Características da babosa
Existem 380 espécies de babosa no mundo, e no Brasil, há duas mais comuns. A Aloe vera, que tem as folhas grandes, robustas, formadas desde a base do caule, e pode chegar a quase 60cm, com uma grande quantidade de gel. A Aloe arborescens possui menor concentração de gel e folhas menores (chegam a no máximo 40cm), que formam uma espécie de “roseta” na parte de cima – ou seja, o caule vai subindo e as folhas vão saindo na parte de cima, horizontais, formando uma “estrela”.
As duas espécies são muito utilizadas medicinalmente.
Toxidade da babosa
Da babosa as pessoas costumam fazer suco, comer, usar remédios feitos à base dela, etc.
Estudos científicos demonstram que o uso prolongado da babosa em pessoas com fragilidade hepática pode causar hepatite. Se a pessoa tem propensão a problemas do fígado, a babosa pode não ser a planta ideal.
Outras pesquisas demonstram que o uso exagerado ou prolongado da babosa, pode causar prostração, cansaço, falta de tônus muscular, depressão do sistema nervoso central, enjoo, dores abdominais, diarreias e problemas nos rins (inclusive com pielonefrite ou retenção perigosa de líquidos, podendo levar à morte).
Se decidir usar babosa e perceber alguma sensação estranha ou passar mal de alguma maneira, deve suspender o uso dela, porque o quadro pode piorar.
Gestantes e menores de 12 anos não devem utilizar babosa, que pode ser muito perigosa principalmente para os rins das crianças.
Pessoas que têm algum tipo de anemia não devem consumir babosa, pois ela pode causar uma redução ainda maior do número de hemácias e agravar a anemia.
Pessoas que têm fragilidade dos rins ou do fígado, que tiveram hepatite, que têm propensão à cirrose, que tiveram problemas renais, intestinais ou estomacais devem tomar cuidado com a babosa para não ocorrer intoxicação.
Utilização segura da babosa
Existem medicamentos à base de princípios ativos de babosa que podem ser utilizados. Pode-se utilizar o gel da babosa ou bater em forma de suco, mas respeitando doses recomendadas.
Deve-se utilizar uma colher de sobremesa do gel para fazersuco de babosa. Não se deve pegar uma folha inteira dela e bater com água para fazer suco, pois isso pode ser perigoso. Deve-se engolir um pequeno pedaço de babosa para tratar o estômago. Não há uma definição exata da quantidade segura da babosa.
Em uma pesquisa tratando pessoas com babosa, na primeira semana foi administrada uma porção de babosa na forma de cápsula, e não houve nenhum problema adverso. Na segunda semana, dobrou-se a dose e as pessoas começaram a sentir dor abdominal.
Em um estudo em laboratório com doses elevadas de babosa, houve 30% de morte do lote de cobaias por conta de intoxicação.
Para o consumo seguro da babosa, retire a casca verde dela. O interesse é no gel que se forma dentro dela. Quando se corta a folha da babosa, há uma casca em volta e, no interior, um acúmulo de gel, rico em princípios ativos.
Entre a casca e o gel existem canais que acumulam um tipo de resina amarelada que a babosa produz. Muitas fontes de informação recomendam deixar escorrer a resina antes de utilizar a babosa.
Quando fazer uso interno da babosa (comendo-a), corte a folha na base e deixa-a em pé, de um dia para o outro, para escorrer a resina. Se a folha for muito nova, terá bastante resina; se mais velha, menos. Quando não sai resina, ela é mais antiga. Existem muitas variações, dependendo da idade do pé da babosa e da parte dela que se utiliza (a ponta da babosa tem mais resina, e a base da folha menos).
Benefícios da babosa
Ação antioxidante
A babosa tem capacidade antioxidante, ou seja, combate radicais livres no organismo. Um estudo chinês demonstrou que pés de babosa com 3 anos de idade atingem o máximo da sua capacidade antioxidante.
Radicais livres são substâncias que interferem no metabolismo e na saúde, pois causam envelhecimento, degradam o material genético, pioram doenças crônicas e doenças inflamatórias, e podem até causar câncer. Quando se consome babosa, ela inibe 70% dos radicais livres, um resultado melhor do que o de medicamentos químicos normalmente utilizados como antioxidantes.
Controle da diabetes
Dezenas de pesquisas científicas demonstram a eficiência da babosa no controle da diabetes. Um estudo indiano constatou que o suco de babosa administrado a diabéticos, na dose de uma colher de sobremesa de suco de babosa, duas vezes ao dia, pelo prazo de duas semanas, reduziu e controlou o nível glicêmico e o de triglicerídeos.
Em um estudo mexicano, mulheres com síndrome metabólica (que também causa uma forma de diabetes) tomaram o suco da babosa durante 4 semanas e, nesse período, o nível glicêmico foi controlado com eficiência.
Em um estudo realizado no Egito, a administração de babosa a diabéticos teve uma ação melhor do que o medicamento químico para o controle da diabetes.Também nessa pesquisa egípcia, o suco da babosa foi adicionado a células de pâncreas humano em placas de laboratório. As células que receberam babosa produziram mais insulina do que as que não receberam, o que demonstra que a babosa também é um estimulante do pâncreas na produção de insulina.
Em um estudo realizado na Coréia do Sul, cápsulas feitas com gel de babosa foram administradas a pacientes que eram diabéticos e obesos. No prazo de 8 semanas de tratamento, esses pacientes tiveram o controle da glicemia, maior eficiência insulínica e perda significativa de peso.
A partir dessas pesquisas, infere-se que a babosa tem uma ação benéfica na diabetes e pode ser o medicamento que muitas pessoas procuram, resguardadas as dosagens.
Ação antiviral
Na Coréia do Sul, o efeito da babosa foi testado sobre um vírus chamado Norovirus humano, presente em legumes e verduras mal higienizados e que causa gastroenterite, diarreia, e até diarreia hemorrágica. Quando o gel de babosa é colocado em contato com esses legumes e verduras, há uma eliminação desse contaminante. Pode-se utilizar um percentual de suco de babosa na água para lavar esses legumes e verduras, e depois lavá-los em água corrente, o que elimina a possibilidade desse vírus na alimentação.
Combate a infecções
A septicemia é uma infecção generalizada do sangue. É um ataque bacteriano que pode levar, e normalmente leva, à morte. Na Coréia do Sul, o extrato seco da babosa – que é ressecada, perde toda água e é transformada em pó –, administrado em cápsulas, foi testado em cobaias. As que receberam as cápsulas do pó de babosa tiveram maior sobrevivência do que as que não receberam, ou seja, ela funciona na eliminação dessas bactérias, e os processos inflamatórios decorrentes da septicemia foram controlados.
Não é imperativo utilizar a babosa em pó, pode-se utilizá-la fresca sem problemas. O fato dela ser em pó é porque dura mais tempo e pode ser comercializada em cápsulas. Quem tem babosa no quintal pode utilizá-la.
Combate ao vírus da gripe
Dois estudos foram realizados com a babosa contra o vírus da gripe A: um em Taiwan, na China; e o outro entre três países europeus, Alemanha, Áustria e Polônia. Esses dois estudos constataram o mesmo resultado: um combate muito efetivo dos vírus causadores de problemas respiratórios, como os da gripe (H1N1, H3N2, etc.).
Ação fungicida da babosa
A babosa tem ação fungicida excepcional, principalmente em uso tópico. Um estudo realizado na Romênia demonstrou que a babosa impede o desenvolvimento de fungos, como micose, frieira ou pano branco. Quando a pessoa tem algum tipo de fungo atacando o organismo, pode-se utilizar o gel da babosa.
Quando se tem um alimento higienizado, um esporo de fungo pode cair ali com o vento, se multiplicar, formar o micélio e degradar o alimento. Se houver babosa no tratamento dessa fruta, legume ou verdura, a chance do fungo destruir o alimento é muito menor. Como conservante de alimentos, a babosa funciona por conta da atividade bactericida, antiviral e antifúngica.
Tratamento dos dentes
A babosa é excelente quando utilizada como enxaguante bucal. É possível bater a babosa no liquidificador, e depois fazer o bochecho, como a pessoa faria com os antissépticos bucais normais. Não se deve ingerir esse suco, mas sim cuspi-lo depois.
Na índia, a babosa foi testada no caso de gengivites, que são causadas por bactérias que colonizam o espaço entre o dente e a gengiva. O resultado foi excelente com o uso do enxaguante bucal a base do gel de babosa.
Em um segundo estudo realizado no Irã, pessoas que tinham feito a extração do dente molar utilizaram babosa como enxaguante bucal. Como resultado, todo o processo inflamatório – tanto o inchaço quanto a dor da extração do dente – foi reduzido expressivamente.
Tratamento da leishmaniose
O aloe-emodina, complexo antraquinônico presente na babosa exerce muitas ações, inclusive importantes no combate ao câncer.
Essa substância foi purificada em laboratório e testada separadamente contra a leishmaniose cutânea, causada por um parasita chamado Leishmania major Também existem outros tipos de leishmania, como a amazonense.
A leishmania é transmitida através da picada do mosquito-palha. Esse parasita vai até os vasos sanguíneos mais periféricos, destrói a pele e causa feridas que não fecham, em muitos lugares chamadas de “ferida brava”.
A aloe-emodina impede o desenvolvimento desses parasitas na corrente sanguínea e acelera a cicatrização das feridas formadas.
Em comparação com o tratamento convencional para a leishmaniose, o resultado foi parecido. Todavia, os ensaios feitos com a babosa não demonstraram efeitos colaterais, que no tratamento convencional podem ser muito agressivos para o organismo.
Tratamento da psoríase
Um estudo indiano demonstrou que uma pomada preparada com aloe-emodina aplicada nas áreas atacadas pela psoríase teve resultados excelentes.
Se não encontrar aloe-emodina separada para fazer a pomada, utilize a própria babosa, passando o gel dela sobre a área afetada. O gel é cicatrizante, antibacteriano, desinfetante, combate coceiras e ajuda no tratamento da psoríase porque a aloe-emodina está presente nele, mas em menor concentração.
Ação cicatrizante
A babosa foi testada na Índia, demonstrando que acelera a cicatrização de feridas, evita processos inflamatórios por conta de queimaduras ou das próprias feridas, é bactericida (evita infecções) e auxilia na produção de colágeno, proteína que dá elasticidade à pele. Com a babosa, a pele nova que se forma tem mais colágeno e uma melhor cicatrização.
Intoxicação por metais pesados
Pessoas que lidam com mineração, produtos químicos, tintas, etc., podem ter intoxicação por metais pesados.
No Marrocos, foi testado o efeito da babosa contra a intoxicação por cobre, um metal pesado que pode causar problemas neurológicos graves, inclusive Alzheimer e Parkinson, pois interfere nas sinapses e na produção de neurotransmissores. A babosa inibiu os efeitos negativos, evitando, por exemplo, o desenvolvimento de Parkinson. Os testes foram realizados com cobaias não humanas. Uma alternativa para quelar esses metais e limpar o organismo pode ser o suco de babosa.
Ação protetora do fígado
Apesar do uso contínuo da babosa não ser recomendado para pessoas que têm o fígado sensível ou apresentam algum problema hepático, foi testada a capacidade da babosa como protetora do fígado nos casos de intoxicação por afratoxina, uma toxina produzida por fungos. Nesses casos, ela evitou a intoxicação hepática. Deve-se ressaltar que são pessoas cujo fígado não está comprometido por outros problemas, como hepatite ou cirrose, e que não fizeram uso da babosa por tempo prolongado. É um uso pontual para resolver o problema da intoxicação.
Ação protetora do estômago
A babosa tem ação cicatrizante e anti-inflamatória para a parede estomacal. A úlcera é uma ferida na parede do estômago, e a babosa ajuda a cicatrizá-la. A gastrite é uma inflamação da parede estomacal, e a babosa ajuda a desinflamá-la.
O suco da babosa foi testado nos casos de refluxo gastroesofágico. Uma pesquisa foi realizada no Irã, e a babosa combateu essa desordem gástrica com eficiência.
A pessoa deve resguardar as quantidades e não fazer uso prolongado, senão pode haver intoxicação.
Tratamento da hemorroida e da colite ulcerativa
A babosa tem eficiente ação anti-inflamatória para os intestinos e, por isso, é utilizada para o tratamento da hemorroida. É possível tomar suco da babosa ou, no caso de hemorroidas externas, passar o gel da babosa sobre a área afetada. Se a hemorroida é interna, a pessoa pode cortar pequenos pedaços de babosa, enrolá-la em um pedaço de plástico para alimentos, colocá-la no congelador para que endureça e então utilizá-la como supositório no ânus.
Um estudo coreano utilizou a babosa para o tratamento da colite ulcerativa, uma inflamação que causa feridas na parede intestinal. A babosa reverteu o processo inflamatório e acelerou a cicatrização das úlceras.
A babosa também tem potencial laxante, então deve-se tomar cuidado no consumo excessivo dela, pois pode causar diarreias (disenteria).
Controle do sistema imunológico
Às vezes o organismo ataca uma pequena inflamação com tanta intensidade que acaba causando problemas inflamatórios mais intensos.
Na Suécia, foi testado o uso da babosa para o controle da resposta do sistema imunológico. Ela agiu como imunossupressor, reduzindo a resposta inflamatória do organismo. Para tratar artrites, artroses e outros processos inflamatórios os quais o organismo esteja combatendo em demasia, ou nos quais haja descontrole do sistema imunológico, ela pode ser eficiente.
Quando existe um processo inflamatório, várias enzimas produzidas pelo organismo atacam a área inflamada, causando inchaço, dor, vermelhidão e sensação de calor. Em um estudo conduzido na Hungria, a babosa também foi utilizada como moduladora do sistema imunológico, e inibiu várias enzimas inflamatórias do organismo.
Tratamento do câncer
Apesar da babosa ser uma planta tóxica e ser necessário ter cuidado no uso dela para o tratamento da saúde, ela tem potencial antitumoral e anticancerígeno, inibindo vários tipos de câncer.
Tratamento do câncer de pulmão
O câncer de pulmão é muito difícil de ser tratado, pois a resposta aos medicamentos e a quimioterapia é baixa. Na china, o uso da aloe-emodina, separada e purificada na forma de cápsulas, foi testado em pacientes com câncer de pulmão, e ela melhorou a resposta aos tratamento quimioterápico e exerceu ação antiproliferativa, inibindo o desenvolvimento das células cancerosas.
Tratamento do melanoma
O melanoma é um câncer difícil de ser tratado e entra em metástase (espalha pelo corpo) com facilidade. Na França a aloe-emodina foi aplicada sobre melanomas, e teve ação eficiente em inibir e até mesmo reduzir o tamanho deles. Ela tem ação tanto antiproliferativa, para evitar o desenvolvimento do câncer, como apoptótica, fazendo com que as células entrem em colapso e morram. Assim como em outros estudos, constatou-se que a aloe-emodina melhora a eficiência da quimioterapia.
Tratamento de câncer no fígado e no estômago
No Egito, demonstrou-se que a babosa é capaz tanto de ajudar a tratar o câncer do fígado, evitando a proliferação das células cancerosas, como também prevenir a formação do câncer.
Quem teve câncer no fígado, fez quimioterapia e o câncer está em remissão, pode utilizar a babosa preventivamente para não voltar a desenvolver esse câncer.
Resultados muito parecidos foram auferidos em Taiwan, em um estudo que avaliou a eficiência da babosa em casos de câncer no estômago.
Tratamento de cânceres em geral
Um estudo italiano demonstrou que o uso da babosa melhora significativamente a qualidade de vida de pacientes em tratamento de câncer, aumentando a expectativa de vida.
No tratamento do câncer de modo geral, o uso da aloe-emodina separadamente (caso a pessoa consiga em uma farmácia de manipulação um medicamento a base desse princípio ativo) ou a utilização do suco da babosa (nas doses recomendadas – uma colher de sobremesa, no máximo uma ou duas vezes ao dia, para evitar outras intoxicações) é muito eficiente.