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Alopecia areata e alopecia androgenética: diferenças
Existem vários tipos de alopecia. A mais comum, que grande parte dos homens tem ou terá, é a androgenética (a calvície), que se deve à herança genética e à sensibilidade ao hormônio masculino. 80% dos homens com 80 anos de idade tem algum grau de calvície. Ela difere da alopecia areata, que também tem causas e tratamentos distintos.
Quem tem alopecia areata convive com falhas ou até a perda total dos cabelos. O problema afeta tanto homens quanto mulheres, e pode se manifestar em qualquer idade, até na infância. É difícil lidar com esses sintomas, especialmente em certas fases da vida. A resposta ao tratamento depende do tipo da doença, que não tem cura.
Incidência da alopecia areata
Um estudo nos Estados Unidos estimou que a alopecia areata atinge 1 ou 2 pessoas a cada 1.000. Em larga escala, existem muitos pacientes com a doença. Não é incomum conhecer alguém que a tenha, e desses, normalmente os que têm apenas uma pequena falha no couro cabeludo, escondem-na e não buscam diagnóstico.
A doença atinge crianças, adolescentes e adultos. É comum que, em crianças nas quais a doença começa muito cedo, o prognóstico seja pior e a doença recidivante: tratando-a, o cabelo volta, mas depois de 1 ou 2 anos ele pode cair de novo.
Impacto da alopecia areata na vida do paciente
A sociedade supervaloriza o cabelo e a aparência, por isso a alopecia areata é uma questão delicada para as mulheres, na juventude, na adolescência e também para crianças, independentemente do sexo.
Algumas crianças com menos de 5 anos de idade já apresentam alopecia areata. Nessa fase, a doença incomoda muito mais os pais do que a própria criança, que muitas vezes não tem nem percepção do problema e o fato de ter ou não cabelos não lhe faz diferença. É necessário conversar com os pais, pois às vezes esse não é o melhor momento de tratar, já que o tratamento pode criar a percepção da doença na criança.
Quando tem uma placa única, muitas vezes o paciente consegue escondê-la com um penteado. Quando tem placas múltiplas ou em casos de alopecia total ou universal, certamente isso impacta mais o paciente.
Alguns pacientes relatam que, antes dos cabelos caírem, o couro cabeludo coçou ou ficou sensível. Alguns pacientes, normalmente os que a doença se apresenta de maneira mais intensa e extensa, podem ter também alterações nas unhas, mas são casos mais raros.
Como se desenvolve a alopecia areata
A alopecia areata é uma doença autoimune, em que há uma inflamação ao redor do bulbo capilar causada pelo próprio organismo, é como se este reconhecesse aquele como um invasor, um corpo estranho, atacando-o.
A localização do infiltrado inflamatório faz diferença: quando é um pouco mais para cima bulbo capilar, a alopecia é outra; quando ao redor do bulbo, o folículo não consegue mais produzir a haste capilar. O fio fica mais fraco, pode quebrar e cair, e, depois disso, se a inflamação permanecer no local, o folículo não consegue produzir um novo fio de cabelo. Isso varia já que existem diferentes manifestações da alopecia areata.
A alopecia areata tem relação com outras doenças, principalmente autoimunes, como diabetes ou as da tireoide. Ao longo da vida, um descontrole dessas doenças pode agravar a alopecia areata, por exemplo, se esta for responsável por perda capilar numa pessoa de 10 anos de idade, que depois de um tempo volta a ter a doença, é necessário pesquisar se não existe outra enfermidade agravando o quadro.
A queda dos pelos não traz nenhuma outra doença. Nos casos de alopecia total ou universal, os pacientes devem ter cuidado com o sol, pois ele pode queimar o couro cabeludo. Recomenda-se usar chapéus.
Manifestações da alopecia areata
Na maioria dos casos (75%), a alopecia areata aparece com uma ou mais falhas (em placas) no couro cabeludo. Muitas vezes o paciente somente percebe as falhas quando vai ao cabeleireiro, e então procura um dermatologista.
Os locais mais comuns em que a alopecia areata ataca são o couro cabeludo e a barba, mas ela pode agredir qualquer parte do corpo, como nos braços ou nas pernas.
Alguns pacientes apresentam queda de cabelo em faixa na região occipital (atrás do pescoço) – o que é chamado de alopecia areata ofiásica –, que pode também estar associada a outras placas. Nesse caso, o tratamento pode ser um pouco mais desafiador, pois o paciente apresentará uma menor resposta terapêutica.
Alguns pacientes perdem 100% dos cabelos – alopecia areata total. Essa apresentação não é comum, acontecendo entre 5 e 10% dos pacientes (junto com a alopecia universal). A alopecia areata em placas não necessariamente evolui para a total, são apresentações distintas.
A alopecia universal ocorre quando se perde todos os pelos do corpo: pode começar pelos cabelos e depois se propagar para o resto do corpo, ou atacar o corpo inteiro de uma só vez.
O prognóstico varia de acordo com o tipo da doença e o indivíduo. Pacientes que têm alopecia areata em placas têm melhor prognóstico, ou seja, respondem melhor ao tratamento, e 50% deles repilam – recuperam os cabelos em um período de 1 ano.
Quando o paciente perde todos os pelos do corpo, a terapêutica é prolongada, e muitas vezes é necessário lançar mão de mais de um tipo de tratamento e de medicações sistêmicas.
Alopecia areata desencadeada por estresse
Na dermatologia, existem doenças em que o estresse serve como um gatilho e dispara os sintomas delas, apesar de são causá-las.
Alguns pacientes são impactados pela doença quando estão mais estressados, ou com algum outro problema emocional ou de saúde (como pneumonia ou internação por apendicite).
Diagnóstico da alopecia areata
É importante procurar um médico, pois a alopecia areata não é a única enfermidade que causa queda ou falhas no cabelo, outras doenças infecciosas, como a sífilis ou algumas micoses no couro cabeludo, também o fazem.
O dermatologista, que é especializado na pele, nos cabelos e nas unhas dos humanos, é o melhor médico para diagnosticar a doença. Pode ser feito um exame chamado tricoscopia: com uma lente especial sobre a pele do paciente, o dermatologista visualiza alterações nos fios que sugerem o diagnóstico.
Existem pacientes em que o diagnóstico pode ser mais difícil, sendo possível lançar mão de uma biópsia, procedimento feito no próprio consultório.
Tratamento da alopecia areata
Existem vários tipos de tratamentos para a alopecia areata, e vários fatores levados em conta escolha na hora da escolha, um deles é a idade. Quando o paciente é muito novo e não tem a percepção da doença, pode-se postergar a terapêutica. Crianças normalmente não gostam de injeção, e um dos tratamentos possíveis (e um dos mais eficazes para a alopecia areata em placa) são as aplicações de corticoides intralesional, local e em dose baixa. Normalmente tem ótimos resultados e o paciente repila muito rápido. A aplicação é feita diretamente no couro cabeludo, onde existem as falhas. Juntamente com as injeções, podem ser utilizados cremes e loções.
Quando o paciente tem uma placa única de alopecia areata, o dermatologista trata-a e o cabelo volta a crescer, porém, isso não quer dizer que a melhora será definitiva, pois a doença é incurável. Não há como saber depois de quanto tempo o paciente precisará de uma nova aplicação. Normalmente o dermatologista faz uma aplicação, reavalia o paciente depois de 1 mês a 1 mês e meio, e julga se é necessária outra aplicação.
Em pacientes idosos, que são mais frágeis, e a maioria usa muitos remédios, não é possível utilizar medicações muito agressivas, também para evitar a interação medicamentosa.
Quando a doença é mais injuriosa e a pessoa perde todos os cabelos, normalmente é necessário administrar medicação sistêmica, para controlar o sistema imune que está desregulado.
Qualquer medicação tem efeitos colaterais. Quando o médico prescreve a medicação, acredita que tomando-a o paciente terá mais chances de ter benefícios do que malefícios. Ainda assim, é necessário fazer exames e ter acompanhamento médico. No primeiro sinal de problema, o médico troca a medicação.
O melhor tratamento é aquele em que o paciente se sente bem, ademais, ele pode optar por não tratar a alopecia areata.
A alopecia areata é um tipo de alopecia não cicatricial, em que o folículo capilar não é destruído. Pacientes que estão há bastante tempo tratando a doença, podem interromper o tratamento e retomá-lo depois, consultando antes opinião médica, pois muitas medicações não podem ser interrompidas de uma só vez. Se posteriormente o paciente voltar a se tratar, ele não terá prejuízo no prognóstico e tem chance de repilar novamente.
Implante capilar
Normalmente, na alopecia areata, o implante capilar não é uma opção terapêutica como na alopecia androgenética. Para realizar o procedimento, o paciente precisa ter uma área doadora de cabelos, o que priva quem perdeu todo o cabelo. Além disso, ao transplantar o cabelo de uma área para outra, a alopecia areata poderá atacar o folículo capilar transplantado e o cabelo cair novamente.
Artifícios cosméticos para a alopecia areata
Às vezes quando a queda de cabelo é grave e o tratamento é demorado, o paciente pode lançar mão de artifícios que podem melhorar muito a autoestima dele, como perucas ou próteses capilares – que são como perucas, mas muito delicadas e discretas.
Para quem perdeu parte das sobrancelhas, também existem próteses, que são como adesivos finos que têm pelos naturais e são colados na região, ficando praticamente inaparentes.
Quando o pelo volta a crescer, alguns nascem brancos e depois voltam à pigmentação normal. Quando o pelo está despigmentado, de longe, às vezes é difícil de ser notado. Nesses casos, pode-se utilizar rímeis (como o de cílios) com maior duração.
Existem também próteses localizadas, pequenas, que podem ser coladas nas áreas com ausência de pelos para disfarça-las.
O custo de uma peruca difere do de uma prótese capilar. A primeira custa em torno de R$250,00, a segunda é geralmente mais cara.
Grupos de apoio
Às vezes o paciente pensa que a enfermidade só aflige ele, mas é importante para o psicológico dele compartilhar experiências e resultados no tratamento da doença com outros portadores dela.
Existem grupos no Facebook, como o Alopecia Areata Brasil, em que pacientes dão depoimentos. Existem também grupos de apoio que fazem reuniões mensais ou anuais em todo o Brasil.
Principais dúvidas sobre a alopecia areata
A alopecia areata é contagiosa?
A alopecia areata não é contagiosa e qualquer pessoa pode tê-la, além do mais ela tem um componente genético: se o paciente tem um membro na família com a doença, ou com outras autoimunes, a chance dele ter alopecia areata é maior.
Quando surge a alopecia areata?
A alopecia areata pode surgir em qualquer fase da vida. Em torno de 20% dos pacientes são pediátricos. Até 60% dos pacientes tem a primeira manifestação da doença antes dos 20 anos de idade. Ela pode surgir em indivíduos com 40, 50, 60 anos.