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Incidência da cárie
Levantamento do Ministério da Saúde indica que a cárie atinge metade das crianças brasileiras na primeira dentição, realidade que se repete nas com dentição permanente até os doze anos.
Essa lesão que, na visão de muitos, é corriqueira, deve evitar-se desde cedo, afinal, é reflexo de mau hábito alimentar e termômetro da higidez bucal.
Cuidados precoces
A saúde da primeira dentição interfere na dos dentes permanentes. Desde que surgem os primeiros dentes, a criança está suscetível a desenvolver cárie, portanto devem-se tomar cuidados.
Quando os dentes de leite contraem cárie, ela evolui em velocidade ainda maior que nos permanentes. É preciso escová-los e observar a alimentação.
Atualmente, a cárie é a doença bucal de mais alta prevalência. Uma criança vítima dela provavelmente permanece nesse padrão se não alterar os costumes, logo ela é indício de postura.
Redução na incidência
Registros assinalam redução nos índices de cárie nas últimas décadas no país e há muitos fatores que podem ter influenciado nisso, entre eles a melhora das condições gerais de saúde da população, além de dentifrícios fluoretados à disposição de todos e fluoretação da água.
Excesso de flúor
Houve grande preocupação até poucos anos quanto à quantidade demasiada de flúor disponível, porém diminuiu-se essa substância na água de abastecimento e criaram-se campanhas massivas sobre quantidade de dentifrício que se põe na escova.
Período de instalação da cárie
Não é possível determinar um prazo médio para eclosão da cárie, porque o processo pode ser muito rápido sob certas situações e muito lento, sob outras.
Numa criança que, à noite, use mamadeira com conteúdo extremamente açucarado esse distúrbio pode manifestar-se agressivamente e destruir o dente em pouco tempo, quer dizer crianças com um ano podem apresentar dentes comprometidos.
Em outras situações, a evolução pode ser demorada e imperceptível; depende da higiene bucal.
O ideal é não oferecer mamadeira, isto é, passar do aleitamento materno para o copo, mas, se a for utilizar, que não seja à noite e, de preferência, só com leite.
Estágios da evolução
O primeiro sinal perceptível de cárie é uma mancha branca no dente, estágio reversível. Se os agentes da cárie, como, por exemplo, dieta desequilibrada, falta de higiene, etc., estiverem controlados, ela estagna-se e o dente permanece apenas com uma cicatriz branca.
Se houver outros motivos não corrigidos, a tendência é ela evoluir para uma cavidade, cuja origem, se refreada, interrompe o avanço; caso contrário, pode atingir o canal do dente, com necessidade de tratamento endodôntico, ou perda dele. Normalmente quando a dor se manifesta, a ruína está bem próxima de chegar ao canal.
Crianças no consultório
Ainda que haja muitos pontos de lesão, a terapêutica restabelece o bom estado e o sorriso saudável.
Em muitas situações, elas não surgem por alimentação incorreta, mas por ingestão fora dos horários de refeições, já que, nesses casos, normalmente não se escovam os dentes após.
A cárie é a enfermidade com maior ocorrência nos consultórios dentários, diretamente associada à alimentação e à escovação. O problema principal está nos alimentos industrializados com alto teor de açúcar, como os chocolates.
Além do tratamento
Os dentistas incentivam a reeducação alimentar com substituição dos doces industrializados por frutas. Depois de sanada, se não houver alteração na dieta e nos hábitos de higiene, a cárie retorna.
A mudança de hábitos não atinge apenas o paciente, mas a família inteira, visto que é a provedora dos alimentos das crianças.
Nos consultórios, há dois tipos de pessoas: a maioria, que tem cárie, e as que procuram orientação para preveni-la. Em geral, após tratamento, obtêm-se bons resultados, mas o indivíduo deve fazer sua parte.
Xilitol: substituto natural do açúcar
Alguns adoçantes provocam cárie, mas o conjunto dos polióis, não, porque não são fermentados pelas bactérias da doença.
O xilitol, adoçante natural do grupo dos açúcares alcoólicos, pode substituir a sacarose como açúcar de mesa e tem efeito preventivo, de acordo com a tese de doutorado da professora Fernanda Moraes Ferreira, da UFPR. Na investigação, desenvolvida em laboratório em curto período, fizeram-se testes bioquímicos específicos. O efeito mais importante foi a diminuição do número de bactérias que podem levar à cárie. Isso também se demonstrou em outros estudos, como alguns longitudinais, com população e acompanhamento por dois anos ou mais. Aí se concluiu que produtos com xilitol em substituição aos com sacarose contiveram a cárie. Assim, como adoçante, prefira xilitol.
Nessa tese, inclusive, se menciona a possibilidade de se incorporar xilitol a medicamentos para crianças, como xaropes. A intenção não é eliminar a sacarose, mas incentivar o emprego inteligente dela.
Algumas crianças com problemas crônicos de saúde consomem, habitualmente e por longos períodos, remédios que, na maioria, contém sacarose, o que potencializa o efeito cariogênico deles. Pensa-se que medicações só fazem bem e desconhece-se esse fato. Daí ser essencial mobilizar as pessoas e profissionais da saúde para se implementarem leis mais favoráveis quanto a esse tema.
A intenção da pesquisa com xilitol não é indicar adoçantes para as crianças, mas, em situações particulares, por exemplo, adoçar medicamento de uso contínuo para crianças ou chicletes e pastilhas para moderar a ingestão de sacarose.
Uma boa escovação, com flúor no dentifrício, não garante a saúde bucal de forma exclusiva; precisa aliar-se, por exemplo, à reeducação alimentar.
Frequência de consumo de açúcares
É difícil os pais contarem quantas vezes o filho come, assim, o melhor é estabelecer certas regras básicas.
Como o melhor período para utilização de açúcar são as refeições principais, especialmente como sobremesa, a primeira regra é a criança ter horário rotineiro para fazê-las.
A segunda é evitar a ingestão associada ao sono, principalmente nunca enquanto se dorme, isto é, sempre dormir com a boca limpa.
Associação entre doenças
Não é possível assegurar que a cárie provenha de outros transtornos, entretanto o modo como se vive interfere inclusive na cárie.
Renda financeira e cárie
Trabalhos acadêmicos relacionam rendas familiares menores à cárie, especialmente em crianças. Quem tem menos poder aquisitivo tem menos acesso à alimentação saudável, a produtos de higiene e a serviços de qualidade, dentre outras necessidades, o que resulta em saúde inadequada, inclusive bucal. Isso se aplica também a países ricos em nichos menos favorecidos economicamente.
Quem vive diariamente sem saber se poderá comer e fica sujeito à fome tem alterações de comportamento ligado, por exemplo, ao padrão alimentar e consome o que é menos saudável, com mais gordura e açúcares, o que o torna mais predisposto a enfermidades, entre elas a cárie.
Se for difícil melhorarem os ganhos familiares, ampliar o acesso à comida salutar é uma forma de reduzir seu efeito nocivo.
Campanhas que aproximem as pessoas disso, como as de organizações não governamentais ou de programas de governo, como o Fome Zero, com incentivo à agricultura familiar, favorecem a saúde.