Características da chia
A chia (Salvia hispanica) é uma planta originária do México e da Guatemala, na América Central. O consumo humano dela data de mais de 5.500 anos atrás pelos astecas e maias.
Nutricionalmente, as sementes dela são uma importante fonte alimentar, e tem em sua composição 18,5% de proteínas; 31,33% de lipídeos, gorduras saudáveis para o organismo; 4,45% de minerais; 24,45% de fibras, que ajudam no funcionamento do intestino, ajudam a reduzir peso e melhoram o funcionamento de todo o sistema gastrointestinal; 21,38% de açúcares solúveis. Ela é rica em nutrientes de todos os tipos.
O ômega-3, um dos princípios ativos da chia, é um ácido graxo importante para o organismo, pois exerce função antioxidante e reduz expressivamente o risco de problemas cardíacos e de pressão alta.
Usos populares da chia
A chia é muito utilizada popularmente para combater alergias e a angina (dores fortes que as pessoas sentem no peito quando têm problemas cardíacos), para o aumento do desempenho atlético (ideal para pessoas que fazem exercícios físicos), como medicamento no combate ao câncer, para doença coronariana, contra ataques cardíacos, contra distúrbios hormonais (na tireoide ou outras glândulas), contra a obesidade, contra a hipertensão, contra o AVC (acidente vascular cerebral) e para aumentar a dilatação dos vasos sanguíneos, facilitando o fluxo sanguíneo.
Chia como substituta do ovo
Para quem é alérgico a ovo, ou não consome-o, da chia produz-se uma mucilagem, um gel, que é substituto da clara do ovo – não dá para fritar a chia, mas ela pode ser usada na preparação de massas e de bolos.
Para preparar o gel, pegue uma colher de sopa de chia, coloque em ¼ de xícara de água e deixe repousar entre 5 a 10 minutos.
A função do ovo nas massas é deixa-las úmidas, pois, durante o cozimento, as proteínas do ovo aprisionam moléculas de água dentro da massa. Por isso, massas que têm ovo são “molhadas”. A chia absorve 10 vezes o seu peso em água, então cumpre o mesmo papel do ovo dentro das massas, retendo água.
Para quem tem intolerância ao glúten e precisa usar goma xantana, pode substitui-lá pelo gel feito com a chia. As sementes de chia não têm glúten.
Toxidade da chia
Não há relatos de ação tóxica da chia. Porém, não se deve comê-la em demasia, dentro das doses recomendadas, não há problema em consumi-la. Ela é considerada segura para suplementação alimentar. Pode-se consumir uma colher de chia nas refeições, o que é suficiente para complementar a refeição. É possível batê-la em vitaminas, usar farinha de chia para fazer bolos, etc.
Cuidados no consumo da chia
O uso da chia não é recomendado para quem tem pressão baixa ou toma medicamentos para abaixar a pressão, pois, devido a sua propriedade hipotensora, ela pode potencializar o efeito desses medicamentos e baixar a pressão demais.
A chia exerce ação antiglicêmica, portanto quem têm tendência a hipoglicemia ou toma medicamentos para baixar a glicemia deve tomar cuidado ao consumi-la, pois podem ter hipoglicemia e passar mal, tendo suores frios, tremores, fraqueza, desmaios, confusão mental, etc.
Pessoas que têm tendência a ter diarreias ou a síndrome do intestino irritável, não devem consumir chia. Ela facilita o trânsito intestinal e a evacuação e, nessas pessoas, pode causar diarreias e piorar a síndrome do intestino irritável.
Algumas pessoas se engasgam pois colocam uma colherada de chia na boca e engolem. A chia absorve de 7 a 10 vezes o seu peso em água, e quando passa pelo esôfago, absorve a água da mucosa , resseca a parede do esôfago e gruda nela, formando uma espécie de “rolha” (obstrução esofágica), e não flui.
A chia deve ser hidratada antes de consumida, ou consumida junto à alimentação. Pode-se consumir farinha de chia batida na vitamina, na sopa, em cozidos, etc.
Dose recomendada
A dose média recomendada de chia é de duas colheres de sopa ao dia, pode-se utilizar uma parte no café da manhã, batendo junto com a vitamina; uma parte no almoço, cozinhando a chia junto com o arroz, por exemplo, e uma à noite, fazendo uma sopa, etc.
Quem é obeso, diabético, hipertenso, pratica esportes ou tem alguma condição diferente, deve procurar um nutricionista para que ele determine a dose adequada de chia nesses casos específicos.
Benefícios da chia
Ação antioxidante
A chia exerce excelente atividade antioxidante, combatendo radicais livres, substâncias produzidas pelo organismo que pioram alergias, inflamações crônicas, a degeneração das células, etc.
O óleo de chia tem ação antioxidante maior que todas as outras formas de consumi-la, e exerce ação muito parecida à da maioria dos medicamentos antioxidantes encontrados em farmácias, é natural e não acarreta efeitos colaterais.
Em algumas casas de produtos naturais é possível encontrar óleo de chia, e também na internet.
Redução da produção de melanina
Alguns estudos demonstram que o uso da farinha de chia, em combinação com o suco de romã, reduz a produção de melanina pela pele.
Os raios ultravioletas atingem as células da pele e estimulam a produção de melanina, pigmento que deixa a pele mais morena.
Uma baixa produção de melanina favorece pessoas que acabam formando manchas na pele. Pessoas que não querem ficar morenas, mesmo se expondo ao sol, também podem utilizar o suco de romã em combinação com a chia. Cada organismo tem uma intensidade diferente nesses resultados.
Ação cicatrizante
Uma pomada feita com óleo de chia foi testada sobre a psoríase, e evitou ressecamento, prurido, coceira e descamamento, além de hidratar a pele e facilitar a cicatrização. Quem tem psoríase em alguma parte do corpo pode usar a pomada ou simplesmente o óleo de chia sobre a área para melhorar a pele.
Uma receita básica para fazer pomada de chia é adicionar um pouco de óleo de coco, pingar uma quantidade de óleo de chia, misturar e passar na área com o auxílio de um algodão.
Tratamento da obesidade
Em pessoas que precisam emagrecer – até mesmo aquelas que sofrem de obesidade por conta da diabetes –, uma dieta de baixas calorias com suplementação de chia (na proporção de 0g de chia para cada 1000 calorias) auxilia na perda de peso, o que demonstra a capacidade dietética da chia.
Em uma pesquisa feita em laboratório, cobaias foram alimentadas com uma dieta rica em colesterol. O consumo de chia melhorou a função cardíaca e vascular delas, e reduziu expressivamente os índices de colesterol.
Em outro estudo, cobaias foram alimentadas com sementes de chia durante 14 dias. Isso reduziu a glicemia desses animais, o colesterol HDL (considerado ruim) e os triglicerídeos, e a taxa de LDL (colesterol considerado bom) sofreu uma elevação.
Essas pesquisas demonstram que a chia tem função no controle da obesidade, colesterol, diabetes e hipertensão, sempre associada com exercícios físicos, consumo adequado de água e uma alimentação hipocalórica.
Por dilatar no estômago e causar uma digestão mais lenta devido a sua absorção de água, a chia provoca uma sensação de saciedade, ou seja, a pessoa tem menos fome e compulsão por comer enquanto a consume.
Controle da diabetes
Pesquisas feitas com cobaias verificaram que a continuidade no consumo de chia auxilia no controle da glicemia com eficiência, o que significa que se uma pessoa está com a glicemia em 400, comer uma colher de chia pontualmente não fará ela abaixar para 90.
Controle da hiperglicemia pós-prandial
Outra pesquisa demonstra que a chia reduz a glicemia pós-prandial. Quando nos alimentamos, os carboidratos são absorvidos pelo intestino, e há uma maior taxa de açúcar no sangue. Depois, o organismo regulariza isso com a ação da insulina, que armazena os açúcares no fígado e facilita a entrada deles nas células.
Carboidratos grandes, como o amido, são quebrados pelo sistema digestivo e transformam-se em glicoses, que precisam estar pequenas para serem absorvidas. O gel da chia envolve carboidratos grandes e impede que eles sejam quebrados, com menor absorção deles durante o processo digestivo, evita-se a hiperglicemia pós-prandial.
Controle da pressão arterial
A chia exerce função importante no controle da hipertensão arterial. A angiotensina é uma proteína presente no organismo cuja função é comprimir os vasos sanguíneos, e quanto mais estreitos eles forem, maior é a pressão arterial necessária para o sangue fluir. Os princípios ativos da chia inibem a ação da angiotensina, assim ela não comprime os vasos sanguíneos e eles relaxam, facilitando a passagem de sangue e reduzindo a pressão arterial.
Um estudo realizado pela Universidade Federal da Paraíba, demonstra que o consumo de farinha de chia é capaz de controlar a pressão arterial em hipertensos, basta inclui-lá na alimentação. Ela pode ser colocada na vitamina, cozida com alimentos ou utilizada para engrossar sopa.
Sistema imunológico
Pesquisas demonstram que o consumo constante da chia aumenta a atividade do sistema imunológico. Pessoas que ficam doentes com frequência, que têm HIV, que estão fazendo quimioterapia ou radioterapia e estão com a imunidade baixa, devem incluir chia na alimentação.
Ação antitumoral
A chia exerce importante ação antitumoral. Ela foi testada em dois tipos de câncer: de mama e de próstata. No primeiro, o consumo constante dela faz com que os tumores reduzam de tamanho, por conta da sua capacidade antioxidante e disponibilidade de ômega-3.
A chia inibe o desenvolvimento do câncer da próstata na ordem de 92% – o medicamento mais utilizado para o controle do câncer na próstata, com todos os efeitos colaterais que pode trazer, inibe em 65% o desenvolvimento do câncer –, e pode ser usada de maneira preventiva. Homens podem consumi-la para evitar o desenvolvimento desse câncer.
Quem tem câncer na próstata deve consumir a chia para evitar que a neoplasia se desenvolva, facilitando o tratamento dela.