um teste de encaixe, que leva em conta a linha média, que corresponde aos dois dentes incisivos (da frente) e o rosto. A linha média do rosto, chamada de linha média facial, tem que coincidir com a linha média dentária superior. São feitos degastes na face oclusal, nas partes dos dentes onde é necessário desgastar.
O paciente leva os modelos ao cirurgião, que faz os testes, verifica o encaixe, visualiza de várias formas. Cada parte do dente que o cirurgião verifica precisar desgastar, ele anota em uma lista o número do dente e o que tem que ser desgastado.
Isso é feito passo a passo até chegar num ponto em que todas as partes são marcadas e desgastadas, e o encaixe fica perfeito, resultando no que se quer que aconteça depois que a cirurgia for feita. O resultado é planejado antes.
O paciente faz outros exames, uma documentação, um teste (com uma cirurgia virtual, no computador), mas o encaixe dos moldes é fundamental. A partir disso, já se pode dizer ao ortodontista que o caso está pronto para realizar a cirurgia.
Aguarda-se 30 dias, ou 4 semanas, tempo suficiente para que os dentes não se movimentem, então é possível fazer a cirurgia. Com esse ensaio da cirurgia, marcado e testado nos modelos de trabalho e anotado, o paciente vai ao consultório e faz o desgaste seletivo, o ajuste oclusal. Esses desgastes ajudam para que a cirurgia fique bem estável após o procedimento cirúrgico.